quarta-feira, 27 de maio de 2020

EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS, Clare Vanderpool

"Minha mãe tinha razão. Nossas vidas são todas entrelaçadas. É só uma questão de ligar os pontos."


     Fazia um tempo que eu queria adquirir uma obra publicada pela Darkside porque, vamos falar a verdade, as edições são todas maravilhosas. Em Algum Lugar nas Estrelas é um livro tão bonito, visualmente, que arranjei um lugarzinho especial para ele na minha estante. Uma verdadeira obra de arte que me surpreendeu desde a capa e ilustrações lindas, à qualidade do material das páginas. Dá pra sentir o amor com a obra e isso faz a leitura ser ainda mais agradável. 

Editora: Darkside | Páginas: 288 | Ano: 2016 | 1ª Edição | Aventura e Fantasia | Capa Dura

    O livro conta a história do menino Jack que, ainda sofrendo pela morte da mãe, vai viver em um internato enquanto seu distante pai cumpre suas missões na marinha durante a segunda guerra mundial. Jack tem algumas dificuldades de adaptação que o levam a se aproximar de Early, um menino estranho que não comparece às aulas que não o interessam e que conta uma história através do número Pi. As histórias de Early vão muito além do que       Jack imagina e logo os dois partem em uma aventura repleta de emoção e imaginação. 
A leitura desse livro me aqueceu o coração. É lindo o desenrolar da amizade de Jack e Early e a maneira como Jack vai aprendendo a respeitar as peculiaridades da personalidade de Early e também o modo de lidar com essas estranhezas. É uma verdadeira lição de respeito e tolerância para uma sociedade que mais exclui do que aproxima.

   Um alerta: não espere uma narrativa extremamente realista, o livro permite uma liberdade imaginativa muito grande e em vários momentos me questionei se a situação estava mesmo acontecendo ou era fruto da imaginação dos garotos. 

    Eu não poderia recomendar menos essa obra. É o tipo de livro que deveria reunir a família e os amigos para conhecer junto, se encantar junto. Nem mesmo tenho palavras para descrevê-lo completamente, é necessário sentir para entender. 

Fiquem com algumas imagens dessa edição maravilhosa
Um beijo e até a próxima!!!


 








sexta-feira, 22 de maio de 2020

Cinco livros em Cinco dias: é possível?

Essa semana decidi reativar e atualizar o meu perfil no Skoob e percebi duas coisas: 

1º: Eu cheguei a ler 150 livros em um ano; 

2º: Nas férias eu costumava ler um livro por dia; 

Pensando nessas duas coisas e na dificuldade que eu tenho encontrado em retomar o meu hábito de leitura depois da faculdade (que foi o que mais me afastou dos livros), decidi me desafiar a ler 5 livros em cinco dias e, sim, foi possível! Estou muito feliz de ter descoberto, hoje, que já sinto falta da leitura quando demoro muito a pegar uma nova obra e que o meu tempo lendo foi muito mais produtivo e satisfatório do que as horas que eu vinha passando nas mídias sociais. Sem mais delongas, vamos aos livros: 

TODOS NÓS VEMOS ESTRELAS: Trombei com esse livro no Amazon Prime de maneira completamente aleatória e decidi dar uma chance. A narrativa é sobre uma garota reclusa no mundo dos livros que acaba vivenciando diversas situações ao lado do personagem do seu livro favorito. Fiquei um pouco decepcionada com a leitura porque o livro tem um grande potencial que não é muito aproveitado. As referências às sagas famosas são um ponto alto.

 

VERITY: Já saiu resenha no Blog sobre a obra de Collen Hoover e devo dizer que Verity foi uma das melhores leituras dessa semana. Me senti eletrizada o tempo todo acompanhando a trajetória de Lawer enquanto ela descobria os segredos em torno de Jeremy, sua esposa e as misteriosas perdas pelas quais passaram


EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS: Esse foi o livro mais lindo que tive o prazer de ler nesse desafio. É Encantador observar o desenrolar da amizade dos meninos Jack e Early e perceber as nuances da personalidade de Early e o que elas significam. Além de ser uma aventura (meu gênero preferido), o trabalho da Editora Darkside foi incrível, tornando o livro uma verdadeira obra de arte.


