Mostrando postagens com marcador Stephen king. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Stephen king. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 16 de julho de 2021

O ILUMINADO, Stephen King


Editora: SUMA | Páginas: 464 | Ano: 2012 | 1ª Edição | Thriller


O Iluminado é um livro de Stephen King que narra a jornada de Danny, Wendy e Jack ao se mudarem temporariamente para o Hotel Overlook onde Jack aceita um emprego de zelador depois que sua vida de professor desanda após um episódio de violência. O autor se inspirou para escrever a história após se hospedar no The Stanley Hotel no Colorado numa noite de fim de temporada em que ele e a esposa acabaram sendo os únicos hóspedes.
"Eu acordei, acendi um cigarro, sentei em uma cadeira olhando para a janela e, antes de terminar o primeiro cigarro, já tinha toda a estrutura do livro criada na minha cabeça", Disse o autor, após relembrar o pesadelo que teve naquela noite em que seu filho corria em fuga pelos corredores vazios do hotel.
Chave do quarto 217 do The Stanley Hotel, onde King se hospedou e que aparece em O Iluminado
O início da narrativa já mostra que a decisão de Jack de aceitar o emprego no Overlook é um grande erro. Isso porque percebemos de cara que ele está emocionalmente desequilibrado e tem um passado de alcoolismo e agressividade. Não bastasse isso, ficamos sabendo que o último zelador enlouqueceu, assassinou sua família e depois se suicidou, o que seria motivo suficiente pra correr pra bem longe desse lugar. Tudo isso somado ao fato de que o pequeno Danny consegue ver, ouvir e experienciar coisas sobrenaturais me parecem o combo perfeito para o desastre total e, basicamente, é isso que os aguarda no hotel em que passarão meses presos pelas nevascas e sem comunicação com o mundo externo. 


Talvez essa seja uma interpretação errônea minha, mas o que me parece é que a presença de Danny apertou todos os botões vermelhos de alerta do Overlook. Coisas estranhas começam a acontecer e Danny está sempre envolvido nos piores acontecimentos sobrenaturais. O mais curioso, no entanto, é que fiquei tão distraída com Danny que deixei Jack um pouco de lado e, quando percebi, ele não só estava vivenciando experiências paranormais como também as recebia de braços abertos, cultivando o espírito e a força do verdadeiro vilão dessa história: o Overlook.

Elevador do The Stanley Hotel
Aqui reside a maestria de Stephen King: o autor consegue dar alma a lugares (algo que já havia me surpreendido em "Salem"). É como se o Hotel criasse vida, encarnando o próprio mal e corrompendo o espírito de Jack. O personagem, que começa como um homem comum com alguns problemas, vai se tornando cada vez mais desequilibrado e obcecado pelo Overlook, ao ponto de perder completamente a sanidade. É angustiante observar esse ponto de ruptura, principalmente sabendo das visões que Danny teve sobre esses acontecimentos.
Os personagens são muito bem desenvolvidos e King não tem medo de perder tempo se aprofundando em suas narrativas pessoais, o que para alguns pode ser um pouco entediante, mas, pessoalmente, acho incrível e também acredito que é o que o diferencia de muitos autores. Me compadeci demais da situação de Wendy, que não queria ir para o hotel e teve muitas dúvidas e receios no decorrer da história, mas que continuou lutando pela sua família e pela segurança de Danny. 


Não é a toa que Stephen King vem se tornando o meu autor favorito nos últimos tempos. Na minha jornada de ler toda a sua obra, não imaginava que O Iluminado pudesse ter um destaque tão grande. O livro é muito bem escrito, Quando as situações sobrenaturais começam a acontecer, é impossível largar a leitura e a conclusão da narrativa é um misto de sentimentos. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

SALEM, Stephen King

"Deus, dai-me SERENIDADE para aceitar o que não posso mudar, TENACIDADE para mudar o que posso e SORTE para não fazer muita merda."

Recentemente, adentrei no universo de Stephen King através da leitura de Joyland, que se tornou um dos meus livros favoritos de 2020. Para esse ano, minha meta era adicionar mais um livro do autor ao meu repertório literário, mas depois da experiência que foi a leitura de Salem, imagino que muito mais de King chegará às minhas prateleiras em breve.

Editora: SUMA | Páginas: 464 | 2007 | 1ª Edição | Suspense; terror; sobrenatural

Salem é mais do que a história de personagens centrais. Pode-se dizer que a grande protagonista é a própria cidade de ‘Salem’s Lot, onde conhecemos logo de início o escritor Ben Mears, que acabara de retornar e está buscando exorcizar seus próprios demônios e esse é o grande combustível para a primeira metade da história que acaba por girar em torno da Casa Marsten, um antigo casarão que assombrava as memórias e pesadelos de Ben. Toda essa questão da casa trouxe uma reflexão sobre o medo - e o amadurecimento destes - que dá um tom diferenciado à obra de King e, pessoalmente, eu mesma fui influenciada a questionar meus próprios medos e o que me tira o sono à noite.

