"Era triste ouvir que um dinossauro criado em sua mente poderia entendê-la melhor que eu, mas eu aceitava, pois somente estando dentro de sua mente para saber o que ela realmente queria. Como ele foi criado por ela, ele teria as palavras certas. Já eu, nem sempre."
"As gêmeas Claire e Hazel McQueen tinham tudo para ter uma vida normal na linda cidade portuária de Silent Rocks. No entanto, as coisas fugiram um pouco da normalidade para sua família quando os amigos imaginários da infância de Hazel continuaram presentes à medida que ela crescia, levantando suspeitas em relação à sua sanidade mental.
Desgastes familiares, uma confusão em um evento importante, seguido pelo afastamento dos amigos, fez com que a família desse início a uma busca incansável por um diagnóstico.
Contudo, as coisas pioram quando Hazel descobre que a irmã vai embora da cidade para cursar biologia marinha e passa a acreditar piamente estar vivendo um romance com um tritão.
Claire precisa ter certeza de que a irmã ficará bem durante a sua ausência e vai contar com a ajuda de Alex, um amigo de infância que sempre foi apaixonado por Hazel."
Editora: Independente | Páginas: 176 | 2020 | 1ª Edição | Fantasia
Pensei muito antes de trazer a resenha dessa obra para o blog. Me faltavam - e ainda faltam - as palavras para descrever a sensibilidade de Juliana Cherni ao apresentar Claire e Hazel.
A narrativa de Cherni nos apresenta às gêmeas McQueen, inseridas em uma sociedade superficial e com uma mãe que de tudo fazia para se encaixar em meio às mulheres da alta sociedade, deixando as necessidades das filhas em segundo plano e negligenciando, principalmente, Hazel, que mostrava necessitar de uma atenção especial. Desde o início da narrativa , percebemos o quanto Claire é prejudicada nessa relação, uma vez que acaba por se tornar uma substituta para a mãe nos cuidados de Hazel e, dentre todos os acontecimentos constrangedores pelos quais passam, as gêmeas acabam por encarar o lado mais sujo da humanidade: o preconceito.
A obra é carregada de emoções e eu perdi a conta de quantas vezes cheguei às lágrimas. Observar tudo da perspectiva de Claire revela o amor gigantesco que ela sente pela irmã, além de nos conectar com seus sentimentos e perceber que, mesmo tendo que abrir mão de uma vida normal, ela faria tudo de novo e de novo para proteger sua gêmea. E não é que a vida delas não pudesse ser normal, poderiam facilmente conviver nos círculos sociais, cultivando amigos e aproveitando de tudo que Silent Rocks tinha para oferecer. O que as impedia era todo o julgamento que Hazel recebia, sendo tratada, frequentemente, como louca e recebendo diversos tipos de agressão pelo simples fato de ser diferente dos demais.
"Muitas vezes não nos damos conta do tempo que temos pela frente. Não faz ideia de quantas pessoas você irá conhecer e quantas ainda irão te decepcionar. Nunca mendigue atenção daqueles que não valem a pena, pois você sabe seu valor. Aqueles que conseguirem enxergar isso, farão de tudo para ficar ao seu lado."
Apesar de ser um livro de fantasia, esses elementos fantásticos estão, na maior parte do tempo, dentro da cabeça de Hazel. É emocionante e tocante a maneira que ela encontra de se refugiar dos ataques que sofre. Insisto em refletir se a vida das duas poderia ter sido diferente se elas tivessem sido acolhidas por todos como foram por alguns personagens que surgiram pelo meio do caminho. Gostaria que o final tivesse tomado um rumo diferente, no entanto, mas entendo a intenção da autora de abraçar o mundo de fantasia daqueles que são como Hazel. Castelo das Águas é a representação de como uma vida pode ser destruída pelo bullying e pelo preconceito, mas também pode ser definido como uma lição de abnegação, empatia e de verdadeiro amor.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários preconceituosos, desrespeitosos ou que apresentem qualquer tipo de postura agressiva serão deletados.