OS 12 SIGNOS DE VALENTINA: Divertido, Clichê, Leve. Esse livro foi a melhor escolha possível para uma quinta feira em que eu já estava um pouco cansada de tanta leitura (to desenferrujando). A autora traz uma narrativa agradável e o desenrolar de um romance que acaba se mostrando bastante maduro. De maneira sutil, insere algumas reflexões importantes para os dias atuais e isso não tira a leveza do livro em momento algum. 


TUDO E TODAS AS COISAS: Esse é um livro que me impressiona pela maturidade da personagem principal em aceitar as limitações que a sua doença a impõe. Claro que o romance com Olly é a coisa mais doce que se poderia esperar do primeiro amor de uma garota que nem mesmo tem contato com o mundo externo à sua bolha, mas o final me arrasa. Teria sido mais emocionante se eu não tivesse visto o filme antes, mas ainda assim, uma leitura maravilhosa para fechar uma semana tão cheia. 


E aí, topa o desafio? 
Um beijo e até semana que vem!

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quarta-feira, 20 de maio de 2020

VERITY, Colleen Hoover


Editora: Galera Record | Páginas: 320 (eBook) | Ano: 2020 | 1ª Edição | Suspense | +18

Primeiramente, precisamos alertar que esse é um livro de classificação +18. Ou seja, se você é menor de idade, pare por aqui e siga para outras leituras divulgadas no blog.

    Verity é um New Adult da autora Colleen Hoover, famosa por escrever romances com uma temática mais hot e voltada para um público mais velho. Essa obra, no entanto, não se trata de um simples romance. Hoover se aventurou e trouxe um suspense intenso e enigmático para rechear as 320 páginas que devorei em poucas horas. O livro conta a história de Lowen, uma escritora pouco conhecida que é contratada para finalizar a série de livros muito famosa escrita por Verity antes que ela sofresse um acidente que a deixa debilitada e impossibilitada de seguir com as publicações. Lowen, então, passa um tempo na casa da autora tentando desvendar seus planos para as sequências dos livros e, enquanto se vê envolvida por Jeremy, marido de Verity, suas descobertas vão muito além da ficção e ela se dá conta de que o mistério em torno da família é muito maior do que ela imaginava. 
    Minha interação com Verity foi de vício. Não consegui largar o livro desde o momento em que comecei a leitura até a finalização e isso se deve, com toda certeza, à escrita maravilhosa de Collen Hoover. Sua narrativa é fluída e envolvente, fazendo com que cada página seja intrigante. Apesar disso, achei o casal principal pouco interessante e com um desenvolvimento fraco, sem muita química. No entanto, isso não torna a leitura menos agradável, uma vez que o ponto alto do volume são os capítulos do manuscrito em que vemos a história pelo ponto de vista do vilão, o que foi extremamente estimulante e também perturbador. Sim, perturbador. Várias emoções são despertadas durante a leitura e, em alguns momentos, senti a necessidade de fechar o livro e dar uma respirada antes de seguir em frente. 

     Quando achamos que acabou...

    Finalmente, chegando perto de encerrar o livro, respiramos com alívio, aquela satisfação comum de ver o personagem terminando sua jornada. Mas não acabou. Honestamente, eu já esperava que o livro finalizaria com um Plot Twist, mas, com certeza, não imaginava algo tão perturbador como o que foi proposto pela autora. Por fim, fica o questionamento: Qual é a verdade?





terça-feira, 12 de maio de 2020

FINALMENTE LI "A RAINHA VERMELHA"

"VEJO UM MUNDO NA CORDA BAMBA. SEM EQUILÍBRIO, ELE CAI"


Editora: Seguinte | Páginas: 399 (ebook) | Ano: 2015 | 1ª Edição | Ação e Aventura

    A Rainha Vermelha (Red Queen no original) é o primeiro de uma série de livros da autora norte-americana Victoria Aveyard. Lançado em 2015, é o livro de estreia da escritora e foi traduzido para 41 idiomas e arrebatou milhares de leitores desde sua publicação.

