segunda-feira, 14 de setembro de 2020

MENINAS DE TRINTA: A LOUCA VIDA (NEM TÃO DIFERENTE) DE MULHERES BALZAQUIANAS DO SÉCULO XXI, Roberta de Souza

"Sem generalizar, mas a maioria que só vê a casca, normalmente é oquinho... Você quase ouve o eco da mente deles."


Editora: Muiraquitã | Páginas: 90 | Ano: 2013 | 1ª Edição | Crônicas; Comédia; Romance

Meninas de Trinta foi escrito pela autora Roberta de Souza e traz diversas crônicas girando em torno da vida de Nina, uma mulher que acabou de completar os seus trinta anos, mas dentro de si ainda encontra a energia da juventude, desmistificando a ideia de que chegar aos 30 é sinônimo de envelhecer.

"Sempre imaginei que quando chegasse aos 30 anos eu seria uma pessoa séria, mega compenetrada, com filhos, cheia de responsabilidades, do tipo adulta com A maiúsculo. Pelo menos era assim que via as mulheres desta idade quando eu tinha quinze. Sempre pensei várias coisas a este respeito. Mas acho que não sou assim, pelo menos não completamente. Sei lá, talvez alguém me veja assim, tipo meus pequenos sobrinhos..."

Nina narra a sua história com um bom humor invejável, entre o divórcio e as novas descobertas, a personagem conta acontecimentos diversos da sua vida, trazendo reflexões em torno do mundo feminino que, mesmo sem a pretensão de ser feminista, quebram padrões impostos que não fazem parte da nossa verdadeira essência. Não bastasse o humor de Nina, nos deparamos com A Doida, uma voz que fala em sua cabeça, confrontando-a diante de diversas situações vivenciadas pela personagem e agregando tiradas engraçadíssimas à narrativa.
 
"Ninguém merece um Galvão Bueno do sexo, né? Aff! Ainda tive que aguentar a Doida rindo e berrando na minha mente: Vai que é tuuuua Ninaaaaa!"

Como uma mulher fora da casa dos trinta, posso dizer que a obra de Roberta dialoga com todas nós, mulheres, e não somente as Balzaquianas. É muito fácil se encontrar entre as páginas da história construída pela escritora, tanto em sua personagem principal quanto em personagens secundários como suas amigas, por exemplo. 

O livro é um bálsamo para aprendermos a rir de nós mesmas, procurar ajuda e apoio quando for necessário e estarmos sempre abertas às novas possibilidades da vida, que podem ser lindas e arriscadas, mas que só saberemos quando vivenciarmos. 


Adquira o livro em: Amazon. Também disponível pelo KinldeUnlimited.

Conheça a autora:

Roberta de Souza é moradora de Maricá, natural de Niterói, cidade que ama de paixão! Roberta é jornalista, assessora de imprensa responsável pela Gaia Comunicação, fotógrafa, escritora e mãe. 

Trabalha no mercado editorial há quase 20 anos como Ghost Write, Copy e avaliadora de obras literárias. 

Publicou o livro "Meninas de 30" (2013), a biografia de espírita "Morgana da Figueira" (2015) e seu livro de poemas, o “Cavador do Infinito” em 2020. Participou e coorganizou diversas antologias “O Perfume da Palavra” sob o selo da Editora Muiraquitã. É criadora do site Balzaqueando. É membro do coletivo de escritores de Maricá chamado “Povo do Livro” E é voluntária do Grupo Itaipuaçu Solidário. 

Você encontra a Roberta no Instagram: @escritora_roberta.de.souza


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

TETO PARA DOIS, Beth O’leary

"Fiquei sentada por um tempo no corredor, olhando para a bagunça multicolorida formada pelos meus pertences favoritos, que estavam empilhados no armário sob a escada, e senti, por um instante estranho, que, se as almofadas podiam voltar a respirar, eu também conseguiria."

Editora: Intrínseca | Páginas: 400 | Ano: 2019 | 1ª Edição | Comédia Romântica

Há algumas semanas tenho visto resenhas sobre Teto para Dois e todas as avaliações que vi sobre ele me fizeram acreditar que eu não poderia deixar de lê-lo esse ano. Apesar disso, eu não estou numa vibe de romances e dei uma enrolada para começar a leitura e estou impressionada por ter amado tanto a obra de Beth O'leary.

"Não me lembro do nosso relacionamento ser assim. Mas agora acho que meio que... pintei tudo de cor-de-rosa? Esqueci as partes ruins? Não sei, isso é possível?"

Alternando a narração entre os dois protagonistas, o livro apresenta o leitor à Tiffy, uma assistente de edição em uma Editora de livros no mais puro estilo DIY (do it yourself/faça você mesmo). Ela acabou de sair de um relacionamento conturbado, precisa encontrar um lugar para morar por um valor baixo e é assim que chega até Leon. A personagem surpreende com uma personalidade extrovertida e iluminada que reflete em seu modo de vestir um tanto exótico. Leon é um enfermeiro que precisa aumentar a sua renda para pagar o advogado que acompanha o caso de seu irmão, preso injustamente. A necessidade financeira o leva a sublocar o seu apartamento, no qual só passa os dias, para alguém que só o utilize à noite. 
Acordo fechado, Tiffy se muda para o apartamento de Leon por intermédio da namorada dele e não demora muito para que comecem a se corresponder via bilhetes espalhados pelos cômodos, criando uma amizade, mesmo que nunca tenham visto um ao outro. 
Nesse caminho imprevisível, Tiffy trava sua batalha particular para compreender que vivera um relacionamento abusivo e se livrar dele (e dos traumas deixados) de uma vez por todas. Leon também está em sua busca pessoal focada em colocar o seu irmão, Richie, em liberdade e o papel de Tiffy nessa busca os aproximará ainda mais do que se imagina, além de outros fatores no desenrolar da história. 

