sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

SALEM, Stephen King

"Deus, dai-me SERENIDADE para aceitar o que não posso mudar, TENACIDADE para mudar o que posso e SORTE para não fazer muita merda."

Recentemente, adentrei no universo de Stephen King através da leitura de Joyland, que se tornou um dos meus livros favoritos de 2020. Para esse ano, minha meta era adicionar mais um livro do autor ao meu repertório literário, mas depois da experiência que foi a leitura de Salem, imagino que muito mais de King chegará às minhas prateleiras em breve.

Editora: SUMA | Páginas: 464 | 2007 | 1ª Edição | Suspense; terror; sobrenatural

Salem é mais do que a história de personagens centrais. Pode-se dizer que a grande protagonista é a própria cidade de ‘Salem’s Lot, onde conhecemos logo de início o escritor Ben Mears, que acabara de retornar e está buscando exorcizar seus próprios demônios e esse é o grande combustível para a primeira metade da história que acaba por girar em torno da Casa Marsten, um antigo casarão que assombrava as memórias e pesadelos de Ben. Toda essa questão da casa trouxe uma reflexão sobre o medo - e o amadurecimento destes - que dá um tom diferenciado à obra de King e, pessoalmente, eu mesma fui influenciada a questionar meus próprios medos e o que me tira o sono à noite.

“Acho que é relativamente fácil para as pessoas aceitarem coisas na telepatia e na parapsicologia, porque não lhes custa nada. Não lhes tira o sono à noite. Mas a ideia de que um homem pode morrer e deixar o mal como legado é muito mais perturbadora

Os outros personagens centrais também são cativantes. A mocinha que quer ir para a cidade grande e se livrar do controle dos pais, o professor que se mostra muito mais aberto ao sobrenatural do que imaginaria estar um dia e um médico que precisa renunciar à ciência para reconhecer o terror que passa a banhar ‘Salem’s Lot. Não posso esquecer, é claro, de Mark Petrie, um garotinho que brotou na história com uma coragem impressionante e que foi essencial para o desenrolar da luta contra os seres da noite. No entanto, o que mais me fez amar Salem foi a construção da cidade. Sei que esse é um dos motivos para muitas pessoas tirarem pontos na avaliação da obra, mas eu achei genial. O autor nos apresenta aos moradores e aos seus costumes, sua rotina. De maneira sutil, esses nomes vão sendo registrados pelo leitor e, quando algo acontece a alguém, é como ficar sabendo de uma notícia sobre algum conhecido com quem esbarramos por aí diariamente.

Algumas subtramas acabaram por ficar pouco desenvolvidas, porém, isso não me incomodou, uma vez que havia muitas coisas acontecendo e isso não alteraria nada na história afinal de contas. Também não há muito o que falar sobre o vilão. O grande terror de Salem está no pré confronto, quando pequenas situações aterrorizantes começam a acontecer e os personagens não sabem com o que estão lidando. Tudo o que vem depois da revelação do inimigo fica transitando na sensação de que a qualquer momento tudo pode vir abaixo (e era nessas horas que eu gritava para Ben desaparecer daquela cidade).

A escrita de King é muito cativante. Eu já havia citado a minha admiração por seu detalhismo que faz tudo se tornar muito visual sem ser descritivo demais. Após a leitura, descobri que esse é o segundo livro do autor e que ele é inspirado em o Drácula de Bram Stoker, talvez, por isso tantos elementos clássicos e conhecidos popularmente estejam presentes aqui. Descobri-me alguém que gosta de histórias de terror (apesar de não gostar dos filmes do gênero) e Stephen King já está entrando para a minha lista de autores favoritos.

Esteja preparado para ficar angustiado por boa parte das 464 páginas!
 
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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

CASTELO DAS ÁGUAS, Juliana Cherni

"Era triste ouvir que um dinossauro criado em sua mente poderia entendê-la melhor que eu, mas eu aceitava, pois somente estando dentro de sua mente para saber o que ela realmente queria. Como ele foi criado por ela, ele teria as palavras certas. Já eu, nem sempre."


"As gêmeas Claire e Hazel McQueen tinham tudo para ter uma vida normal na linda cidade portuária de Silent Rocks. No entanto, as coisas fugiram um pouco da normalidade para sua família quando os amigos imaginários da infância de Hazel continuaram presentes à medida que ela crescia, levantando suspeitas em relação à sua sanidade mental.
Desgastes familiares, uma confusão em um evento importante, seguido pelo afastamento dos amigos, fez com que a família desse início a uma busca incansável por um diagnóstico.
Contudo, as coisas pioram quando Hazel descobre que a irmã vai embora da cidade para cursar biologia marinha e passa a acreditar piamente estar vivendo um romance com um tritão.
Claire precisa ter certeza de que a irmã ficará bem durante a sua ausência e vai contar com a ajuda de Alex, um amigo de infância que sempre foi apaixonado por Hazel."

Editora: Independente | Páginas: 176 | 2020 | 1ª Edição | Fantasia

Pensei muito antes de trazer a resenha dessa obra para o blog. Me faltavam - e ainda faltam - as palavras para descrever a sensibilidade de Juliana Cherni ao apresentar Claire e Hazel.