    Acompanhamos, a partir do livro, a trajetória de Mare em um mundo dividido em que vermelhos são subjugados, enquanto prateados detém o poder, não só da sociedade, mas também em diversas manifestações de dons extraordinários que vão desde manipulação de fogo à própria manipulação mental. Nesse cenário, Mare é uma vermelha que vive à sombra do momento em que será recrutada para o exército, assim como seus irmãos mais velhos. Entre tentar evitar o recrutamento de seu amigo mais próximo e, também, o próprio, Mare se vê em meio  a prateados e todo o seu sistema de governo que vem sendo ameaçado por ataques rebeldes de vermelhos que se denominam Guarda Escarlate. Como se não bastasse, Mare descobre poderes que não deveriam ser dons de vermelhos e isso pode ser a sua ruína. 


    Preciso ser honesta e dizer que não li A Rainha Vermelha antes por puro receio, talvez ciúme, de que fosse apenas uma nova versão de A Seleção (Kiera Cass).Tive uma surpresa agradável ao descobrir que apesar das comparações e das semelhanças - comuns em distopias - os livros não tem nada de muito igual, além da luta por uma sociedade mais justa. Não posso deixar de notar que as questões de igualdade pautadas pelo livro são muito atuais e uma reflexão necessária, principalmente nesses tempos de pandemia em que as desigualdades sociais ficaram ainda mais evidentes.
  Victoria Aveyard traz uma leitura magnética, os acontecimentos seguidos e surpreendentes me fizeram querer devorar cada página, buscar as respostas para o inesperado que me aguardava no próximo capítulo. Há uma sequência de ação e toda a revolta da personagem principal não desaparece apenas por estar entre os prateados, na verdade, ela cresce e Mare vai mostrando o quanto é forte e não tem medo de erguer a sua voz. Para os que esperam romance, mesmo que ele esteja presente, não é o foco dessa leitura e é isso que mais o diferencia de A Seleção, pois, enquanto este foca no desenvolvimento do relacionamento de America e Maxon, A Rainha Vermelha foca na revolução. 
   Por fim, relembrando algumas críticas, muitos disseram que o livro é fraco em ambientação e peca em faltar com detalhes descritivos. De fato, a narrativa não é carregada de muita descrição, no entanto, considerei um ponto forte por deixar espaço para que o próprio leitor construa a sua imagem daquele universo e seus habitantes. Outro tópico que me atraiu na leitura foi o desenvolvimento de subtramas que transitam entre o relacionamento da rainha com os filhos, dos filhos entre si, o questionamento acerca das casas que compõe o círculo social dos prateados e a própria Guarda Escarlate, que vai ganhando mais espaço enquanto avançamos na leitura.  Para quem procura uma leitura fluída, dinâmica, com bastante ação, A Rainha Vermelha é indispensável. 


sexta-feira, 24 de abril de 2020

HISTÓRIAS CURTAS DO SÉTIMO UNIVERSO, por Leandro Zapata

Se você está procurando por uma leitura completa, acabou de encontrar!

    Histórias Curtas do Sétimo Universo é uma  Coletânea que reúne quatro contos diferentes, sendo dois deles, originalmente, publicados pelo Wattpad e outras duas histórias inéditas. O livro está sendo lançado pela Editora Djinn, distribuída pelo selo Ouroborus, o ebook está sendo estreado essa semana com uma promoção de lançamento imperdível: estará disponível na Amazon gratuitamente nos dias 25 e 26/04. Acompanhe pelo site

Sobre o autor: Leandro Zapata é um escritor brasileiro em ascensão. Escreveu seu primeiro livro por volta de 2010 e, desde então, não parou de escrever, desde livros à histórias curtas. Sua popularidade cresceu através do Blog Um dia frio e de seu perfil no Wattpad. Você pode saber mais sobre o autor e suas obras através do site: leandrozapata.com/.


Histórias Curtas do Sétimo Universo:  Páginas: 392 (ebook) | Ano: 2020 | 1ª Edição | Fantasia