"Ser amável é uma coisa boa. Você pode ser forte e amável. Você não precisa ser uma coisa ou a outra."

Quero deixar claro que todas as expectativas que criei sobre o livro estavam completamente erradas. Eu esperava que o fosse, de fato, uma comédia romântica e, apesar de ser muito divertido, a obra tem uma profundidade muito maior do que o puro romance, abordando um importantíssimo tema que é o Relacionamento Abusivo. O curioso é que focamos tanto nas questões de relacionamento de Tiffy, mas o livro apresenta a relação tóxica de diversas formas. Está muito presente na mãe de Leon (bem explícito, até em algumas de suas falas) e também no namoro do próprio.

"Kay: Tudo bem. A gente se fala mais tarde. Você pode me avisar que trem vai pegar? 
Não gosto disso — a cobrança, as mensagens sobre trens, sempre saber aonde estou indo. Mas... estou sendo bobo. Não posso reclamar. Kay já acha que tenho medo de compromisso. É sua expressão favorita no momento."

Teto para Dois constrói os personagens de maneira tão sólida que é fácil visualizá-los como pessoas reais. Os dramas de Tiffy e a situação de Leon são tão compreensíveis que é muito natural se conectar. Os pensamentos de Tiffy em relação ao ex namorado podem parecer repetitivos, no entanto, são muito relevantes dentro do contexto de uma pessoa que foi manipulada por outra durante tanto tempo (e pode ter certeza que o ódio que eu criei pelo Justin também é bastante real). Leon é um personagem muito cativante, mesmo com a sua personalidade introvertida. Suas atitudes e falas são tão certeiras que marquei várias partes do livro em que ele demonstrava uma sensatez muito diferente do que muitos personagens masculinos têm apresentado na literatura. Os personagens secundários não deixam de ser interessantes e eu precisaria de mais um post inteiro para falar sobre o quanto eles são importantes para o desenvolvimento dos protagonistas. O'leary me conquistou com sua escrita fluida e narrativa completa e divertida - ainda que trate de assuntos tão sérios. 

Com certeza está entre as minhas leituras favoritas desse ano!!!

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

O DIÁRIO DE ANNE FRANK, Anne Frank

"Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta. Mas pergunto-me: escreverei alguma vez coisa de importância? Virei a ser jornalista ou escritora? Espero que sim, espero-o de todo o meu coração! Ao escrever sei esclarecer tudo, os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias."













Editora: Principis | Páginas: 224 | Ano: 2020 | 6ª Edição | Biografia

   Quantas e mais quantas resenhas foram escritas sobre Anne Frank ao longo dos anos? Não é difícil de se justificar a curiosidade e a empatia despertada por uma garota judia de 13 anos mostrando a sua visão crua do Holocausto e a maneira como isso afetou a sua vida. Eu não sou uma leitora de biografias e esse ano quis incluir livros do gênero em minhas leituras, por que não começar com uma que está constantemente na lista dos mais vendidos?

  Anne Frank nasceu na Alemanha e se mudou para a Holanda com sua família que buscava se afastar da perseguição de Hitler que começara a difundir seus ideais e iniciara uma Guerra que viria a se tornar uma missão de extermínio. Sua vida na Holanda era confortável, mas, pouco a pouco, Anne via sua liberdade ser tomada. Não podiam frequentar qualquer loja e até mesmo o acesso à educação lhe foi restrito, podendo frequentar apenas a escola judaica. Conforme a situação piora, a Otto Frank, pai de Anne, decide que eles estariam mais seguros em um esconderijo, o que os leva ao Anexo da empresa da qual Otto era sócio e é lá que eles passam a viver ao lado da família Van Daan¹.
Ao todo, oito pessoas viviam no Anexo. O casal Frank e suas filhas Anne e Margot, o casal Van Daan e seu filho Peter e um dentista conhecido das famílias, que foi acolhido por eles ainda no primeiro ano de cativeiro. 


"Saia e tente recapturar a felicidade que há dentro de você; pense na beleza que há em você e em tudo ao seu redor, e seja feliz."

   Observamos todo o desenrolar através de sua escrita em um diário que ganhara pouco antes de ser privada de sua liberdade. Nele, Anne expõe desde coisas banais do cotidiano aos seus pensamentos e sentimentos mais profundos, mesmo aqueles dos quais ela se envergonha. Também é, através de suas palavras, que podemos ter uma visão de como era estar na situação de medo constante, miséria e sentimento de injustiça em que se encontravam os fugitivos das ideologias absurdas do Nazismo.

"Eu simplesmente não posso construir as minhas esperanças baseadas em confusão, miséria e morte. Eu penso que a paz e a tranquilidade irão voltar de novo."

  Muitas das passagens descritas por ela são em torno do seu relacionamento difícil com a mãe, com quem não se identificava muito e entrava em constante conflito. Também é muito fácil conhecer os outros moradores do Anexo, os quais ela descreve com frequência, falando sobre suas atitudes, formas de pensar, brigas e reconciliações. Também podemos ver um pouco sobre as pessoas que os ajudaram durante os dois anos reclusos e é doloroso perceber que se encontraram naquela situação por pura ignorância e maldade humana.

    Anne Frank tem uma escrita incrível e percebe-se o quanto se dedicava ao ato de escrever. É uma inspiração para qualquer um que sonhe em se tornar um escritor ou mesmo alguém que simpatize com o mesmo amor que ela tinha pelas palavras postas em papel. Cada momento em que ela descrevia suas esperanças e planos para o futuro me enchia de angústia por saber o final dessa história que, infelizmente, não poderia ser modificado por frases escritas em um livro. É lindo o quanto uma adolescente me inspirou a querer ser melhor do que sou hoje. 

"Não é incrível que ninguém precise esperar o momento certo para começar a melhorar o mundo?"