A narrativa de Cherni nos apresenta às gêmeas McQueen, inseridas em uma sociedade superficial e com uma mãe que de tudo fazia para se encaixar em meio às mulheres da alta sociedade, deixando as necessidades das filhas em segundo plano e negligenciando, principalmente, Hazel, que mostrava necessitar de uma atenção especial. Desde o início da narrativa , percebemos o quanto Claire é prejudicada nessa relação, uma vez que acaba por se tornar uma substituta para a mãe nos cuidados de Hazel e, dentre todos os acontecimentos constrangedores pelos quais passam, as gêmeas acabam por encarar o lado mais sujo da humanidade: o preconceito.

A obra é carregada de emoções e eu perdi a conta de quantas vezes cheguei às lágrimas. Observar tudo da perspectiva de Claire revela o amor gigantesco que ela sente pela irmã, além de nos conectar com seus sentimentos e perceber que, mesmo tendo que abrir mão de uma vida normal, ela faria tudo de novo e de novo para proteger sua gêmea. E não é que a vida delas não pudesse ser normal, poderiam facilmente conviver nos círculos sociais, cultivando amigos e aproveitando de tudo que Silent Rocks tinha para oferecer. O que as impedia era todo o julgamento que Hazel recebia, sendo tratada, frequentemente, como louca e recebendo diversos tipos de agressão pelo simples fato de ser diferente dos demais.

"Muitas vezes não nos damos conta do tempo que temos pela frente. Não faz ideia de quantas pessoas você irá conhecer e quantas ainda irão te decepcionar. Nunca mendigue atenção daqueles que não valem a pena, pois você sabe seu valor. Aqueles que conseguirem enxergar isso, farão de tudo para ficar ao seu lado."

Apesar de ser um livro de fantasia, esses elementos fantásticos estão, na maior parte do tempo, dentro da cabeça de Hazel. É emocionante e tocante a maneira que ela encontra de se refugiar dos ataques que sofre. Insisto em refletir se a vida das duas poderia ter sido diferente se elas tivessem sido acolhidas por todos como foram por alguns personagens que surgiram pelo meio do caminho. Gostaria que o final tivesse tomado um rumo diferente, no entanto, mas entendo a intenção da autora de abraçar o mundo de fantasia daqueles que são como Hazel. Castelo das Águas é a representação de como uma vida pode ser destruída pelo bullying e pelo preconceito, mas também pode ser definido como uma lição de abnegação, empatia e de verdadeiro amor.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O CONTO DA AIA, Margaret Atwood

“Talvez eu não queira saber de verdade o que está acontecendo. Talvez eu prefira não ter conhecimento. Talvez não possa suportar o conhecimento. A Queda foi uma queda da inocência para o conhecimento.” 

Editora: Rocco | Páginas: 368 | 2017 | 1ª Edição | Distopia

É muito curioso ter tanto a dizer sobre O Conto da Aia e não saber como colocar isso em um post. Há algum tempo venho me engajado em consumir conteúdos que tragam uma reflexão em torno do papel da mulher na sociedade, mas nenhum bateu tão forte quanto essa leitura. O livro acompanha Offred/June, uma mulher que teve sua liberdade tirada de si, assim como todas as mulheres situadas em Gilead. O país passou por transformações devido à baixa natalidade e que tiveram como suporte dogmas religiosos extremistas. Dessa maneira, Offred se torna uma aia, a pessoa cuja única função social é dar à luz a um bebê que será entregue à família do comandante a que serve.

Entre reviravoltas e acontecimentos perturbadores, Atwood faz com que uma realidade completamente absurda se aproxime muito da nossa sociedade atual. Em pequenos diálogos e atos hediondos, percebemos o quanto a mulher ainda é vista por muitos como obrigada a ter filhos, ainda que não queira, porque "esse é o nosso destino biológico". Outros estereótipos, como as Marthas, estão presentes na obra. A mulher que deve cozinhar, a mulher que deve ser esposa, a mulher que deve dar frutos... Até mesmo as mulheres que se encontram em uma posição, mínima, de poder são o espelho da opressão e da silenciação feminina.

Adorei a maneira como a autora construiu essa narrativa. De início tudo parece descritivo demais, mas aos poucos vamos sendo envolvidos e nos adaptamos a ver as coisas pelos olhos de Offred de maneira que parece estarmos, de fato, acompanhando seus pensamentos. Essa foi a minha última leitura de 2020 e achei um ótimo fechamento de ano. Mesmo já tendo assistido a série, a leitura é sempre outra experiência.

Segue a Sinopse Oficial:

"O romance distópico O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras mais importantes da premiada escritora canadense, conhecida por seu ativismo político, ambiental e em prol das causas femininas, O conto da aia foi escrito em 1985 e inspirou a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original), produzida pelo canal de streaming Hulu em 2017. As mulheres de Gilead não têm direitos. Elas são divididas em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado. A Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar, depois que uma catástrofe nuclear tornou estéril um grande número de pessoas. E sem dúvida, ainda que vigiada dia e noite e ceifada em seus direitos mais básicos, o destino de uma aia ainda é melhor que o das não-mulheres, como são chamadas aquelas que não podem ter filhos, as homossexuais, viúvas e feministas, condenadas a trabalhos forçados nas colônias, lugares onde o nível de radiação é mortífero. Com esta história assustadora, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente."