    A coletânea a de Zapata é dividida em quatro contos: Apófis: o Deus do Caos, Oito Sombras, A Busca de Sakura e O Preço de uma Lembrança. O que eu achei mais interessante, nesse livro, foi a maneira como você consegue viajar entre um conto e outro sem perder o ritmo da leitura. Em um momento você está no Egito, tentando desvendar com os personagens uma maneira de impedir Apófis de disseminar o caos. Em seguida, está no Japão, descobrindo a força de Sakura e enfrentando os desafios ao seu lado, que não terminam no segundo conto e a encontramos mais uma vez no terceiro conto. Pragas, nuvens ácidas e até organizações secretas habitam a trajetória de Sakura e muitas surpresas aguardam o leitor que decidir se aventurar ao seu lado. Finalizando, viajamos pro Canadá para conhecer Sophia, aprisionada em sua própria mente, a artista é assombrada por pesadelos que a levam em uma trajetória para desvendar os mistérios de seu próprio subconsciente e memórias perdidas. 
    O Sétimo Universo traz uma rede de referências muito bem trabalhadas que, inclusive, despertam no leitor a vontade de saber mais, não apenas sobre aqueles personagens e suas histórias, mas também sobre as mitologias e obras que inspiram e dão pano de fundo para a construção dos contos. Além disso, Leandro Zapata conseguiu construir histórias eletrizantes em que os acontecimentos seguidos não permitem que o livro se torne entediante pois sempre há uma nova surpresa na próxima página. A participação de Ana Luísa Tavares encaixou muito bem com o que Zapata se propôs, enriquecendo ainda mais sua obra. Leitura imperdível para os fãs de mitologia e aventura de plantão.

terça-feira, 21 de abril de 2020

RÁDIO SILÊNCIO

Olá. Espero que alguém esteja ouvindo...


Você já começou a ler um livro e teve uma opinião completamente equivocada sobre o que ele era na realidade? Foi o que aconteceu comigo ao iniciar a leitura de Rádio Silêncio.

Editora: Rocco Jovens Leitores | Páginas: 356 (ebook) | Ano: 2019 | 1ª Edição | Young Adult

Rádio Silêncio é o segundo livro da coleção "Caindo na Real" da autora e ilustradora britânica Alice Oseman. O livro narra a história de Frances Janvier, uma garota obcecada com os estudos, prestes a terminar o colegial e vivendo as angústias da tentativa de entrar na faculdade com a qual sonhou durante toda a sua vida. A trajetória de Frances é bastante solitária, o que a leva a se refugiar em um podcast chamado Universe City, narrado pela voz misteriosa do auto denominado Rádio Silêncio. A sua paixão pelo podcast a leva a produzir inúmeras artes em referência ao mesmo e isso leva ao primeiro contato de Rádio com o seu perfil denominado Tolouse. Simultaneamente aos acontecimentos em torno de Universe City, Frances se vê dia a dia mais próxima de seu vizinho Aled e o desenrolar dessa amizade revela diversos segredos que estiveram encobertos por anos, desde a relação conturbada de Aled com a mãe à real identidade do criador de Universe City.
Esse é um livro que traz uma gama de representatividade que eu nunca havia visto antes e que é trabalhada de uma maneira tão natural que, muitas vezes, me distraía do fato de estarmos falando de tópicos tão sensíveis. Temos aqui uma protagonista negra com amigos de descendências indiana e coreana, por exemplo . Além disso, os personagens são descritos de todos os tipos, cores e formas, sem nunca tornar isso uma questão problemática, simplesmente apresenta personagens diferentes entre si, assim como no mundo real. A questão da sexualidade também é muito bem explorada, trazendo personagens que transitam entre a bissexualidade, heteronormatividade, assexualidade, demissexulidade. 
Outro tema importante abordado pela autora é a depressão e os relacionamentos abusivos. É muito interessante observar o desenrolar da história de Aled, seu conflito sobre estar na faculdade e a relação com a mãe completamente controladora. É curioso que quanto mais confusos seus sentimentos ficam, mais ele se isola e posteriormente descobrimos que esse isolamento vem de sua necessidade de fugir de situações problemáticas.


Muitos leitores podem ter uma ligação imediata com as emoções e conflitos vivenciados pelos personagens. Não são conflitos abstratos, que presenciamos apenas nos noticiários, são conflitos que a maioria dos jovens inseridos na sociedade contemporânea vivenciam.Vai conseguir passar pra faculdade desejada? Realmente quer fazer faculdade? Quer mesmo fazer esse curso? São dilemas, muitas vezes menosprezados, que causam uma bagunça completa no psicológico de quem está deixando a adolescência pra trás e encarando um mundo completamente novo à frente. Acima de tudo, enxergo Rádio Silêncio como um livro que fala sobre descobrir a liberdade em ser quem você realmente é, gostar daquilo que realmente gosta e fazer as escolhas que você quer fazer, não as que são impostas. Super recomendo a leitura, além de toda a profundidade, é uma leitura bastante fluída e com um final bem interessante considerando a contemporaneidade da obra.

