quinta-feira, 18 de março de 2021

O MARTELO DAS FEITICEIRAS, Andrei Fernandes

Editora: Penumbra Livros | Páginas: 556 | Ano: 2019 | 1ª Edição | Fantasia

O Martelo das Feiticeiras é o segundo livro da trilogia Demônios, Bruxas e Vagantes. Sucessor de Kalciferum e de autoria do brasileiro Andrei Fernandes, o livro retoma a narrativa em torno de Rafael, um humano que acaba por se envolver em um universo sobrenatural do qual nunca poderia imaginar a existência e se vê imerso em uma série de problemas desde que o demônio Cal o manipulara a assinar um contrato estabelecendo um vínculo entre eles.

O livro de número 2 nos apresenta um protagonista um tanto alheio aos acontecimentos do primeiro volume. Enquanto tenta levar uma vida normal na direção da empresa que herdara de um pai que nem sabia existir, o personagem passa por um processo de redescoberta do oculto e, no resgate dessas memórias, acaba por, mais uma vez, se ver usado para interesses demoníacos, além de enfrentar seus próprios desafios frente às três misteriosas ordálias que é condenado a encarar após acusações que sofre de uma organização de magistas encarregada de manter o equilíbrio. 

"Ao que parecia, Rafael era naquele momento, para todos os efeitos, um aprendiz de mago"

O início da obra me pegou demais. Lá pelos 30% eu estava extremamente imersa na narrativa de Andrei e empolgada com a evolução da escrita de um volume para o outro. Porém, daí para frente deu uma esfriada, empaquei e só consegui retomar o ritmo por volta da página 400. Talvez seja a presença menos frequente de Cal – que, francamente, rouba a cena no primeiro – ou a falta de conexão com Rafael, algo que foi muito rico em Kalciferum já que o personagem era muito “gente como a gente”, mas o que me desacelerou mesmo na leitura foi a falta de ação. No anterior, concluí a leitura com a cabeça girando de tantas cenas eletrizantes e isso me fez falta na sequência. Pelo meio, me peguei pensando que O Martelo das Feiticeiras teria sido muito mais bem aproveitado se dividido em dois. O autor traz muitas informações interessantes em torno da magia e não posso dizer que tenha sido mal explicado, apenas longo demais.

O desenvolvimento do protagonista, apesar das minhas considerações, foi excelente. Vemos um crescimento nítido no personagem e outras camadas são adicionadas além da imagem de humano arrastado para o sobrenatural. Gostei de como Andrei retratou seus ataques de pânico, mostrando que esses são, muitas vezes, mais assustadores que qualquer demônio. Os personagens secundários são menos desenvolvidos, no entanto. Gostaria de ter visto muito mais da jornada de Isabela e, também, do próprio Cal, que mostrou objetivos muito mais amplos do que deixara transparecer.

"Escolhas fortes são necessárias para conflitos perigosos. O que você espera acontecer? Vai levando em banho maria até se queimar?"

Ainda aguardo um terceiro volume na expectativa de ver a resolução e revelação de alguns plots que ficaram em aberto e que, a meu ver, têm muito potencial para o encerramento da trilogia.

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