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¹Van Daan sob pseudônimo para representar a família Van Pel

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

A PEQUENA SEREIA E O REINO DAS ILUSÕES, Louise O'neill

"A água é nossa força vital, corre em nossas veias, transformando nosso interior em um sal abençoado. Não devemos desperdiçá-la chorando."




Pequena sereia e o Reino das Ilusões é uma releitura do conto original da Pequena Sereia de um ponto de vista que busca refletir questões em torno da opressão sobre as mulheres.

Editora: Darkside | Páginas: 224 | Ano: 2019 | 1ª Edição | Fantasia

   O livro conta a história de Gaia (ou Muirgen), uma sereia que acaba de completar seus 15 anos e que divide com suas irmãs mais velhas o título de Princesa dos Mares. Apesar da visão romântica que conhecemos da Disney, o livro se baseia mais no conto original de Hans Christian Andersen, trazendo uma atmosfera sombria para a história contada por Louise O'Neill. 
   Desde as primeiras páginas, percebemos que Gaia se incomoda com a forma que as coisas funcionam no reino de seu pai, se sentindo oprimida por suas regras e exigências que obrigam a ela e às demais mulheres da corte a se comportarem de maneira podada e reclusa. Seus sentimentos são intensificados por ter sido prometida a um homem muito mais velho, com quem deverá se casar ao completar 16 anos. Não bastassem todas as questões subjetivas, a sereia se questiona sobre a morte de sua mãe, buscando respostas além das que seu pai lhe dava, já que no fundo ela não confia na sua palavra e percebe que há uma manipulação no que ele diz.
  Tudo muda quando Gaia, ao subir à superfície pela primeira vez, presencia um naufrágio e, por sentir algo que nunca havia sentido antes, salva um humano do afogamento, colocando-a em confronto com as Salkas, seres marinhos que já foram humanas, mas pela maldade dos homens acabaram se transformando em criaturas sombrias que buscam vingança. Esse conflito pode gerar problemas gigantescos para o reino, uma vez que as Salkas são aliadas à bruxa do mar, com quem o Rei dos Mares já nutria certo conflito.

“Monstros ou sereias? Talvez as Rusalka sejam as duas coisas. E talvez, no fim, não sejam nenhum dos dois.”

   O medo de que seu pai descubra sobre o seu ato de misericórdia faz com que Gaia se submeta a algumas situações traumáticas e a única coisa que a mantém esperançosa é a possibilidade de reencontrar o humano por quem se encantou e de saber a verdade sobre sua mãe. Assim, ela toma a decisão de procurar a Bruxa dos Mares para selar um acordo que a daria pernas, para acessar o mundo humano, em troca de sua voz. A partir daí, a narrativa foca no sofrimento de Gaia com as pernas humanas que lhe causam uma dor excruciante e também na tentativa de conquistar Oliver apenas com sua beleza e graciosidade.

  O livro se vende como um livro feminista, no entanto, Apesar das reflexões que a edição traz em torno da opressão feminina, dos padrões de beleza e do comportamento imposto às mulheres, peca ao não representar união entre as irmãs (entre as personagens femininas, de modo geral) e em vender a ideia de vingança contra os homens. O livro brilha com as cenas em que Ceto (a bruxa do mar) aparece, completamente dona de si, confortável em seu corpo fora de padrões e poderosa.

"É o seu pai que tem insistido em me chamar de Bruxa. Este é simplesmente o termo que os homens dão às mulheres que não têm medo deles, às mulheres que se recusam à submissão."

 O comportamento da personagem principal é bem compreensível ao considerarmos que ela é uma garota de 15 anos que passou a vida condicionada a agir de determinada maneira e que quer sua liberdade, mas acaba presa a um homem que pode não ser o que ela imagina (quantas histórias parecidas vemos no dia a dia?). Não me espanta que ela tenha se empoderado tão pouco ao longo do livro, mas me incomoda que, quando isso acontece, é em forma de vingança, o que vai contra os valores do feminismo. Porém, isso não diminui a relevância das reflexões levantadas pela obra, importantíssimas para que nós, mulheres, compreendamos o local que ocupamos na sociedade e a força que todas possuímos. 

"E viver genuinamente é a coisa mais importante que qualquer mulher pode fazer"


    A edição dessa obra está maravilhosa, com uma capa sensacional e de uma delicadeza sem tamanho, mas não se deixe enganar por ela, há situações muito sombrias narradas no texto de Louise O'Neil, como estupro, abusos sexuais, e a própria descrição das feridas que surgem nas pernas de Gaia. 
  Desta forma, percebemos uma aproximação muito maior entre o livro e o conto de Andersen do que com a versão produzida para crianças com a protagonista de cabelos vermelhos.
  Apesar de compreender que a temática de vingança das mulheres contra os homens não é uma relação que o feminismo cultive, a inserção das Rusalkas (ou salkas) foi um ponto muito interessante do livro e eu gostaria de ter visto mais detalhes sobre elas. Felizmente, o próprio blog da editora fez uma postagem detalhando a origem das mesmas e a maneira como a autora a trabalhou em A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões. Você pode acessar clicando na imagem ao lado.

Ainda que não tenha sido um 5 estrelas (talvez 4), a leitura foi muito satisfatória e indico para todos que amam sereias e que querem compreender melhor o sentimento de opressão das mulheres dentro da sociedade. 

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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

TEQUILA VERMELHA, Rick Riordan

"Eu voltara para casa havia apenas dois dias e já conseguira bagunçar meu frágil relacionamento com Lillian, irritara minha mãe, traumatizara meu gato e fizera pelo menos três novos inimigos."


   Eu AMO o Rick Riordan. Qualquer um que me conhece sabe. Sei que muita gente tem lá suas críticas ao autor e eu entendo, mas não muda o meu amor. 

   De modo geral, eu não me apego muito em autores. Leio as obras e sigo em frente para o próximo. Não posso negar que o meu amor por Riordan se deve, principalmente, ao fato de que ele foi o autor que me fez pisar no acelerador da minha formação como leitora, é um sentimento nostálgico e eu leria qualquer coisa que ele publicasse. 