Arte de mstudiess, acesse em: https://mstudiess.tumblr.com/post/181437899096/this-was-part-of-a-project-for-school-i-read

quinta-feira, 19 de março de 2020

Resenha: StepSister (Jennifer Donnelly)

“Qual o preço da liberdade de ser quem você realmente é?”


    Falar sobe StepSister não é uma tarefa fácil. A primeira coisa  que eu sinto necessidade absoluta de comentar é o trabalho incrível que foi feito na capa do livro, o que já te faz sentir o tom sombrio da história que será contada. Costumamos dizer que não se deve julgar o livro pela capa, contudo, em casos como desta obra, a capa é uma introdução e um atrativo que condiz muito com a realidade da leitura que Jennifer Donnelly propõe, além de ser belíssima. 
    StepSister, como se anuncia, é um livro de fantasia que se passa no universo dos contos de fadas. É protagonizado por Isabelle, uma das meias-irmãs de Ella - a quem conhecemos, popularmente, por Cinderela. Isabelle e sua irmã são retratadas em muitas versões do conto de Cinderela como as "irmãs feias", pois mesmo rodeadas de luxos, as irmãs sempre eram ofuscadas pela beleza e gentileza de Ella. Além dos personagens já conhecidos (a madrasta, as irmãs, Cinderela, o príncipe), somos apresentados a novas figuras, como as Irmãs Fate, responsáveis por escreverem os mapas do destino da vida das pessoas, Chance, que pode ser descrito como o antagonista às irmãs fate, uma vez que seu grande objetivo é fazer com que Isabelle tenha um desfecho melhor do que o previsto pelo destino, e Tanaquill, a fada madrinha que ajuda Ella a ir ao baile e também a pessoa a quem Isabelle recorre, acreditando que se a fada a fizesse bela, todos os seus problemas desapareceriam, mas é claro que não poderia ser assim tão simples. Além de seus problemas pessoais, a França está passando por um momento de guerra e acompanhamos o desenrolar desse conflito paralelo à Isabelle.


    Se até aqui você está interessado em StepSister, precisa saber que é uma leitura com uma crítica social muito bem trabalhada. Para qualquer pessoa que reconheça os benefícios da beleza na sociedade, é muito perceptível que, apesar de se passar no século XIX, é uma obra extremamente atual. Acompanhamos, a cada página, a agonia de Isabelle e sua irmã Octávia, por não serem bonitas o suficiente para se casarem com o príncipe, mesmo que para isso tenham cortado partes de seu próprio corpo afim de calçar o sapato de cristal perdido por Ella na noite do baile. Porém, mais do que o sofrimento por não conseguirem o casamento, a história reflete constantemente em torno de todas as coisas em que o padrão de beleza interferia na vida das garotas, para o bem ou para o mal. Quantas coisas Isabelle e Octávia poderiam ser se não fossem apenas e simplesmente "feias"?

"Ella que é bonita. Você e eu somos as meias-irmãs feias. E, assim, o mundo reduz, nós três, ao nosso menor denominador comum"

    É automático seguir a leitura relacionando-a com a nossa vida no século XXI. Muitas leitoras podem ter se visto na pele da protagonista por diversas vezes. Ou até mesmo na de Ella. Fato é que a aparência ainda dita comportamentos e oportunidades. StepSister nos leva a acompanhar Isabelle em suas descobertas sobre si mesma, na percepção de que ela não é apenas o seu rosto e ela pode muito mais do que arranjar um casamento por beleza, agradando aos olhos de algum homem, ou apodrecer em uma casa velha, como sua mãe a fazia acreditar. 


