PROCURO: Pessoas que me ensinem como superar o fato de que Daisy Jones and The Six não são uma banda real.
Esse ano, conforme começava a adentrar no mundo dos Bookstagrans,
observei uma grande euforia em torno das obras de Taylor Jenkins Reid. Não dei
muita bola, sempre na tendência a fugir dos livros que se tornam muito
populares tão rapidamente. Não esperava, no entanto, que Taylor entraria para a
lista dos meus autores favoritos. Após me apaixonar por Evelyn Hugo e iniciar
uma busca fracassada de encontrar livros que me fizessem me apaixonar tanto
quanto a primeira obra que consumi da escritora, me rendi, finalmente, à Daisy
Jones & The Six e, cara... Nem sei muito bem como continuar esse post sem
parecer fanática.
Editora: Paralela | Páginas: 409 | 2019 | 1ª Edição | Ficção; Romance
"É isso o que todo mundo quer da arte, não? Ver alguém expor os sentimentos que existem dentro de nós. Arrancar um pedaço do seu coração e mostrar para você. É como ser apresentado a uma nova faceta sua."
O livro narra a trajetória de Daisy Jones e da banda The Six em um formato diferenciado: é como se todo o livro fosse parte de uma grande entrevista em que todos os envolvidos com a banda dão o seu ponto de vista de diversos acontecimentos e assim vão construindo a história. Confesso que em um primeiro momento esse formato me pareceu desgastante e achei que a leitura não ia engrenar. Como eu estava enganada! Ao fim do primeiro capítulo, a narrativa dos personagens já está tão entrosada que é impossível desgrudar das páginas sem saber o que virá a seguir.
"Em algum momento, é preciso reconhecer que não dá para controlar o que os outros fazem, e que dar um passo e se preparar para amparar a pessoa quando ela cair é o máximo que você pode fazer."
A obra de Taylor apresenta questões bastante profundas em um contexto que poderia parecer apenas diversão e fama. Logo de início, já percebemos o quanto o abuso de drogas e álcool interferem nas carreiras e nas vidas pessoais dos personagens. A autora apresenta a questão do vício de uma maneira bastante crua, principalmente em Billy, mostrando que buscar tratamento e redenção pode ser uma luta diária e que a negação pode ser o combustível para o desastre.
"Teve um dia que Graham sentou na beirada da parte mais funda. Nessa época ele ainda não sabia nadar. Eu estava de pé do lado dele, e ouvi uma voz na minha cabeça dizer: Não tem nada que me impeça de dar um empurrão nele. E esse pensamento me deixou apavorado. Não porque eu queria empurrá-lo. Eu nunca faria isso, mas… o mais assustador era que a única coisa que separava um momento de tranquilidade da maior tragédia da minha vida era uma simples escolha de não fazer aquilo."
Me impressiono com a capacidade de Jenkins criar personagens tão viscerais, tão reais. Suas personalidades e vidas são muito palpáveis e por vezes é difícil acreditar que não são pessoas que realmente existiram (o que me corta o coração porque tudo que eu queria era correr para o Youtube e ouvir Regret me ou This could get Ugly e essa foi minha única decepção). Talvez o que eu tenha gostado mais tenha sido o modelo de narrativa, uma vez que isso abre uma possibilidade gigantesca de pontos de vista. Por mais que você leia certas coisas e pense "isso é meio absurdo", é muito fácil observar que é apenas a visão pessoal do personagem e não um posicionamento da autora, o que dá liberdade para que surjam características muito humanas, dotando os protagonistas de qualidades, defeitos e sentimentos muito verdadeiros e, muitas vezes, confusos e perturbadores. Como superar esse impacto?
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