- NOLITE TE BASTARDES CARBORUNDORUM -

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

DE VOLTA PARA CASA, L. A. Casey

"As pessoas tomam as próprias decisões, qualquer que seja a situação. Se fazem alguma coisa, é porque elas decidiram fazer. Não é sua culpa."


Editora: AllBook | Páginas: 278 | 2020 | 1ª Edição | Romance Contemporâneo

De Volta para Casa chegou até mim por meio das cortesias do Skoob e antes disso eu não sabia absolutamente nada sobre o livro. A Capa não nos diz muito sobre a história e a sinopse não revela metade da intensidade que a obra de Casey transborda.

Engana-se quem pensa que De Volta para Casa é um simples romance. Logo no início da narrativa descobrimos que Lane não fala mais com sua família e o único laço que ainda tinha com essa parte de sua vida acabara de se partir com a morte do seu tio Harry. Voltando para sua cidade natal, a protagonista precisa encarar seus antigos fantasmas e, não suficiente o sofrimento pela morte de sua pessoa favorita no mundo, antigas feridas são reabertas no momento em que reencontra Kale Hunt. 

Apesar de parecer ser um romance clichê em que amigos se apaixonam e não podem ficar juntos, a autora vai muito além disso. O formato da narrativa (alternando passado e presente) vai revelando o surgimento dos conflitos no passado, enquanto Lane tenta lidar com eles no presente. Por vezes, durante a leitura eu pensei "caramba, o que mais falta acontecer com essa mulher?" e, apesar de todas as coisas horríveis pelas quais passa, Lane vive seu sofrimento e depois se levanta, segue em frente e encara o próximo obstáculo, porém, não sem ser abalada por eles. É bem evidente o quanto ela está quebrada e sem rumo. Não é difícil ser levado às lágrimas por tanto sofrimento e pelas tentativas de encontrar a felicidade. 

De Volta para Casa trata, entretanto, de temas muito profundos dentro do ambiente familiar. As mágoas da protagonista contrastam com as mágoas dos seus familiares de maneira muito intensa. O leitor consegue, facilmente, compreender os sentimentos dos personagens e entender suas motivações, medos e receios. Dessa maneira, é lindo observar seu crescimento e imaginar um final feliz que parece impossível diante de tantos problemas que se apresentam página após página. 

Uma leitura inesperada que foi, definitiva e literalmente, um presente!
@prateleirasdeaquarela

sábado, 19 de dezembro de 2020

JOYLAND, Stephen King

"Quando se tem vinte e um anos, a vida é um mapa rodoviário. Só quando se chega aos vinte e cinco, mais ou menos, é que se começa a desconfiar que estávamos olhando para o mapa de cabeça para baixo"



Editora: Suma | Páginas: 240 | 2015 | 1ª Edição | Thriller e Suspense

Em 2020 eu me permiti explorar e expandir as minhas leituras, buscando criar uma diversidade maior, trazer clássicos e autores consagrados dos quais eu me envergonhava não ter lido nada ainda. Fazia tempo que eu queria ler uma obra do King. Eu não sou uma grande fã do terror, no entanto, e, após ver vários comentários sobre Joyland, decidi que seria meu ponto de partida.

“Quando se trata do passado, todo mundo escreve ficção.”

O livro acompanha Devin Jones, um jovem universitário que arranja um emprego de verão no parque de diversões Joyland. Devin está passando por um momento complicado em seu relacionamento, o que acaba fazendo com que Joyland seja todo o ponto central da sua vida. Devin fica sabendo, logo antes de começar no trabalho, que há uma história de fantasma rondando o parque: se trata de Linda Grey, uma garota que fora assassinada em uma das atrações e dizem assombrar o trem fantasma desde então. Mas não se engane com esse pano de fundo. Diferente do que eu esperava, as menções ao fantasma são pouquíssimas e não há partes assustadoras, é tudo mais em torno de uma comoção à situação do assassinato e uma empatia de Jones em relação à moça ainda presa ao local de sua morte.

A primeira metade do livro trata muito da vida do protagonista no parque e de seus sentimentos em relação ao seu primeiro amor com quem vem a romper ao longo da narrativa. O personagem é muito cativante e o próprio é o grande fator que faz com que a leitura seja fluida, por mais que não haja grandes acontecimentos pelas primeiras 100 páginas. Não demora para que Dev fique interessado em desvendar mais sobre o caso de Linda Grey e, com a ajuda da amiga Erin Cook, encontre informações que possam levá-lo a desvendar o assassino e o seu paradeiro. Apesar de parecer que Devin é o grande investigador dessa história, a sensação que eu tenho é que ele apenas deixava os acontecimentos se desenrolarem e a ajuda que recebeu foi fundamental para começar a compreender melhor as evidências do assassino. É impossível falar dessa ajuda sem citar Mike, um menino com distrofia muscular que carregava o dom da visão, fundamental na narrativa e por quem é fácil criar um carinho. 

“- Mas havia alguma coisa ali. Eu soube naquele momento e sei agora. O ar estava mais frio. Não o bastante para que minha respiração virasse vapor, mas definitivamente mais frio. Meus braços, pernas e virilha formigaram com arrepios e os cabelos na nuca ficaram em pé.”

