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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

A PRISÃO DO REI, Victoria Aveyard

"Raios crepitando do céu mantêm os piores afastados, formando um círculo de proteção à minha volta. De fora, parece uma jaula de eletricidade, mas é uma jaula que eu mesma criei. Que eu mesma controlo. Duvido que algum rei possa me colocar em uma jaula agora."
Editora: Seguinte | Páginas: 544 | Ano: 2017 | 1ª Edição | eBook | Distopia | Livro 3

Quero dizer, antes de qualquer coisa, que Victoria Aveyard sabe me prender na sua narrativa. Eu tinha todo um cronograma de leituras e o final de Espada de Vidro me fez quebrar todo o planejamento e seguir para a leitura do terceiro livro da série A Rainha Vermelha. Se você não leu os anteriores, pare por aqui para não receber spoiler dos dois primeiros livros.

"Agora, estou na prisão do rei. Mas ele também está. Minhas correntes são as Pedras Silenciosas. As dele são a coroa".

A essa altura da história, Mare tomou algumas decisões que a colocaram diretamente nas mãos de Maven. A protagonista acaba por se tornar prisioneira, sendo usada como um peão nas ambições do rei que segue manipulando as informações a fim de virar o povo de Norta contra a Guarda Escarlate. Apesar desses esforços, a rebelião avança, enquanto Mare, sem nenhuma informação do mundo exterior além de pequenos boatos, busca uma maneira de escapar, seja na fuga forçada ou em descobrir pequenas fragilidades na mente e nos planos de Maven que poderiam ser usadas a seu favor. 

"Se continuar aqui, vou ter que passar o resto da vida alguns passos atrás de Maven, vendo seus olhos assombrados, as partes que lhe faltam e o ódio que sente por todas as pessoas deste mundo— todas as pessoas menos…"

O ritmo da obra é um tanto monótono até a metade do livro. Acompanhamos as tentativas de Mare de compreender o que há por trás dos pensamentos de Maven e todo o sofrimento que ela passa tendo seu poder reprimido por algemas de pedra silenciosa e por seus guardas silenciadores. Apesar da pouca ação na primeira metade, a história não deixa de ser interessante, revelando aspectos do rei e de Norta que não haviam sido explorados nos livros anteriores. 

No terceiro volume, Mare consegue finalmente enfrentar seus demônios interiores e compreender o quanto seus pensamentos egoístas a colocaram nessa posição. O medo de se tornar mais um monstro a faz enfrentar o fato de que ela se afastou de todas as pessoas em quem deveria confiar e que, nesse momento, ela se encontra tão solitária quando Maven. 

"Os olhos dele, os olhos dela, os olhos que eu conhecia e os olhos que nunca teria como conhecer. Parecem os mesmos agora, ardentes como um fogo gelado, ameaçando me consumir."

Ainda que a garota elétrica imagine ter se livrado de Elara, a Rainha continua presente na mente do rei, tendo o manipulado a tal ponto que fica difícil compreender o quanto dos pensamentos de Maven são realmente dele. Percebemos que há muitas nuances em sua personalidade e que a única coisa que resta do menino que Mare conheceu é o amor que ele sente por ela, transformado em obsessão. Toda a profundidade do antagonista é o que torna o livro tão interessante. Eu diria que o rei é o personagem mais complexo e interessante de toda a série e é, de longe, o meu favorito. Victoria consegue construí-lo e trazer a compreensão de suas motivações sem que seus atos sejam justificáveis. 

"Estou sozinha; com medo; sou egoísta. Me sinto esvaziada pela Pedra Silenciosa e pelos meses que passei aqui, no fio da navalha outra vez. Seria tão fácil deixar que as partes quebradas de mim caíssem. Seria tão fácil deixá-lo me montar de novo como bem entender. Talvez, em alguns anos, nem pareça mais uma prisão."

Algo que nunca muda nessa narrativa é que "todo mundo pode trair todo mundo". A segunda metade do livro revela o quanto a Guarda Escarlate se expandiu e se organizou no período em que Mare esteve presa. Alianças inesperadas se formam para lhe devolver a liberdade e a obra começa a desenvolver mais ação e acelerar o ritmo novamente. 