 Nessa vibe, me deparei com Tequila Vermelha. Eu já sabia que existiam algumas publicações do autor além das sagas, explorando um universo completamente diferente, mas ainda não tinha tido a oportunidade de ler. Eis que chegou a quarentena, não é mesmo?

   Depois de ler uma resenha extremamente simpática sobre esse livro, decidi que estava na hora de dar uma chance para Tres Navarra e, também, para a literatura policial (que não costuma estar entre minhas leituras). Posso dizer que foi uma forma muito divertida de começar e que o Riordanverso acaba de se expandir para mim. 


Editora: Record | Páginas: 414 | Ano: 1997 (2011 no Brasil) | 1ª Edição | Suspense Policial | eBook 

   Tequila Vermelha conta a história de Jackson Navarra (o terceiro de seu nome), um detetive particular que acaba de retornar para a cidade de San Antonio, após passar 10 anos afastado. Tres, como ele é chamado, não tem ilusões de ser bem recebido pela cidade da qual praticamente fugiu após presenciar o assassinato do seu pai, caso que nunca foi solucionado pela polícia local e nem mesmo pelo FBI. Os primeiros momentos do livro já nos apresentam a um personagem decidido e confiante que usa o Tai Chi para expulsar o antigo inquilino de seu apartamento e, assim, começamos a desvendar a personalidade de Tres, o que é interessante, pois muitas vezes fui surpreendida por seus diálogos que beiravam ao deboche (talvez ele não tenha muito senso de autopreservação). 

   Logo descobrimos que Tres voltou para cidade por causa de Líllian, sua antiga namorada com quem retomou contato e está a poucos passos de retomar o relacionamento. As coisas parecem estar funcionando razoavelmente, complicadas apenas por fantasmas do passado, até que tudo fica mais difícil quando Líllian é sequestrada e, mesmo que todos os alertas vermelhos gritem para que Tres vá embora e não se envolva, ele segue investigando o seu desaparecimento e não demora a fazer conexões com a morte de seu pai, a máfia e pessoas poderosas do Texas. 

  Tudo começa a fugir um pouco do controle e, mesmo recorrendo a todos os meios que tinha disponível, Tres se envolve em uma encrenca atrás da outra, chegando a ir preso. É então que somos apresentados à Maia Lee, uma advogada que ele havia conhecido em São Francisco e com quem tem muita história. Maia é essencial no desenvolvimento da história e sua personalidade abrilhanta demais a narrativa de Riordan.
  
   Tequila Vermelha é um livro muito divertido e envolvente. Preciso dizer que demorei um pouco a engrenar na leitura. Senti que a história patinava um pouco, deixando alguns elementos muito perdidos. Acredito que isso se deva a ser o início de sua carreira de escritor. Um pouco antes da metade do livro, comecei a ficar envolvida de verdade e agradeci aos deuses por ter insistido. O personagem é bastante irônico e a narração em primeira pessoa nos presenteia com vários pensamentos engraçados dele. O suspense policial não é um gênero que faça o meu estilo, mas achei interessante a construção do mistério em que cada informação encontrada gera outros suspeitos e outras dúvidas à respeito do assassinato do pai de Tres e ao sequestro de Líllian.

   Leitura Super recomendada!!! E pra quem gostar, tem mais 6 volumes que narram histórias do detetive (infelizmente, só lançado até o 2 no Brasil. Alô Editorial Record!).

     E aí, já leu?
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quinta-feira, 23 de julho de 2020

A ESPADA E A BAINHA, Luiz Junior

"Nunca notou como vocês da Terra se parecem com robozinhos? Estão sempre fazendo as mesmas coisas que resultam nas mesmas coisas e mesmo assim vocês estão sempre repetindo  e repetindo e repetindo. A alegria - que é uma característica da vida! - a alegria entre vocês não existe mais. E como se fosse algo proibido! Brincar, se divertir. Rir uns da cara dos outros..."

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Editora: Djinn | Páginas: 170 | Ano: 2020 | 1ª Edição | Fantasia e Aventura | eBook | Nacional

A Espada e A Bainha é o mais novo livro da Editora Djinn, e é uma inovação bastante interessante para os que, assim como eu, são fãs de aventura. Se trata de um livro interativo e os caminhos que tomar poderão mudar completamente a sua experiência com a leitura. Pegue um dado e vamos explorar Aventurândia ao lado de Marquinhos

   O livro narra a história de Marquinhos, um menino brasileiro de 13 anos com pais separados e que vive com a rígida avó materna enquanto sua mãe estuda no exterior. Marquinhos se mostra, desde o início, infeliz com a vida que leva, imerso em uma rotina de regras e sucos de beterraba, sendo cobrado dia a dia para ter as notas perfeitas, isso sem contar as atividades extracurriculares! Mas Marquinhos não reclama muito, sabe que é assim que as coisas são e, apesar de não gostar muito, segue realizando as mesmas tarefas dia a dia, sonhando com o dia em que visitará o pai e terá liberdade para ser jovem e aproveitar para brincar e ser jovem como não pode ser na casa da avó Vera.
  Marquinhos entra na jornada do autoconhecimento quando aparece em seu quarto um ser muito incomum, uma pequenina árvore de nome Lorde Cascudão e o apresenta à Aventurândia e ao seu destino de salvar essa terra tão mágica que vem sendo assolada pelo vilão Trevoso (isso mesmo, Trevoso), que vê um grande potencial lucrativo naquele paraíso de criaturas fantásticas. É aí que nos deparamos com a sua verdadeira busca: encontrar a Espada de Cristal e salvar a Princesa Lua para juntos enfrentarem o grande vilão. 


"- Lá na trilha... você me chamou de menino, e não de Príncipe, por quê?
Jades encarou Marquinhos, com olhos sombrios, antes de responder.
- Porque você é.
(...)
- Porque será que as pessoas me chamam de Príncipe Sol?
- Porque você será!" 

