“Mas é assim que você caminha até o fim do mundo. É assim que você vive para sempre. Aqui está um dia, e aqui está o próximo, e o próximo, e você pega o que pode, saboreia cada segundo roubado, agarra-se a cada momento, até que acabe.”
Sinopse: França: 1714. Addie LaRue não queria pertencer a ninguém ou a lugar nenhum. Em um momento de desespero, a jovem faz um pacto: a vida eterna, sob a condição de ser esquecida por quem a conhecer. Um piscar de olhos, e, como um sopro, Addie se vai. Uma virada de costas, e sua existência se dissipa na memória de todos.
Após tanto tempo vivendo uma existência deslumbrante, aproveitando a vida de todas as formas, fazendo uso de tantos artifícios quanto fosse possível e viajando pelo tempo e espaço, através dos séculos e continentes, da história e da arte, Addie entende seus limites e descobre ― apesar de fadada ao esquecimento ― até onde é capaz de ir para deixar sua marca no mundo.
Trezentos anos depois, em uma livraria, um acontecimento inesperado: Addie LaRue esbarra com um rapaz. Ele enuncia cinco palavras. Cinco palavras capazes de colocar a vida que conhecia abaixo: Eu me lembro de você.
Sempre que falamos sobre livros hypados esbarramos na dificuldade de tecer uma opinião que não seja, em grande parte, influenciada pelas opiniões de outras pessoas. Addie LaRue chegou a mim como um livro muito criticado e abandonado com os argumentos de narrativa lenta. Preciso concordar que não é o tipo de livro que devoro em poucos dias, mas isso não quer dizer que seja um ponto negativo.
A narrativa de V. E. Schwab tem um tom um tanto poético. De início, o desespero de Addie pela liberdade e para não se ver presa a um casamento e uma vida que nunca desejou é muito palpável, assim como a sua melancolia constante após o pacto que a coloca como alguém que, de várias formas, nem existe. As relações que a protagonista constrói com as sombras e com Henry me pareceram muito como dois lados de uma mesma moeda. Luc a acompanha durante séculos e Addie cria um tipo de laço porque ele é o único que se lembra dela. Da mesma maneira, quando conhece Henry, fica subentendido o tempo todo que a personagem amava mais a ideia de ser lembrada do que a ele. É óbvio que as personalidades são completamente diferentes Henry, apesar de ter seu próprio mistério, é adorável, inteligente e muito humano, em um sentido amplo da palavra. Luc é manipulador e perigoso, vestindo uma máscara de sedução e carisma para conseguir fazer com que Addie se renda a seus termos.
O romance, no entanto, foi o que menos me interessou na história. A autora consegue despertar no leitor a reflexão constante sobre a condição de Addie. Gostei demais de tê-la retratado como inspiradora de várias obras artísticas ao longo da História e de introduzir esse questionamento de que a inspiração, as ideias são mais fortes do que simples imagens e memórias. A própria História da humanidade fica como ponto de reflexão, uma vez que o que sabemos hoje foi registrado de alguma maneira, mas há um tanto de vida, talento e beleza que já passou pela Terra e nunca saberemos, pois não deixou sua marca.
Talvez o detalhamento da ambientação e dos pensamentos de Addie seja o que faz muitos desistirem da leitura e acharem cansativa. Para mim, essa é uma das grandes qualidades do livro e a dedicação que Schwab colocou na escrita é o que o torna único.




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