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

As Grandes Sagas e a Conquista de Novos Leitores

O Fenômeno de Arrebatamento Literário em tempos de Internet

      Se você tem entre 12 e 25 anos, é muito provável que já tenha ouvido alguém dizer que é Potterhead ou Semideus. É ainda mais provável que você já tenha dito isso ou algo semelhante. Entre 2011 e 2015 era muito comum encontrar jovens compartilhando suas leituras em seus perfis na internet. Era rotina ver adolescentes com suas edições de Harry Potter (J.K Rowling) e Percy Jackson (Rick Riordan) pelos cantos das escolas ou no transporte público. É considerável que as Grandes Sagas tem um atrativo, nem sempre bem explicado, mas que se pode sentir. Compreendo esse envolvimento como uma sensação de pertencimento, a qual eu costumo chamar de Arrebatamento Literário.

Trecho de edição Ilustrada de "Harry Potter e a Pedra Filosofal"
      Não seria pretensioso dizer que Harry Potter abriu as portas para a Literatura a essa geração, muitas vezes chamada, pelos leitores, de Geração Harry Potter. J.K Rowling construiu um universo tão imensamente mágico que é fácil encontrar pessoas que leram a saga toda em uma semana, imergindo completamente em seu mundo fantástico. Não é diferente no que se refere a Percy Jackson, saga que embarcou na fórmula utilizada por Rowling e ganhou proporções gigantescas conforme os lançamentos de novos volumes.
Livro "Percy Jackson e os Arquivos do Semideus"
A grande diferença entre as duas sagas pode ser observada em seu sucesso no cinema. Harry Potter conquistou público no cinema quase tanto quanto na literatura e esse público logo migrou para os livros. Esse imenso sucesso fez com que, em determinado momento, a autora chegasse a alcançar o posto de segundo livro mais lido no mundo, ficando atrás, apenas, da Bíblia. Já a saga de Riordan, causou uma imensa decepção nos fãs, que não encontraram nos filmes produzidos a mesma conexão que tiveram com os livros - resultado de produções tão infiéis aos livros que muitos se recusam a enxergar como uma adaptação. Apesar disso, Percy Jackson continua crescendo, expandindo sua saga inicial para outros títulos.

      O formato de série literária logo ganhou outros autores e temas e a popularidade foi tão crescente que houve um resgate de séries antigas desconhecidas pelas novas gerações. Não demorou para presenciarmos o surgimento de Jogos Vorazes, Crepúsculo, A Seleção e muitos outros que conquistaram seu público. A grande divulgação na internet tornou perceptível que os jovens se interessam por esse tipo de leitura e em certo momento, passava a sensação de que todos estávamos lendo as mesmas coisas e é disso que se trata o Arrebatamento Literário: Não só estávamos lendo os mesmos livros e assistindo os mesmos filmes, também formamos grupos para debater e teorizar em torno dessas obras. Logo estávamos tão conectados que saímos das páginas e das telas para tornar o contato real. Quantos registros de capturas à bandeira e encontros de bruxos podemos encontrar em uma rápida busca no Google? Esse vínculo e conexão só foi possível pela imersão combinada de leitura, internet e encontros. 


"- Vai ser muito diferente no próximo verão - disse eu. - Quíron espera que tenhamos o dobro de campistas.
- É - concordou Grover -, mas este continuará sendo o lugar de sempre."  


Percy Jackson e O Último Olimpiano


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Impressões iniciais de "I'm not okay with this"

O que esperar da nova série da Netflix? 

       Depois de concluir The Good Place me senti muito órfã de uma série que apresentasse um formato tão agradável de ser assistida. I'm Not Okay With This não preenche completamente esse espaço, pois traz um drama muito maior do que o que vemos em The Good Place (que tem um tom mais leve e divertido nas primeiras temporadas). Entretanto, posso afirmar que a nova produção do streaming tem lá o seu magnetismo. Preciso admitir que tenho certa satisfação em assistir séries com episódios curtos - algo que vem da minha adolescência em que assistia temporadas completas de animes em um final de semana. I'm Not Okay With This traz episódios com cerca de 20 minutos e consegue desenvolver as questões dos episódios sem torná-lo cansativo e sem correr com os acontecimentos. A série é baseada na Graphic Novel de Charles Forsman e sua adaptação para roteiro é feita por Jonathan Entwistle, já conhecido pelo o público da Netflix a partir de The End of The F***ing World.