Ter uma expectativa diferente do livro não fez a narrativa ser menos interessante. Devin me cativou nas primeiras páginas e me ganhou de vez ao descrever suas performances com as crianças, exibindo uma alegria e um contentamento contagiantes. O autor conseguiu fazer o trabalho pesado no parque parecer, de fato, uma grande aventura e me senti um tanto nostálgica desses momentos em que somos apenas jovens com todo um futuro pela frente. Aliás, a escrita do King me pegou. Já estou em busca de outras obras porque eu fiquei completamente fascinada pela maneira detalhista que o autor escreve sem tornar o livro cansativamente descritivo e se dedicando `à construção de personagens tão completos. 

Aparentemente, dezembro é o mês em que todos os livros lidos se tornam favoritos!

@prateleirasdeaquarela 

 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

DAISY JONES & THE SIX, Taylor Jenkins Reid

PROCURO: Pessoas que me ensinem como superar o fato de que Daisy Jones and The Six não são uma banda real.

Esse ano, conforme começava a adentrar no mundo dos Bookstagrans, observei uma grande euforia em torno das obras de Taylor Jenkins Reid. Não dei muita bola, sempre na tendência a fugir dos livros que se tornam muito populares tão rapidamente. Não esperava, no entanto, que Taylor entraria para a lista dos meus autores favoritos. Após me apaixonar por Evelyn Hugo e iniciar uma busca fracassada de encontrar livros que me fizessem me apaixonar tanto quanto a primeira obra que consumi da escritora, me rendi, finalmente, à Daisy Jones & The Six e, cara... Nem sei muito bem como continuar esse post sem parecer fanática.


Editora: Paralela | Páginas: 409 | 2019 | 1ª Edição | Ficção; Romance

"É isso o que todo mundo quer da arte, não? Ver alguém expor os sentimentos que existem dentro de nós. Arrancar um pedaço do seu coração e mostrar para você. É como ser apresentado a uma nova faceta sua."

O livro narra a trajetória de Daisy Jones e da banda The Six em um formato diferenciado: é como se todo o livro fosse parte de uma grande entrevista em que todos os envolvidos com a banda dão o seu ponto de vista de diversos acontecimentos e assim vão construindo a história. Confesso que em um primeiro momento esse formato me pareceu desgastante e achei que a leitura não ia engrenar. Como eu estava enganada! Ao fim do primeiro capítulo, a narrativa dos personagens já está tão entrosada que é impossível desgrudar das páginas sem saber o que virá a seguir. 

"Em algum momento, é preciso reconhecer que não dá para controlar o que os outros fazem, e que dar um passo e se preparar para amparar a pessoa quando ela cair é o máximo que você pode fazer."

A obra de Taylor apresenta questões bastante profundas em um contexto que poderia parecer apenas diversão e fama. Logo de início, já percebemos o quanto o abuso de drogas e álcool interferem nas carreiras e nas vidas pessoais dos personagens. A autora apresenta a questão do vício de uma maneira bastante crua, principalmente em Billy, mostrando que buscar tratamento e redenção pode ser uma luta diária e que a negação pode ser o combustível para o desastre. 

"Teve um dia que Graham sentou na beirada da parte mais funda. Nessa época ele ainda não sabia nadar. Eu estava de pé do lado dele, e ouvi uma voz na minha cabeça dizer: Não tem nada que me impeça de dar um empurrão nele. E esse pensamento me deixou apavorado. Não porque eu queria empurrá-lo. Eu nunca faria isso, mas… o mais assustador era que a única coisa que separava um momento de tranquilidade da maior tragédia da minha vida era uma simples escolha de não fazer aquilo."


Me impressiono com a capacidade de Jenkins criar personagens tão viscerais, tão reais. Suas personalidades e vidas são muito palpáveis e por vezes é difícil acreditar que não são pessoas que realmente existiram (o que me corta o coração porque tudo que eu queria era correr para o Youtube e ouvir Regret me ou This could get Ugly e essa foi minha única decepção). Talvez o que eu tenha gostado mais tenha sido o modelo de narrativa, uma vez que isso abre uma possibilidade gigantesca de pontos de vista. Por mais que você leia certas coisas e pense "isso é meio absurdo", é muito fácil observar que é apenas a visão pessoal do personagem e não um posicionamento da autora, o que dá liberdade para que surjam características muito humanas, dotando os protagonistas de qualidades, defeitos e sentimentos muito verdadeiros e, muitas vezes, confusos e perturbadores. Como superar esse impacto? 

https://www.instagram.com/prateleirasdeaquarela/



sábado, 12 de dezembro de 2020

KALCIFERUM, Andrei Fernandes


Editora: Penumbra Livros | Páginas: 332 | Ano: 2019 | 2ª Edição | Fantasia

Trombei com Kalciferum enquanto procurava eBooks gratuitos no Kindle e decidi dar uma chance a essa leitura porque adorei essa capa e a sinopse me deixou bastante curiosa sobre a fantasia criada por Andrei Fernandes. 

"No final de sua vida, vai olhar para trás e vai perceber que todos os nós que fez pelos anos o levaram para o único e óbvio caminho."

A obra apresenta Rafael, um jovem que está no fundo do poço, perdeu a mãe recentemente e está vivendo à base de seu seguro desemprego que está prestes a vencer. Desconcertado com essa situação, o personagem conhece sua nova vizinha Ariane com quem simpatiza de cara, mas que ao oferecê-lo uma leitura de tarô revela que a sua vida está prestes a passar por reviravoltas que estarão ligadas diretamente às suas escolhas. Os acontecimentos seguintes levam Rafael a fazer as escolha de trabalhar em uma grande empresa na cidade de São Paulo, onde vive e lá ele conhece Cal, um estagiário um tanto mal educado que posteriormente se revela como um demônio. A situação toda não só revela para Rafael a existência de um mundo sobrenatural oculto, como também o arrasta para dentro dele no momento em que Cal o manipula a assinar um contrato que liga os dois.