Mais uma vez, os personagens secundários oferecem destaque e são muito bem representados. Alguns capítulos, inclusive, são narrados por Cameron e Evangeline, oferecendo um ponto de vista completamente diferente dos acontecimentos. Esses capítulos foram essenciais para que as operações da Guarda não ficassem completamente ocultas do leitor e também para preparar o terreno para o desfecho que, mais uma vez, me fez querer correr para o próximo volume. 

Victoria não falhou no desenvolvimento da história. Finalmente conseguimos ver uma evolução em Mare e em outros personagens que não haviam sido muito aprofundados anteriormente, como Evangeline e saber mais sobre outros detalhes importantes como o povo de Lakeland, com quem Norta estava em guerra - apesar desse último não ter sido muito aproveitado. As Casas da Corte também aparecem mais e há uma maior exploração dos poderes que as compõe, ainda que eles não sejam lá surpreendentes. Mesmo com as abordagens de sentimentos e um certo desenvolvimento de romance, o foco na revolução não se perde e esse é o grande ponto alto da série de Aveyard, a autora tem um dom para descrever as cenas de ação.

Essa é nossa bandeira, nossa rebelião, nossa promessa. Nós nos levantamos contra o poder de Maven Calore e seu trono perverso.

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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

ESPADA DE VIDRO, Victoria Aveyard

 "Se sou uma espada, sou uma espada de vidro, e já me sinto prestes a estilhaçar"

Editora: Seguinte | Páginas: 496 | Ano: 2016 | 1ª Edição | eBook |Distopia

Eu tenho zero estrutura para descrever o que foi a experiência de ler Espada de Vidro. Como mencionei na resenha de A Rainha Vermelha, relutei bastante em ler a série criada por Victoria Aveyard, mas preciso admitir que se tornou uma das minhas favoritas até agora.

"— Atenha-se ao seu destino, Mare Barrow.
— Que é?
— Se levantar. E se levantar sozinha.— As palavras ressoam como o uivo de um lobo.— Vejo o que você pode se tornar: não apenas um relâmpago, mas uma tempestade. A tempestade que vai engolir o mundo inteiro."

Após o gigantesco plot twist que foi o final do primeiro livro, Espada de Vidro nos coloca diante das consequências da traição de Maven. Mare está prestes a descobrir que a Guarda Escarlate é infinitamente mais complexa do que imaginava e começa a ver o seu destino entrelaçado à revolução Vermelha irremediavelmente.

"Nos últimos dias, acordei numa cela de prisão e depois num trem. Agora num barco subaquático. Onde vou acordar amanhã?"

Apesar da Guarda estar, finalmente, tomando forma para Mare, seus questionamentos e sentimentos em torno de Cal a levam a tomar atitudes em sua defesa que acabam levando-a mais uma vez a uma prisão que mina seus poderes. O desenrolar dos fatos resulta em uma fuga que a coloca mais uma vez ao lado de aliados inesperados. Dessa vez, a Garota Elétrica parte em busca dos Sangue-novos, os vermelhos dotados de poderes, listados por Julian, e só pode torcer para encontrá-los antes de Maven para que possam viver e se unir à Guarda Escarlate, formando um exército poderoso como jamais visto. 

"TODO MUNDO PODE TRAIR TODO MUNDO"

Mesmo se vendo ao lado de pessoas que ama e deveria confiar, Mare não consegue abrir mão da sensação de que será traída mais uma vez. Chega a ser frustrante acompanhar a sua trajetória e assistir enquanto ela afasta e magoa pessoas que estão fazendo de tudo para apoiar suas decisões. Posso dizer que Espada de Vidro não traz uma evolução da personagem que conhecemos em A Rainha Vermelha, muito pelo contrário, Mare afunda cada vez mais em seus questionamentos, em sua raiva e no rancor de ver tudo ser tirado dela. Suas ações se tornam extremistas e ela mostra estar disposta a fazer qualquer coisa que for necessária para cumprir o seu objetivo e proteger aqueles que ama, mesmo que isso signifique se manter distante dos seus sentimentos e apagar os cadáveres que deixou para trás. 