            

       A trama gira em torno de Sydney Novak - descrita por si mesma como uma "garota branca sem graça de 17 anos" - que tem problemas em controlar e até mesmo compreender sua personalidade e sentimentos. A história se desenvolve em um período posterior ao suicídio de seu pai e é perceptível desde o início o quanto essa perda a afetou. A relação de Sydney com a mãe não é boa, resultando em cenas de ataques verbais mútuos que mostram o quanto as duas se sentem distantes em relação à outra. Em contrapartida, a relação com o irmão mais novo é fofa, mostrando companheirismo e aquela proteção que muitas vezes faz falta quando se retrata adolescentes com irmãos. A melhor amiga de Sydney é Dina, uma garota relativamente popular e é a pessoa mais próxima da protagonista no início da série. no entanto, as coisas mudam quando ela começa um relacionamento com Brad Lewis que, apesar da popularidade, é visto por Sydney como só mais um babaca. O afastamento de Dina leva Sydney a se aproximar de Stanley Barber: um cara meio esquisito que não tem vergonha de ser ele mesmo, marcando presença nos episódios decorrentes. 
     Os episódios iniciais mostram o desenrolar das relações de Sydney e suas descobertas em torno de suas emoções e sexualidade, não muito diferente de séries como Sex Education ou a própria The End of The F***ing World ou . Entretanto, Syd começa a perceber coisas estranhas acontecendo ao seu redor e a se perguntar se ela estaria causando-as. É interessante observar o crescer das manifestações de poder à medida em que as emoções da personagem vão ficando mais intensas e descontroladas. 
       Repleta de referências, que vão desde Carrie: A Estranha a Stranger Things, I'm Not Okay With This é uma série confortável de assistir com seus 7 episódios curtos. Talvez falte um pouco de ousadia, - uma vez que a história é contada de maneira bem simples - contudo, a série deixa espaço para um futuro desenvolvimento em que explore as complexidades dos sentimentos e situações que os personagens vivenciam. Por enquanto, resta esperarmos por uma renovação. Assista ao trailer:














**Todos os direitos reservados à Netflix.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

RESENHA: FROZEN 2 (Sem Spoilers)

A Construção da Profundidade Emocional Através da Música

Foto de Divulgação ( © Disney - Todos os direitos reservados)

    O furor que envolve tudo em torno de Frozen é inegável. A fórmula é simples de compreender: personagens cativantes, magia, mudanças glamourosas de vestidos e músicas incríveis. Quando ouvimos falar em animação da Disney®, automaticamente somos transportados para os filmes leves e divertidos de final de tarde. Ao longo dos anos, no entanto, é possível perceber que a Disney® tem investido em roteiros e personagens cada vez mais profundos e complexos do que as simples princesas que são salvas pelos príncipes encantados em alguma floresta cheia de perigos.

Cena do filme Frozen ( © Disney - Todos os direitos reservados)
        Frozen traz todo o encantamento que já é esperado de uma produção desse tipo. Mais do que isso, encontramos músicas dignas de compor as playlists de nossos celulares, vide Let It Go (com bilhões de visualizações no Youtube). Os adultos que se renderam, e se permitiram romper a barreira da Animação, encontraram em Frozen 2 uma evolução surpreendente em relação ao primeiro filme. É possível perceber o crescimento dos personagens de maneira bem clara, e mais do que isso, conseguimos sentir suas emoções com profundidade.

        As canções dessa sequência trazem os ares de musical com muito mais força, elas participam da narração da história muito mais do que no anterior. Além disso, suas composições estão muito mais dramáticas e repletas de significados, reforçando a conexão do público com as emoções dos personagens. Foi a partir das cenas musicais que percebi o quanto Frozen se torna menos um filme infantil. Qualquer pessoa que tenha assistido Anna em The Next Right Thing (por Kristen Bell) sofre junto e percebe o quanto essa canção é poderosa, o quanto ela é significativa para quem está pensando em desistir. Toda a sequência de Elsa com Show Yourself (por Indina Menzel) é tão eletrizante e simplesmente linda, que não consegui desgrudar os olhos da tela enquanto as imagens se formavam, é impossível não se emocionar.

        A Disney® consegue entregar uma continuação digna para os que acompanharam o nascimento desse grande sucesso há 6 anos atrás. Especialmente para quem gosta de musicais, Frozen 2 é um prato cheio. Aguardem por emoção, encantamento e orgulho.