Acho um tanto difícil de descrever Kalciferum porque são muitos acontecimentos dentro de uma única narrativa. O livro é muito divertido e carregado de muitas cenas de ação e criaturas sobrenaturais. Rafael passa muita verdade, sua situação financeira representa a situação de muitos brasileiros, no entanto, o autor consegue criar essa ambientação sem tornar tudo triste e arrastado, dando a sensação de que o protagonista está rindo da própria desgraça. Andrei enriquece a história com diversos seres sobrenaturais inimagináveis, repleto de diversos tipos de demônios, bruxas e diferentes mitos, o livro não se torna maçante e é muito fácil devorar suas páginas enquanto Rafael adentra no mundo oculto e enfrenta diversos imprevistos.

A criatividade de Andrei Fernandes é um presente para a Literatura Fantástica brasileira. Fiquei impressionada com o quão distante sua capacidade imaginativa foi para abranger e interligar tantas mitologias em uma única obra. Só gostaria que ele tivesse aprofundado um pouco melhor os personagens secundários, alguns parecem ser representações muito vazias e as emoções são pouco reais, difícil se conectar com seus sentimentos. No mais, uma grande estreia para o autor e uma leitura imersiva bastante interessante e que apresenta um demônio bastante sarcástico e enigmático que rouba a cena mesmo com toda a sua discrição. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

PÓSTUMO, Leandro Zapata

Escrito por Leandro Zapata, Póstumo conta a história de Leonard Ross, um rapaz comum que acaba perdendo sua vida durante um assalto após fazer um acordo com a Morte para salvar sua amada Elena daquele mesmo destino. Por que a Morte faria esse tipo de acordo? Pelos próprios interesses. Após deixar seu corpo, Leonard precisa enfrentar o julgamento e descobrir se será capaz de ultrapassar os portões do paraíso para cumprir sua função no trato firmado. 


“Eu te amo muito. Não sei o que vai acontecer agora, de fato, nem sei se nada disso é real. Mas, se por acaso for, eu te prometo uma coisa: Se houver uma forma de voltar pra você, eu a encontrarei”

As primeiras páginas do livro são bastante movimentadas. Podemos conhecer um pouquinho do protagonista e da sua devoção por Elena. Dessa maneira, é muito compreensível que ele tome a decisão de salvar sua vida quando tem a escolha. Chega a ser agoniante observar um casal apaixonado se desmanchando por uma situação de violência e daí já percebemos que a vida - e a morte - de nenhum deles será a mesma depois da tragédia. É de se esperar que a vida de Elena siga seu caminho sem nenhuma interferência sobrenatural, porém, no enterro de Leonard, ela é surpreendida por um homem sombrio que a presenteia com uma estátua do deus egípcio Anúbis, que a permite ter visões de seu parceiro no pós vida. 

Falando em pós vida, Zapata constrói uma visão de Paraíso bastante curiosa. Leonard encontra um paraíso um pouco mais movimentado do que se poderia esperar e apesar de todas as semelhanças com a Terra, o próprio sente que há diferenças essenciais e a falta que sente de Elena o atormenta. Não bastasse toda a mudança pela qual está passando, há uma guerra em formação, marcada pelo retorno dos Filhos do Abismo que lutam contra os anjos pelo controle celestial. 

O livro é narrado a partir de alguns pontos de vista diferentes, nos dando uma visão ampla dos acontecimentos e os amarrando para uma construção da Guerra e do papel de Leonard nisso. O autor constrói personagens palpáveis, com sentimentos muito reais e em um processo de luto bastante verdadeiro. Fui felizmente surpreendida pela participação de Elena ao longo da narrativa e adorei que o escritor não teve medo de ousar em agregar deuses de diferentes panteões em sua história na construção de uma mitologia diversa e bastante fluida. Algumas pontas ficaram soltas, mas é o esperado, uma vez que se trata do primeiro livro de uma série. Aguardando ansiosamente pela leitura do próximo volume!

“A verdadeira morte é o esquecimento”

- Post em parceria com a Editora Djinn -

sábado, 14 de novembro de 2020

AS PROVAÇÕES DE APOLO: A TORRE DE NERO, Rick Riordan

Vou começar essa postagem dizendo que isso não tem a pretensão de ser uma resenha e que tem muita emoção envolvida sobre esse livro e tudo o que veio antes dele. 


   Para contextualizar, quero deixar bem claro que eu sou uma grande fã de Percy Jackson e que esse universo faz parte da minha vida há pouco mais de 10 anos. Mais do que fazer parte da minha vida, posso dizer que Percy Jackson e os Olimpianos é a razão pela qual eu posso dizer hoje que sou leitora. Antes da saga de Riordan, eu já havia lido vários livros e tinha gostado de conhecer histórias por meio da leitura, mas foi com o Acampamento Meio-sangue que eu me senti, pela primeira vez, transportada para dentro das páginas de um livro.