- A Espada e a Bainha é um adorável convite à experiência -


   O curioso sobre esse livro é que, em determinado momento, você é convidado a permitir que o destino decida pelos próximos passos do nosso protagonista. Nossa primeira ação interativa acontece nos capítulos iniciais de Aventurândia e te direciona a uma escolha que o personagem faz e essas escolhas mudam completamente a sua experiência com a leitura, já que os personagens envolvidos apresentam características muito diferentes, as quais somos convidados constantemente a refletir sobre. 
   Desde o início do livro o autor nos confronta com reflexões, ao final dos capítulos, que giram em torno dos nossos objetivos e do que fazemos e podemos fazer para alcançá-los. Confesso que, de início, não gostei muito dessas questões e me pareciam completamente desconectadas da narrativa, mas em determinado momento elas pareceram fazer completo sentido e posso dizer que levei uns tapas na cara (haha).

"Marquinhos abaixou a cabeça e , por um instante, ficou triste. Ele via na televisão as reportagens sobre a devastação da amazônia e sobre a poluição dos mares, sobre o aquecimento global... mas aquilo tudo parecia tão distante, tão longe da realidade dele, que ele nunca tinha prestado atenção. Mas, agora, ali... na frente dele!"

   É um livro curto, então tive a oportunidade de explorar as outras oportunidades que o livro deixa disponível. Posso dizer que as opções que seguimos nos dão uma visão completamente diferente da narrativa, e também sobre nós mesmos. Por diversas vezes me senti confrontada por questões pessoais minhas a partir da escrita de Luiz Junior e que me levaram a repensar muitas certezas que eu já tinha. A maior conclusão que eu poderia tirar é de que, não importa o final da jornada, é quem te acompanha no caminho que transforma a aventura e nos transforma. Não posso dizer que A Espada e A Bainha seja qualquer coisa menos do que um adorável convite à experiência e com essa experiência, tornamos o livro parte de nós, tanto quanto nós nos tornamos parte dele. Entretanto, não poderia deixar de dizer que senti falta de certo aprofundamento na história. Achei que, no livro, tudo foi concluído muito rápido e não há um desenvolvimento dos personagens secundários. Ainda assim, é uma leitura fluida e curta, extremamente agradável de acompanhar. 

Minha reflexão para Luiz Junior é: Todos os caminhos que trilhamos, todas as escolhas que fazemos, nos trazem exatamente para o hoje. Não adianta olhar para trás e pensar nas possibilidades perdidas, que poderiam ter nos levado exatamente para o mesmo lugar em que chegamos, mas podemos utilizar os aprendizados de hoje para construir um amanhã melhor, tomando as rédeas das nossas vidas, nos responsabilizando pelas decisões que precisamos tomar e buscando, constantemente, escolher os caminhos que nos levem para aquilo que o nosso coração realmente deseja, afinal, a aprendizagem, o crescimento acontece no caminho e não na conquista.


Imagem com fundo escuro em que há três dados posicionados lado a lado de maneira desalinhada onde se lê na parte de cima "Lance os dados, faça sua história" e na parte de baixo "A Espada e a Bainha (em breve)"
Imagem de divulgação por Luiz Junior/Instagram 

Sinopse Oficial: "Marquinhos terá uma difícil jornada pela frente. Eleito o herói que salvará a terra fantástica de Aventurândia, ele enfrentará um terrível inimigo que fará de tudo para o impedir de atingir seus objetivos. Nesta saga com seres mitológicos, fadas, gnomos, dragões e feiticeiros, você é o guia! 
Totalmente escrito a partir da ótica da Psicologia Analítica, este livro é um livro de aconselhamento para as coisas que você passa pelo dia a dia. Sempre que precisar, separe um tempo para você, pegue seu dado, lápis e papel e comece a leitura. A cada momento que for solicitado, jogue o dado, vá para o capítulo, leia e reflita sobre o que aprendeu e o que pode ser aplicado ao seu momento.
Use A Espada e a Bainha como um conselheiro para todos os seus momentos. São 576 histórias possíveis nestas curtas páginas, com resultados diferentes."

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Sobre o Autor: "Luiz Junior é formado em Design de Produtos pela Universidade Mackenzie e em Geografia pela USP, com extensão em Arqueologia pela PUC/SP e pós-graduação em Mitologia, Contos de Fadas e Psicologia Analítica pela UNIP. É astrólogo desde 2010 e autor desde 2012. Atualmente dá palestras sobre astrologia, esoterismo e mitologia nos principais eventos da área, como a Mystic Fair e a Convenção das Bruxas de Paranapiacaba. Escreve regularmente para diversas mídias, como o Jornal Cotia Agora." (Segundo o site Clube de Autores, acessado em julho de 2020). 

"As histórias são ferramentas que questionam e fazem pensar sobre nossos temas pessoais e humanos. Uma história bem contada contém elementos míticos e arquetípicos que despertam nossas histórias pessoais. Ler ativa nossas memórias mais antigas, fornecendo respostas às nossas inquietações." 
(Luiz Junior) 
Sobre a Editora: Fundada em 2018 por Leandro Zapata, a Editora Djinn nasceu para cobrir dois buracos gigantescos no mercado editorial brasileiro. A Djinn nasceu para ser uma editora de verdade. 
As grandes editoras nacionais não publicam livros de autores nacionais – ou pelo menos, são extremamente raros, caso você não seja Paulo Coelho, André Vianco ou algum YouTuber. Enquanto as editoras pequenas são apenas uma capa para o serviço de uma gráfica, já que elas não fazem o serviço de uma editora; muitas até nem leem os livros que publicam, simplesmente mandam para o revisor, fazem a diagramação e capa, imprimem e pronto. Livro publicado. 
  
   A Djinn está longe disso. 
  
