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sábado, 12 de dezembro de 2020

KALCIFERUM, Andrei Fernandes


Editora: Penumbra Livros | Páginas: 332 | Ano: 2019 | 2ª Edição | Fantasia

Trombei com Kalciferum enquanto procurava eBooks gratuitos no Kindle e decidi dar uma chance a essa leitura porque adorei essa capa e a sinopse me deixou bastante curiosa sobre a fantasia criada por Andrei Fernandes. 

"No final de sua vida, vai olhar para trás e vai perceber que todos os nós que fez pelos anos o levaram para o único e óbvio caminho."

A obra apresenta Rafael, um jovem que está no fundo do poço, perdeu a mãe recentemente e está vivendo à base de seu seguro desemprego que está prestes a vencer. Desconcertado com essa situação, o personagem conhece sua nova vizinha Ariane com quem simpatiza de cara, mas que ao oferecê-lo uma leitura de tarô revela que a sua vida está prestes a passar por reviravoltas que estarão ligadas diretamente às suas escolhas. Os acontecimentos seguintes levam Rafael a fazer as escolha de trabalhar em uma grande empresa na cidade de São Paulo, onde vive e lá ele conhece Cal, um estagiário um tanto mal educado que posteriormente se revela como um demônio. A situação toda não só revela para Rafael a existência de um mundo sobrenatural oculto, como também o arrasta para dentro dele no momento em que Cal o manipula a assinar um contrato que liga os dois.

Acho um tanto difícil de descrever Kalciferum porque são muitos acontecimentos dentro de uma única narrativa. O livro é muito divertido e carregado de muitas cenas de ação e criaturas sobrenaturais. Rafael passa muita verdade, sua situação financeira representa a situação de muitos brasileiros, no entanto, o autor consegue criar essa ambientação sem tornar tudo triste e arrastado, dando a sensação de que o protagonista está rindo da própria desgraça. Andrei enriquece a história com diversos seres sobrenaturais inimagináveis, repleto de diversos tipos de demônios, bruxas e diferentes mitos, o livro não se torna maçante e é muito fácil devorar suas páginas enquanto Rafael adentra no mundo oculto e enfrenta diversos imprevistos.

A criatividade de Andrei Fernandes é um presente para a Literatura Fantástica brasileira. Fiquei impressionada com o quão distante sua capacidade imaginativa foi para abranger e interligar tantas mitologias em uma única obra. Só gostaria que ele tivesse aprofundado um pouco melhor os personagens secundários, alguns parecem ser representações muito vazias e as emoções são pouco reais, difícil se conectar com seus sentimentos. No mais, uma grande estreia para o autor e uma leitura imersiva bastante interessante e que apresenta um demônio bastante sarcástico e enigmático que rouba a cena mesmo com toda a sua discrição. 

quinta-feira, 18 de março de 2021

O MARTELO DAS FEITICEIRAS, Andrei Fernandes

Editora: Penumbra Livros | Páginas: 556 | Ano: 2019 | 1ª Edição | Fantasia

O Martelo das Feiticeiras é o segundo livro da trilogia Demônios, Bruxas e Vagantes. Sucessor de Kalciferum e de autoria do brasileiro Andrei Fernandes, o livro retoma a narrativa em torno de Rafael, um humano que acaba por se envolver em um universo sobrenatural do qual nunca poderia imaginar a existência e se vê imerso em uma série de problemas desde que o demônio Cal o manipulara a assinar um contrato estabelecendo um vínculo entre eles.

O livro de número 2 nos apresenta um protagonista um tanto alheio aos acontecimentos do primeiro volume. Enquanto tenta levar uma vida normal na direção da empresa que herdara de um pai que nem sabia existir, o personagem passa por um processo de redescoberta do oculto e, no resgate dessas memórias, acaba por, mais uma vez, se ver usado para interesses demoníacos, além de enfrentar seus próprios desafios frente às três misteriosas ordálias que é condenado a encarar após acusações que sofre de uma organização de magistas encarregada de manter o equilíbrio. 

"Ao que parecia, Rafael era naquele momento, para todos os efeitos, um aprendiz de mago"

O início da obra me pegou demais. Lá pelos 30% eu estava extremamente imersa na narrativa de Andrei e empolgada com a evolução da escrita de um volume para o outro. Porém, daí para frente deu uma esfriada, empaquei e só consegui retomar o ritmo por volta da página 400. Talvez seja a presença menos frequente de Cal – que, francamente, rouba a cena no primeiro – ou a falta de conexão com Rafael, algo que foi muito rico em Kalciferum já que o personagem era muito “gente como a gente”, mas o que me desacelerou mesmo na leitura foi a falta de ação. No anterior, concluí a leitura com a cabeça girando de tantas cenas eletrizantes e isso me fez falta na sequência. Pelo meio, me peguei pensando que O Martelo das Feiticeiras teria sido muito mais bem aproveitado se dividido em dois. O autor traz muitas informações interessantes em torno da magia e não posso dizer que tenha sido mal explicado, apenas longo demais.

O desenvolvimento do protagonista, apesar das minhas considerações, foi excelente. Vemos um crescimento nítido no personagem e outras camadas são adicionadas além da imagem de humano arrastado para o sobrenatural. Gostei de como Andrei retratou seus ataques de pânico, mostrando que esses são, muitas vezes, mais assustadores que qualquer demônio. Os personagens secundários são menos desenvolvidos, no entanto. Gostaria de ter visto muito mais da jornada de Isabela e, também, do próprio Cal, que mostrou objetivos muito mais amplos do que deixara transparecer.

"Escolhas fortes são necessárias para conflitos perigosos. O que você espera acontecer? Vai levando em banho maria até se queimar?"

Ainda aguardo um terceiro volume na expectativa de ver a resolução e revelação de alguns plots que ficaram em aberto e que, a meu ver, têm muito potencial para o encerramento da trilogia.