   Tive esse grande envolvimento pela primeira saga e a segunda também fluiu bem, mas quando cheguei em As Provações de Apolo, a terceira saga, senti que faltava alguma coisa, algo que eu não sabia explicar muito bem, mas que fazia a leitura ser muito menos fluida do que as anteriores... Até que eu entendi que o problema era o próprio Apolo hahaha. Ironicamente, com o avanço dos livros e enquanto Apolo se tornava menos Apolo e mais Lester, fui simpatizando mais com ele e os livros foram se tornando cada vez mais interessantes, explorando a questão dos Imperadores de uma maneira que chega a causar uma reflexão sobre o poder que damos as pessoas com a nossa "adoração". 

   Amei ver um pouco de personagens já conhecidos, mas também foi extremamente sensível todo o plot em torno da Meg e dos abusos psicológicos que sofria. Aliás, Apolo/Lester reflete muito sobre alguns tipos de abuso, principalmente os que ele mesmo cometeu ao longo de sua existência divina, o que eu acho que dá um tom um pouco mais responsável para uma literatura Infanto/Juvenil. Essa é uma das coisas que admiro em Rick, a facilidade em tratar de temas que precisam mesmo ser tratados sem tornar a narrativa carregada por essas tensões. 



     Apesar de ter começado a gostar dos anteriores, preciso dizer que A Torre de Nero é o meu favorito dessa saga. Talvez eu já estivesse repleta de toda uma nostalgia por saber que essa será a última dentro do universo de Percy Jackson, não vou negar, mas a história se desenrola de maneira tão mais fluida e os personagens fazem tão mais sentido agora, que cada página era como estar de volta ao Ladrão de Raios. Quero atentar para o fato dos livros trazerem representatividade em vários níveis e gostaria de ver mais dos personagens com limitações físicas que surgiram nesse volume. Além disso, a leitura é muito divertida, mesmo com toda a tensão em torno de Nero e Píton, e me peguei dando risadas em voz alta por diversas vezes. Rick caprichou nas referências e tratou todas aquelas coisas que nos encantaram antes com tanto carinho que eu consegui mais uma vez sentir aquela magia. 

    Depois desse grande fan service, o livro se encerra em despedida. Conseguimos ver os destinos de vários personagens queridos e foi ali que eu senti que era o adeus. Queria ser imparcial e fazer uma analise fria, porém, é impossível não me deixar levar por uma narrativa que fez parte da minha vida por tanto tempo e que foi concluída na madrugada à base de lanternas, como nos velhos tempos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

VOCÊ SABIA? AS CRÔNICAS DE NÁRNIA



Desde criança eu sou apaixonada pelo universo de Nárnia. Acho que o que me ganhou foi o visual maravilhoso dos filmes e, obviamente, todo o contexto de magia. Um pouco mais velha, adentrei na literatura de C.S Lewis, esse mundo fantástico me acompanhou até a faculdade e agora, no momento em que eu começo a me aventurar na minha própria escrita. Dito isso, imagina a minha surpresa ao descobrir, fuçando no youtube, uma versão de O Leão, A Feiticeira e o Guarda-roupa lançada em 1988?


A versão foi produzida pela BBC e apresenta uma adaptação bastante fiel ao descrito pelo autor no primeiro volume da série de livros. Em formato de série, acompanhamos o descobrimento da terra de Nárnia pelos irmãos Pevensie. 

Apesar de ter me incomodado com algumas questões de caracterização e de que a narrativa ficava um tanto arrastada mostrando momentos de refeições e diálogos dispensáveis que não funcionam muito bem na versão televisionada, preciso considerar que foi uma adaptação realizada para um público completamente diferente do atual e sem a disposição de efeitos audiovisuais que temos hoje em dia (apesar dos castores em tamanho humano serem imperdoáveis haha).

É incrível como eu consegui me sentir nostálgica assistindo ao compilado de episódios, como se estivesse de volta a uma Nárnia que, na realidade, nunca vi. Talvez se deva ao fato de que muitos elementos visuais da adaptação recente estão também presentes na antiga.


Descobri com um pouco de Google que a BBC adaptou  O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Príncipe Caspian, A Viagem do Peregrino da Alvorada e A Cadeira de Prata, chegando a vencer um prêmio Emmy por programa infantil. Você pode conferir o primeiro no Youtube.



Além da de 1988, outras versões foram produzidas em 1967 e 1979, tendo, ainda, a obra sido levada para o rádio e também para o teatro. Mesmo com tantas adaptações diferentes, a série de Lewis nunca conseguiu consolidar uma sequência de seus sete livros. Nos resta esperar que a Netflix consiga, finalmente, nos presentear com a magia completa de Lewis na telinha. 

"Estou do lado de Aslam, mesmo que não haja Aslam. Quero viver como um Narniano, mesmo que Nárnia não exista."

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO, Taylor Jenkins Reid

“Não é conveniente”, Harry continuou, “que num mundo onde os homens ditam as regras a coisa mais desprezada seja a que representa a maior ameaça? Imagine se todas as mulheres solteiras do planeta exigissem alguma coisa em troca de seus corpos. Vocês seriam as donas do mundo. Um exército de pessoas comuns."

Editora: Paralela | Páginas: 360 | Ano: 2019 | 1ª Edição | Ficção; Romance

Não sei se algum dia eu serei verdadeiramente capaz de descrever a experiência de ler Os Sete Maridos de Evelyn Hugo.