“Acho que é relativamente fácil para as pessoas aceitarem coisas na telepatia e na parapsicologia, porque não lhes custa nada. Não lhes tira o sono à noite. Mas a ideia de que um homem pode morrer e deixar o mal como legado é muito mais perturbadora

Os outros personagens centrais também são cativantes. A mocinha que quer ir para a cidade grande e se livrar do controle dos pais, o professor que se mostra muito mais aberto ao sobrenatural do que imaginaria estar um dia e um médico que precisa renunciar à ciência para reconhecer o terror que passa a banhar ‘Salem’s Lot. Não posso esquecer, é claro, de Mark Petrie, um garotinho que brotou na história com uma coragem impressionante e que foi essencial para o desenrolar da luta contra os seres da noite. No entanto, o que mais me fez amar Salem foi a construção da cidade. Sei que esse é um dos motivos para muitas pessoas tirarem pontos na avaliação da obra, mas eu achei genial. O autor nos apresenta aos moradores e aos seus costumes, sua rotina. De maneira sutil, esses nomes vão sendo registrados pelo leitor e, quando algo acontece a alguém, é como ficar sabendo de uma notícia sobre algum conhecido com quem esbarramos por aí diariamente.

Algumas subtramas acabaram por ficar pouco desenvolvidas, porém, isso não me incomodou, uma vez que havia muitas coisas acontecendo e isso não alteraria nada na história afinal de contas. Também não há muito o que falar sobre o vilão. O grande terror de Salem está no pré confronto, quando pequenas situações aterrorizantes começam a acontecer e os personagens não sabem com o que estão lidando. Tudo o que vem depois da revelação do inimigo fica transitando na sensação de que a qualquer momento tudo pode vir abaixo (e era nessas horas que eu gritava para Ben desaparecer daquela cidade).

A escrita de King é muito cativante. Eu já havia citado a minha admiração por seu detalhismo que faz tudo se tornar muito visual sem ser descritivo demais. Após a leitura, descobri que esse é o segundo livro do autor e que ele é inspirado em o Drácula de Bram Stoker, talvez, por isso tantos elementos clássicos e conhecidos popularmente estejam presentes aqui. Descobri-me alguém que gosta de histórias de terror (apesar de não gostar dos filmes do gênero) e Stephen King já está entrando para a minha lista de autores favoritos.

Esteja preparado para ficar angustiado por boa parte das 464 páginas!
 
Clique acima para ser redirecionado para nossa página no Instagram!

sábado, 19 de dezembro de 2020

JOYLAND, Stephen King

"Quando se tem vinte e um anos, a vida é um mapa rodoviário. Só quando se chega aos vinte e cinco, mais ou menos, é que se começa a desconfiar que estávamos olhando para o mapa de cabeça para baixo"



Editora: Suma | Páginas: 240 | 2015 | 1ª Edição | Thriller e Suspense

Em 2020 eu me permiti explorar e expandir as minhas leituras, buscando criar uma diversidade maior, trazer clássicos e autores consagrados dos quais eu me envergonhava não ter lido nada ainda. Fazia tempo que eu queria ler uma obra do King. Eu não sou uma grande fã do terror, no entanto, e, após ver vários comentários sobre Joyland, decidi que seria meu ponto de partida.

“Quando se trata do passado, todo mundo escreve ficção.”

O livro acompanha Devin Jones, um jovem universitário que arranja um emprego de verão no parque de diversões Joyland. Devin está passando por um momento complicado em seu relacionamento, o que acaba fazendo com que Joyland seja todo o ponto central da sua vida. Devin fica sabendo, logo antes de começar no trabalho, que há uma história de fantasma rondando o parque: se trata de Linda Grey, uma garota que fora assassinada em uma das atrações e dizem assombrar o trem fantasma desde então. Mas não se engane com esse pano de fundo. Diferente do que eu esperava, as menções ao fantasma são pouquíssimas e não há partes assustadoras, é tudo mais em torno de uma comoção à situação do assassinato e uma empatia de Jones em relação à moça ainda presa ao local de sua morte.

A primeira metade do livro trata muito da vida do protagonista no parque e de seus sentimentos em relação ao seu primeiro amor com quem vem a romper ao longo da narrativa. O personagem é muito cativante e o próprio é o grande fator que faz com que a leitura seja fluida, por mais que não haja grandes acontecimentos pelas primeiras 100 páginas. Não demora para que Dev fique interessado em desvendar mais sobre o caso de Linda Grey e, com a ajuda da amiga Erin Cook, encontre informações que possam levá-lo a desvendar o assassino e o seu paradeiro. Apesar de parecer que Devin é o grande investigador dessa história, a sensação que eu tenho é que ele apenas deixava os acontecimentos se desenrolarem e a ajuda que recebeu foi fundamental para começar a compreender melhor as evidências do assassino. É impossível falar dessa ajuda sem citar Mike, um menino com distrofia muscular que carregava o dom da visão, fundamental na narrativa e por quem é fácil criar um carinho. 

“- Mas havia alguma coisa ali. Eu soube naquele momento e sei agora. O ar estava mais frio. Não o bastante para que minha respiração virasse vapor, mas definitivamente mais frio. Meus braços, pernas e virilha formigaram com arrepios e os cabelos na nuca ficaram em pé.”

Ter uma expectativa diferente do livro não fez a narrativa ser menos interessante. Devin me cativou nas primeiras páginas e me ganhou de vez ao descrever suas performances com as crianças, exibindo uma alegria e um contentamento contagiantes. O autor conseguiu fazer o trabalho pesado no parque parecer, de fato, uma grande aventura e me senti um tanto nostálgica desses momentos em que somos apenas jovens com todo um futuro pela frente. Aliás, a escrita do King me pegou. Já estou em busca de outras obras porque eu fiquei completamente fascinada pela maneira detalhista que o autor escreve sem tornar o livro cansativamente descritivo e se dedicando `à construção de personagens tão completos. 

Aparentemente, dezembro é o mês em que todos os livros lidos se tornam favoritos!

@prateleirasdeaquarela