quinta-feira, 3 de setembro de 2020

O DIÁRIO DE ANNE FRANK, Anne Frank

"Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta. Mas pergunto-me: escreverei alguma vez coisa de importância? Virei a ser jornalista ou escritora? Espero que sim, espero-o de todo o meu coração! Ao escrever sei esclarecer tudo, os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias."













Editora: Principis | Páginas: 224 | Ano: 2020 | 6ª Edição | Biografia

   Quantas e mais quantas resenhas foram escritas sobre Anne Frank ao longo dos anos? Não é difícil de se justificar a curiosidade e a empatia despertada por uma garota judia de 13 anos mostrando a sua visão crua do Holocausto e a maneira como isso afetou a sua vida. Eu não sou uma leitora de biografias e esse ano quis incluir livros do gênero em minhas leituras, por que não começar com uma que está constantemente na lista dos mais vendidos?

  Anne Frank nasceu na Alemanha e se mudou para a Holanda com sua família que buscava se afastar da perseguição de Hitler que começara a difundir seus ideais e iniciara uma Guerra que viria a se tornar uma missão de extermínio. Sua vida na Holanda era confortável, mas, pouco a pouco, Anne via sua liberdade ser tomada. Não podiam frequentar qualquer loja e até mesmo o acesso à educação lhe foi restrito, podendo frequentar apenas a escola judaica. Conforme a situação piora, a Otto Frank, pai de Anne, decide que eles estariam mais seguros em um esconderijo, o que os leva ao Anexo da empresa da qual Otto era sócio e é lá que eles passam a viver ao lado da família Van Daan¹.
Ao todo, oito pessoas viviam no Anexo. O casal Frank e suas filhas Anne e Margot, o casal Van Daan e seu filho Peter e um dentista conhecido das famílias, que foi acolhido por eles ainda no primeiro ano de cativeiro. 


"Saia e tente recapturar a felicidade que há dentro de você; pense na beleza que há em você e em tudo ao seu redor, e seja feliz."

   Observamos todo o desenrolar através de sua escrita em um diário que ganhara pouco antes de ser privada de sua liberdade. Nele, Anne expõe desde coisas banais do cotidiano aos seus pensamentos e sentimentos mais profundos, mesmo aqueles dos quais ela se envergonha. Também é, através de suas palavras, que podemos ter uma visão de como era estar na situação de medo constante, miséria e sentimento de injustiça em que se encontravam os fugitivos das ideologias absurdas do Nazismo.

"Eu simplesmente não posso construir as minhas esperanças baseadas em confusão, miséria e morte. Eu penso que a paz e a tranquilidade irão voltar de novo."

  Muitas das passagens descritas por ela são em torno do seu relacionamento difícil com a mãe, com quem não se identificava muito e entrava em constante conflito. Também é muito fácil conhecer os outros moradores do Anexo, os quais ela descreve com frequência, falando sobre suas atitudes, formas de pensar, brigas e reconciliações. Também podemos ver um pouco sobre as pessoas que os ajudaram durante os dois anos reclusos e é doloroso perceber que se encontraram naquela situação por pura ignorância e maldade humana.

    Anne Frank tem uma escrita incrível e percebe-se o quanto se dedicava ao ato de escrever. É uma inspiração para qualquer um que sonhe em se tornar um escritor ou mesmo alguém que simpatize com o mesmo amor que ela tinha pelas palavras postas em papel. Cada momento em que ela descrevia suas esperanças e planos para o futuro me enchia de angústia por saber o final dessa história que, infelizmente, não poderia ser modificado por frases escritas em um livro. É lindo o quanto uma adolescente me inspirou a querer ser melhor do que sou hoje. 

"Não é incrível que ninguém precise esperar o momento certo para começar a melhorar o mundo?"

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¹Van Daan sob pseudônimo para representar a família Van Pel

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