"Sei como é a sensação de não querer que seu próprio pai olhe muito para você, muito menos que acabe decidindo que te odeia e resolva te bater, ou que acabe concluindo que te ama um pouquinho mais do que deveria."

Evelyn Hugo é uma mulher latina que sai dos subúrbios de Nova York em busca do estrelato em Hollywood. Sua trajetória é narrada pela própria à jornalista Monique Grant, que se deixa levar pela oportunidade de escrever uma biografia que impulsionaria sua carreira, além da compensação financeira que a obra lhe traria. Sendo assim, desvendamos Evelyn enquanto ela revela todos os detalhes de sua vida para a jornalista, contando fatos que o público nunca imaginaria estarem por trás da fachada de atriz gloriosa que construíra pra si. 

A atriz relembra como se envolveu nos sete matrimônios e todas as implicações por trás de casamentos que talvez não fossem tão reais assim. Além disso, é possível explorar todos os aspectos sujos da fama, ilustrando que por trás de todo o glamour, a Hollywood dos anos  50, 60, 70 era muito mais construída de aparências do que de vidas reais (não que seja muito diferente hoje em dia). Em paralelo, conhecemos um pouco de Monique, que está se divorciando do marido e encontra em seu trabalho o refúgio para sair do navio naufragado que se tornou o seu casamento. 

“A gente pode lamentar algumas coisas sem necessariamente se arrepender delas”

A primeira coisa que eu preciso enaltecer sobre esse livro é que a escrita de Taylor é incrível. Apesar de não ser um suspense, ela consegue nos manter presos na narrativa, ansiosos por saber os próximos acontecimentos da vida de Evelyn. A autora utiliza de recursos como o uso de tempos diferentes na narrativa e trazer partes dos acontecimentos em formato de matérias de colunas de fofoca, o que trouxe um dinamismo agradável para as transições entre a narração de Evelyn e de Monique. 


Ainda que fascinante, a história de Evelyn a desenha como uma mulher obstinada e egoísta, capaz de fazer tudo o que for necessário para alcançar o sucesso que tanto almejava. Ela não tem medo de usar pessoas e até o próprio corpo para atingir os objetivos. Da mesma maneira, ela exibe um cinismo descarado, manipulando a todos em seu benefício, inclusive a própria imprensa. Apesar disso, ela também é apaixonante e esplendida. É impossível não se solidarizar com certos acontecimentos de sua vida e compreender que ela não é uma pessoa ruim de todo,  e sim fruto das circunstâncias. 
 
Jenkins não tem medo de trazer temas pesados para a narrativa e nos deparamos com uma caminhada repleta de abusos de poder, moral e até sexual. Violência doméstica e preconceito de gênero também são temas constantes nas páginas de Evelyn Hugo e a questão do preconceito com a comunidade LGBTQIA+ é abordada por toda a narrativa, dando uma ênfase à bissexualidade, que é, até hoje, alvo de ataques até mesmo dentro da própria comunidade. 

"Não ignore metade do que eu sou só para colocar um rótulo em mim"

A história é muito bem construída e a autora consegue fazer todos os personagens serem interessantes e relevantes. Nenhum está ali sem motivo, mas é difícil que brilhem diante de Evelyn Hugo que, assim como em seus filmes, toma toda a atenção para si no momento em que aparece. Uma personalidade dotada de uma complexidade absurda, tão intensa que é difícil acreditar que se trata apenas de um personagem e não de alguém que de fato existiu. Diante disso, os dramas de Monique perdem significado na leitura. É difícil prestar atenção no que ocorre nos momentos concentrados em sua vida pessoal quando tudo o que queremos é saber os próximos acontecimentos por meio de Evelyn.

Duvido que um dia serei capaz de exaltar essa obra da maneira que ela merece. Taylor Jenkins Reid merece todos os aplausos possíveis pela capacidade de criar um conteúdo tão relevante, que levante tantos pontos importantes de reflexão quanto Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e que mantém o leitor vidrado do início ao fim. Torço para que o título ganhe as telonas porque minha maior decepção é saber que não posso dar um Google agora mesmo e ver a espetacular e polêmica Evelyn em ação. 

"Eles são só maridos. A Evelyn Hugo sou eu."

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

SOBRE AMOR E ESTRELAS (E ALGUMAS LÁGRIMAS), Pam Gonçalves, Daniel Bovolento, Solaine Chioro

"Se a praia de Botafogo falasse, diria que um menino triste de óculos de grau havia passado por ela tentando entender como sobreviver ao fim do mundo. E foi só quando abri a porta do 445 que o choro caiu"

Editora: Rocco | Páginas: 182 | Ano: 2020 | 1ª Edição | Romance

"Sobre amor e estrelas (e algumas lágrimas) é o primeiro volume da coleção Sobre amor e estrelas, que reúne histórias de amor inspiradas em astrologia escritas por autores nacionais. Este volume engloba os signos de água: peixes, escorpião e câncer." O livro reúne três contos. Sob a narrativa dos autores Pam Gonçalves, Daniel Bovolento e Solaine Chioro conhecemos Nicolas, Diana e Cléo que passam por momentos diferentes no âmbito amoroso.