   ​O Nosso primeiro diferencial é justamente oferecer o serviço de um editor, que batizamos de Apoio Editorial. Todos os nossos autores, pagos ou contratados, terão suas publicações lidas do começo ao fim; então, o editor irá apontar as forças e fraquezas dos livros editados, para que o livro tenha esteja em sua melhor forma na hora de publicar, evitando também, em casos de sagas, contradições. 
   O segundo maior buraco que a Djinn busca cobrir é a divulgação e venda dos livros. Com um plano de divulgação pré-montado e com novas ideias vindas do próprio autor, cada livro terá uma campanha de divulgação de 7 semanas, com banner, book-trailer e outros métodos. Além de um mês de pré-venda, que antecede a publicação. 
  
   E por fim, a editora visa pontualidade. Nada de publicar um livro em Junho e só receber em Outubro. Como estamos sempre fazendo tudo adiantado, no dia marcado para o lançamento, o autor já estará com o livro em mãos. 
  
   O último diferencial da Editora Djinn está na liberdade que damos ao autor de escolher. Com exceção do serviço de Revisão, todos os autores – exceto os contratados – poderão optar pelos serviços que serão aplicados em seus livros. Se o autor quer fazer a própria capa ou terceirizar o serviço porque encontrou mais barato, sem problema; se ele mesmo quer fazer sua diagramação, ok. Contudo, apenas com aprovação da editora; caso não esteja de acordo com nosso padrão de qualidade, não aceitaremos o que o autor fizer. 



quarta-feira, 24 de junho de 2020

CONTOS E LENDAS DA ESCURIDÃO, Claudio Magalhães

Da autoria de Claudio Magalhães, Contos e Lendas da Escuridão é um livro de contos obscuros que será lançado, em breve, pela Editora Djinn. Tive o prazer e a oportunidade de realizar essa leitura e devo dizer: fiquei bastante surpresa.


Editora: Djinn | Páginas: 194 | Ano: 2020 | 1ª Edição | Sobrenatural; Terror | eBook

Sinopse Oficial: Contos e Lendas da Escuridão passeia numa atmosfera neutra de nossas mentes. Coloca o terror como carro chefe de situações paranoicas que o ser humano consegue reverter a seu favor.
A magia que nos encanta desde criança cria uma expectativa fora da realidade ao depararmos com o medo. Ela expande no espaço entre céus, estrelas caem em nossos mundos, onde o sobrenatural carrega uma carga negativa nas palavras que se infiltram em nossas mentes. Desde o desespero de estar sozinho num cemitério à paranoia traumática de um caso de amor rompido.
As sensações que cada lugar nos faz sentir é retratado por um ser que está em todas as horas e em todos os lugares.

    Particularmente, eu não sou uma pessoa que costuma ler livros de terror. De modo geral, eu sempre me conecto tanto com a história que estou lendo, que acabo ficando muito tensa com livros que abordam esse tipo de tema. Além do mais, sempre me arrependo, às duas da manhã, de ter consumindo conteúdos com capacidade de me tirar o sono. Dito isso, essa é a única explicação para eu ter demorado a finalizar essa leitura, já que a escrita do Claudio conduz a leitura de maneira muito fluida. O livro traz 24 contos e todos eles conseguem ser muito diferentes uns dos outros. São eles:

O Amor de Suzane

O Herdeiro

Um Enterro

A Possessão de Teodora

O Espelho

O Mistério das Cinco Luzes

A Maldição Vodu

Um Nome para Sua Alma

As Noites do Desespero

Uma Velha Senhora

O Conde Vai Voltar

Sentinela da Noite de Vidro

O Vazio 

O Ritual

Ninguém

O Trem

Os Sonhos de Liz

Os Olhos de CATu

A Fotografia

A Janela do Silêncio

O Cavalo

Visões de um Chamado

Os Lobos Cadáveres

Do Lado de fora

O que mais me surpreendeu e agradou sobre o livro é que os contos não são simplesmente contos assustadores que te pegam de surpresa. É bem mais do que isso. O autor traz algo de perturbador nas entrelinhas, elevando as histórias a um nível além de um livro de terror que dá sustos no leitor. Me peguei pensando em várias histórias depois de finalizar a leitura e é impressionante que eu tenha conseguido me envolver tanto com alguns personagens. Acredito que se deva, principalmente, à escrita de Magalhães que consegue aproximar o leitor da narrativa, como se os acontecimentos pudessem ter se desenrolado em qualquer lugar pelas redondezas de nossas casas. Tem um ar que se relaciona às histórias assustadoras que contávamos no portão de casa durante a infância, em noites quentes de verão.
Não vou me propor a falar sobre cada conto individualmente porque são muitos e o post ficaria imenso, mas gostaria de destacar dois que mais me deixaram intrigada:

O Amor de Suzane: é um conto sobre as consequências de um pacto com o demônio que devastaram um vilarejo, levando muitas vidas. Nesse cenário, surge uma mulher, misteriosa e que atrai a atenção dos moradores. Logo descobrimos que ela está envolvida em magia negra e que a sua relação com o vilarejo é mais profunda do que se poderia imaginar. 
Esse conto me deixou bastante impressionada pela ousadia do autor em trazer temas bastante polêmicos como relações sexuais entre parentes e sacrifício. Muitas coisas nessa história foram perturbadoras para mim, mas não conseguia parar de ler, pois o autor estruturou a narrativa de uma maneira que os segredos eram revelados em momentos chave e a curiosidade era enorme. 

Um Enterro: esse conto me deixou mais triste do que assustada. Conta a história de um menino que fora sacrificado em um ritual de magia negra e agora vagava por um cemitério com medo do seu destino. Ele tem um tipo de amizade estranha com o vigia do cemitério, que tenta todos os dias lhe contar uma história, sendo sempre impedido pelo garoto. Por fim, descobrimos que essa história era uma chave muito importante para o pequeno encontrar a sua paz. 