"— Ninguém nasce mau, assim como ninguém nasce sozinho. As pessoas se tornam más e solitárias, por escolha e circunstância. Esta última você não pode controlar, mas a primeira…"

Estou escrevendo segurando a ansiedade para ler o próximo volume. Aveyard entrega uma leitura cheia de ação e completamente diferente do que eu esperava para essa sequência. Os personagens secundários são intrigantes e não são facilmente ofuscados pelo protagonismo de Mare, embora sua insegurança nos faça questionar constantemente se entre eles há um traidor. Minha única observação negativa é que em algum momento pelo meio do livro a narrativa se torna um pouco cansativa na busca dos Sangue-novos e a leitura acaba se arrastando um pouco. Adorei a maneira como a autora constrói os acontecimentos do livro sem tirar o foco da guerra que se anuncia, sem inserir muito romance ou distrações excessivas do verdadeiro foco. O final me dilacerou, então, preparem-se! 

"Norta vai cair, e vamos nos levantar, vermelhos como a aurora."

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terça-feira, 12 de maio de 2020

FINALMENTE LI "A RAINHA VERMELHA"

"VEJO UM MUNDO NA CORDA BAMBA. SEM EQUILÍBRIO, ELE CAI"


Editora: Seguinte | Páginas: 399 (ebook) | Ano: 2015 | 1ª Edição | Ação e Aventura

    A Rainha Vermelha (Red Queen no original) é o primeiro de uma série de livros da autora norte-americana Victoria Aveyard. Lançado em 2015, é o livro de estreia da escritora e foi traduzido para 41 idiomas e arrebatou milhares de leitores desde sua publicação.

    Acompanhamos, a partir do livro, a trajetória de Mare em um mundo dividido em que vermelhos são subjugados, enquanto prateados detém o poder, não só da sociedade, mas também em diversas manifestações de dons extraordinários que vão desde manipulação de fogo à própria manipulação mental. Nesse cenário, Mare é uma vermelha que vive à sombra do momento em que será recrutada para o exército, assim como seus irmãos mais velhos. Entre tentar evitar o recrutamento de seu amigo mais próximo e, também, o próprio, Mare se vê em meio  a prateados e todo o seu sistema de governo que vem sendo ameaçado por ataques rebeldes de vermelhos que se denominam Guarda Escarlate. Como se não bastasse, Mare descobre poderes que não deveriam ser dons de vermelhos e isso pode ser a sua ruína. 


    Preciso ser honesta e dizer que não li A Rainha Vermelha antes por puro receio, talvez ciúme, de que fosse apenas uma nova versão de A Seleção (Kiera Cass).Tive uma surpresa agradável ao descobrir que apesar das comparações e das semelhanças - comuns em distopias - os livros não tem nada de muito igual, além da luta por uma sociedade mais justa. Não posso deixar de notar que as questões de igualdade pautadas pelo livro são muito atuais e uma reflexão necessária, principalmente nesses tempos de pandemia em que as desigualdades sociais ficaram ainda mais evidentes.
  Victoria Aveyard traz uma leitura magnética, os acontecimentos seguidos e surpreendentes me fizeram querer devorar cada página, buscar as respostas para o inesperado que me aguardava no próximo capítulo. Há uma sequência de ação e toda a revolta da personagem principal não desaparece apenas por estar entre os prateados, na verdade, ela cresce e Mare vai mostrando o quanto é forte e não tem medo de erguer a sua voz. Para os que esperam romance, mesmo que ele esteja presente, não é o foco dessa leitura e é isso que mais o diferencia de A Seleção, pois, enquanto este foca no desenvolvimento do relacionamento de America e Maxon, A Rainha Vermelha foca na revolução. 
   Por fim, relembrando algumas críticas, muitos disseram que o livro é fraco em ambientação e peca em faltar com detalhes descritivos. De fato, a narrativa não é carregada de muita descrição, no entanto, considerei um ponto forte por deixar espaço para que o próprio leitor construa a sua imagem daquele universo e seus habitantes. Outro tópico que me atraiu na leitura foi o desenvolvimento de subtramas que transitam entre o relacionamento da rainha com os filhos, dos filhos entre si, o questionamento acerca das casas que compõe o círculo social dos prateados e a própria Guarda Escarlate, que vai ganhando mais espaço enquanto avançamos na leitura.  Para quem procura uma leitura fluída, dinâmica, com bastante ação, A Rainha Vermelha é indispensável.