Contos e Lendas da Escuridão foi uma experiência completamente diferente do que eu esperava. Fico muito feliz de ter tido a oportunidade dessa leitura proporcionada pela Editora Djinn, caso contrário, eu nunca teria tido contato com a escrita de Claudio Magalhães, a qual me agradou bastante e quebrou vários tabus que eu tinha sobre esse gênero literário. 


domingo, 7 de junho de 2020

OS 12 SIGNOS DE VALENTINA, Ray Tavares

"Talvez o que tire o nosso sono atualmente seja o motivo de gargalhadas no futuro, mas até esse dia chegar, tudo parece ser tão intenso"


    Os 12 Signos de Valentina é um livro nacional da autora Ray Tavares, publicado inicialmente pelo Wattpad e republicado pela Galera Record, o que ocasionou nessa capa que é a coisa mais linda no meu aplicativo do Kindle essa semana. 
 
Primeiramente, gostaria de dizer o quanto fico orgulhosa de ver jovens autores, com jovens personagens, tomando espaço na literatura. Ainda é muito comum o preconceito entre os novos leitores no que se fala de literatura nacional e é muito bom e inspirador ver o trabalho desses autores sendo reconhecido e crescendo cada vez mais. 

Editora: Galera | Páginas: 395 (ebook) | Ano: 2017 | 1ª Edição | Romance

Os 12 signos de Valentina conta a busca de Isadora pelo signo par perfeito. Enquanto faz um trabalho para a faculdade, decide experimentar cada um dos 12 signos do zodíaco, à espera do libriano perfeito. O problema é que Isa havia sido traída pelo namorado com quem se relacionou por 6 anos e ela vai perceber que se desapegar dos danos desse término não é tão simples como gostaria, ela só tem uma certeza: seu relacionamento terminou porque os signos eram incompatíveis e não quer um pisciano na sua vida nunca mais. 



Fiquei um tanto impressionada com a maturidade dos personagens apresentados por Ray. Claro que eles fazem besteiras e em alguns momentos eu tive vontade de dar uma sacudida em Isadora, mas, de modo geral, ela aprende com os erros e vai amadurecendo, percebendo as consequências de suas escolhas. 
Isadora é muito desconstruída. Tomou sua decisão de criar o blog para contar a experiência com os signos e, mesmo recebendo críticas, não mudou o seu ponto de vista de que era livre para fazer o que quisesse e ninguém tinha absolutamente nada a ver com isso. Além disso, preciso falar de Andrei, que é o cara mais maduro que já presenciei na literatura, sério. Não é de se criticar que tenha mexido tanto com a cabeça da nossa querida personagem principal. 

Não posso deixar de mencionar que Ray Tavares traz, de maneira bem natural e leve, questões importantíssimas como privilégios, consequências de drogas, adoção. Além disso, a escrita e a história são bastante fluídas, o que tornou a leitura muito rápida e, sinceramente, é impossível não devorar o livro em poucas horas. Com algumas falas que poderiam facilmente ter sido ditas por mim, e bastante humor, Os 12 signos de Valentina conquistou meu coração.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

O ÓDIO QUE VOCÊ SEMEIA, Angie Thomas


“Às vezes, você pode fazer tudo certo, e mesmo assim as coisas dão errado. O importante é nunca parar de fazer o certo.”

É muito comum que eu leia um livro e ele me acompanhe por muito tempo, retornando à minha mente várias e várias vezes e em momentos diversos, bizarros, inoportunos e lindos. Sempre procuro incluir nas minhas leituras histórias que possam contribuir para me tornar uma pessoa melhor e foi assim que O Ódio que Você Semeia entrou na minha biblioteca  virtual essa semana e sei que será um desses livros que continuam voltando aos pensamentos.
Se você não foi abduzido na última semana, com certeza sabe de todas as movimentações que têm acontecido em torno dos temas raciais e o tanto de discussões importantíssimas que vêm sendo levantadas com a tag Black Lives Matter. Como um Blog Literário, esse post não poderia ser nada menos do que sobre um livro e quis buscar o livro mais contextual ao momento possível.

“Já vi acontecer um monte de vezes: uma pessoa negra é morta só por ser negra e o mundo vira um inferno. Já usei hashtags de luto no Twitter, repostei fotos no Tumblr e assinei todos os abaixo-assinados que vi por aí. Eu sempre disse que, se visse acontecer com alguém minha voz seria a mais alta e garantiria que o mundo soubesse o que aconteceu. Agora, sou essa pessoa, e estou morrendo de medo de falar.”

Editora: Galera Record | Páginas: 438 (eBook) | Ano: 2017 | 1ª Edição | Temas Sociais

O Ódio que Você Semeia conta a história de Starr, uma jovem negra que vive duas realidades distintas diariamente: é estudante de uma escola particular em que a maioria é composta de brancos e ricos, mas a sua vida pessoal acontece em um bairro de condições financeiras mais simples em que predomina a cultura negra. Starr transita entre as duas partes de sua vida com excelência e bem quando questionamentos, sobre sua identidade e o seu real lugar, começam a surgir, ela presencia o homicídio do seu melhor amigo em uma abordagem policial da qual ela se torna a única testemunha. A partir daí, sua vida nunca mais será a mesma. Sofrendo diversas influências depois do ocorrido, diversas reflexões tomam conta de seus pensamentos e ela percebe que as atitudes precisam ser maiores.
Não é difícil se conectar com os sentimentos da protagonista, mesmo que não vivenciemos as mesmas experiências que ela. Não é um livro leve, há uma tensão muito bem construída e que tem muita força por saber que não se trata de uma simples narrativa, mas da vivência que muitas pessoas presenciam e sentem na pele todos os dias. As reflexões que Angie traz são muito necessárias e não podem ser ignoradas. Não há mais espaço na sociedade para aceitarmos discursos e ações que segregam. 
Apesar do tema difícil, a leitura flui muito bem. Starr narra sua vida de uma maneira que desnuda o racismo estrutural e as pequenas atitudes preconceituosas que crescem e se tornam algo maior, mais cruel e mortal. Esse livro deveria estar em todas as salas de aula do Ensino Médio dado o seu potencial para contribuir na formação de gerações mais justas, unidas e, verdadeiramente, humanas.
E TEM FILME!!!
Uma grande oportunidade para engajar na leitura é assistir o filme, que tal adicionar à sua lista? Clica na foto abaixo para assistir o trailer:

 ☛ Alguns sites para ficar mais informado sobre a Cultura Negra:

A Cor da Cultura | Revista Raça Brasil | Mundo Negro | Fundação Cultural Palmares 


quarta-feira, 27 de maio de 2020

EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS, Clare Vanderpool

"Minha mãe tinha razão. Nossas vidas são todas entrelaçadas. É só uma questão de ligar os pontos."


     Fazia um tempo que eu queria adquirir uma obra publicada pela Darkside porque, vamos falar a verdade, as edições são todas maravilhosas. Em Algum Lugar nas Estrelas é um livro tão bonito, visualmente, que arranjei um lugarzinho especial para ele na minha estante. Uma verdadeira obra de arte que me surpreendeu desde a capa e ilustrações lindas, à qualidade do material das páginas. Dá pra sentir o amor com a obra e isso faz a leitura ser ainda mais agradável. 

Editora: Darkside | Páginas: 288 | Ano: 2016 | 1ª Edição | Aventura e Fantasia | Capa Dura

    O livro conta a história do menino Jack que, ainda sofrendo pela morte da mãe, vai viver em um internato enquanto seu distante pai cumpre suas missões na marinha durante a segunda guerra mundial. Jack tem algumas dificuldades de adaptação que o levam a se aproximar de Early, um menino estranho que não comparece às aulas que não o interessam e que conta uma história através do número Pi. As histórias de Early vão muito além do que       Jack imagina e logo os dois partem em uma aventura repleta de emoção e imaginação. 
A leitura desse livro me aqueceu o coração. É lindo o desenrolar da amizade de Jack e Early e a maneira como Jack vai aprendendo a respeitar as peculiaridades da personalidade de Early e também o modo de lidar com essas estranhezas. É uma verdadeira lição de respeito e tolerância para uma sociedade que mais exclui do que aproxima.

   Um alerta: não espere uma narrativa extremamente realista, o livro permite uma liberdade imaginativa muito grande e em vários momentos me questionei se a situação estava mesmo acontecendo ou era fruto da imaginação dos garotos. 

    Eu não poderia recomendar menos essa obra. É o tipo de livro que deveria reunir a família e os amigos para conhecer junto, se encantar junto. Nem mesmo tenho palavras para descrevê-lo completamente, é necessário sentir para entender. 

Fiquem com algumas imagens dessa edição maravilhosa
Um beijo e até a próxima!!!


 








sexta-feira, 22 de maio de 2020

Cinco livros em Cinco dias: é possível?

Essa semana decidi reativar e atualizar o meu perfil no Skoob e percebi duas coisas: 

1º: Eu cheguei a ler 150 livros em um ano; 

2º: Nas férias eu costumava ler um livro por dia; 

Pensando nessas duas coisas e na dificuldade que eu tenho encontrado em retomar o meu hábito de leitura depois da faculdade (que foi o que mais me afastou dos livros), decidi me desafiar a ler 5 livros em cinco dias e, sim, foi possível! Estou muito feliz de ter descoberto, hoje, que já sinto falta da leitura quando demoro muito a pegar uma nova obra e que o meu tempo lendo foi muito mais produtivo e satisfatório do que as horas que eu vinha passando nas mídias sociais. Sem mais delongas, vamos aos livros: 

TODOS NÓS VEMOS ESTRELAS: Trombei com esse livro no Amazon Prime de maneira completamente aleatória e decidi dar uma chance. A narrativa é sobre uma garota reclusa no mundo dos livros que acaba vivenciando diversas situações ao lado do personagem do seu livro favorito. Fiquei um pouco decepcionada com a leitura porque o livro tem um grande potencial que não é muito aproveitado. As referências às sagas famosas são um ponto alto.

 

VERITY: Já saiu resenha no Blog sobre a obra de Collen Hoover e devo dizer que Verity foi uma das melhores leituras dessa semana. Me senti eletrizada o tempo todo acompanhando a trajetória de Lawer enquanto ela descobria os segredos em torno de Jeremy, sua esposa e as misteriosas perdas pelas quais passaram


EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS: Esse foi o livro mais lindo que tive o prazer de ler nesse desafio. É Encantador observar o desenrolar da amizade dos meninos Jack e Early e perceber as nuances da personalidade de Early e o que elas significam. Além de ser uma aventura (meu gênero preferido), o trabalho da Editora Darkside foi incrível, tornando o livro uma verdadeira obra de arte.


OS 12 SIGNOS DE VALENTINA: Divertido, Clichê, Leve. Esse livro foi a melhor escolha possível para uma quinta feira em que eu já estava um pouco cansada de tanta leitura (to desenferrujando). A autora traz uma narrativa agradável e o desenrolar de um romance que acaba se mostrando bastante maduro. De maneira sutil, insere algumas reflexões importantes para os dias atuais e isso não tira a leveza do livro em momento algum. 


TUDO E TODAS AS COISAS: Esse é um livro que me impressiona pela maturidade da personagem principal em aceitar as limitações que a sua doença a impõe. Claro que o romance com Olly é a coisa mais doce que se poderia esperar do primeiro amor de uma garota que nem mesmo tem contato com o mundo externo à sua bolha, mas o final me arrasa. Teria sido mais emocionante se eu não tivesse visto o filme antes, mas ainda assim, uma leitura maravilhosa para fechar uma semana tão cheia. 


E aí, topa o desafio? 
Um beijo e até semana que vem!

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