A Era de Peixes é o conto que inaugura essa leitura, nos apresentando à Nicolas, um rapaz que acaba de romper o seu relacionamento de ano e precisa encontrar seu caminho que acaba se cruzando com o do pisciano Gabe quando os dois acabam trocando as malas no aeroporto de São Paulo. O incidente faz com que eles cabem por se conhecer melhor e que um sentimento surja, tirando Nicolas do vazio que o último relacionamento deixou. 

O segundo conto, Tudo o que eu Posso Esconder traz uma protagonista completamente diferente do conto anterior. Diana tem uma família complicada, presenciando seu pai brincar com os sentimentos de sua mãe  e a abandonando toda vez que o relacionamento acabava. Seu relacionamento familiar conturbado alimenta sua dificuldade de demonstrar sentimentos e, enquanto sua mãe tenta, mais uma vez, reconstruir o casamento, a protagonista começa a se envolver com Diego, escorpiano, assim como ela. O que tinha tudo para ser um clichê, acaba por revelar uma face um tanto egoísta do signo de Escorpião.

Fechando a antologia, o conto Efeito Zodíaco retrata o signo de câncer em Cléo, uma universitária que sonhou com o amor durante toda a sua vida e que quer, mais que tudo, se apaixonar e se entregar a esse sentimento. Com toda essa sensibilidade, ela se convence de que está apaixonada por César e junto com a sua amiga, Analu, vai buscar no Zodíaco os passos para conquistá-lo. Mal sabia ela que o irmão de Analu, Nuno, teria um papel a desempenhar nessa história...

Pausa para admirar essa capa perfeita:


Pode haver spoilers à partir daqui

Devorei esse livro em poucas horas, não consegui largá-lo desde que o entregador da Amazon bateu na minha porta. Isso porque a escrita dos três autores é extremamente fluida e as narrativas evoluem e são finalizadas rapidamente. O meu conto favorito foi o segundo. A autora consegue construir uma personagem principal de camadas e bem desenvolvida e foi o menos clichê dos três. Eu amei como ela finalizou a história e como Diana colocou em palavras (em seu diário) tudo que eu pensei sobre Diego. A Era de Peixes foi um presente. Impossível não se apaixonar por Nicolas e Gabe. Queria ver um pouco mais da maravilhosa Marcela e saber o desenrolar da candidatura de Nicolas à escola em New York. Por fim, o meu menos favorito, Efeito Zodíaco traz uma personagem que me soou um tanto infantil para uma universitária, além de trazer a fórmula batida das comédias românticas: um cara ajudando a garota insegura a conquistar o cara por quem está apaixonada e eles acabam se envolvendo. 

Todos os contos são muito divertidos de ler e trazem até um calorzinho pro coração. Os autores apresentam personagens diversos de maneira natural, e todos funcionam muito bem dentro de suas histórias, apesar de certa previsibilidade. é um livro perfeito para sair da ressaca literária e também se você estiver procurando por uma leitura leve, principalmente se gostar de Signos. Já estou ansiosa pelos próximos!

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

A PRISÃO DO REI, Victoria Aveyard

"Raios crepitando do céu mantêm os piores afastados, formando um círculo de proteção à minha volta. De fora, parece uma jaula de eletricidade, mas é uma jaula que eu mesma criei. Que eu mesma controlo. Duvido que algum rei possa me colocar em uma jaula agora."
Editora: Seguinte | Páginas: 544 | Ano: 2017 | 1ª Edição | eBook | Distopia | Livro 3

Quero dizer, antes de qualquer coisa, que Victoria Aveyard sabe me prender na sua narrativa. Eu tinha todo um cronograma de leituras e o final de Espada de Vidro me fez quebrar todo o planejamento e seguir para a leitura do terceiro livro da série A Rainha Vermelha. Se você não leu os anteriores, pare por aqui para não receber spoiler dos dois primeiros livros.

"Agora, estou na prisão do rei. Mas ele também está. Minhas correntes são as Pedras Silenciosas. As dele são a coroa".

A essa altura da história, Mare tomou algumas decisões que a colocaram diretamente nas mãos de Maven. A protagonista acaba por se tornar prisioneira, sendo usada como um peão nas ambições do rei que segue manipulando as informações a fim de virar o povo de Norta contra a Guarda Escarlate. Apesar desses esforços, a rebelião avança, enquanto Mare, sem nenhuma informação do mundo exterior além de pequenos boatos, busca uma maneira de escapar, seja na fuga forçada ou em descobrir pequenas fragilidades na mente e nos planos de Maven que poderiam ser usadas a seu favor. 

"Se continuar aqui, vou ter que passar o resto da vida alguns passos atrás de Maven, vendo seus olhos assombrados, as partes que lhe faltam e o ódio que sente por todas as pessoas deste mundo— todas as pessoas menos…"

O ritmo da obra é um tanto monótono até a metade do livro. Acompanhamos as tentativas de Mare de compreender o que há por trás dos pensamentos de Maven e todo o sofrimento que ela passa tendo seu poder reprimido por algemas de pedra silenciosa e por seus guardas silenciadores. Apesar da pouca ação na primeira metade, a história não deixa de ser interessante, revelando aspectos do rei e de Norta que não haviam sido explorados nos livros anteriores. 

No terceiro volume, Mare consegue finalmente enfrentar seus demônios interiores e compreender o quanto seus pensamentos egoístas a colocaram nessa posição. O medo de se tornar mais um monstro a faz enfrentar o fato de que ela se afastou de todas as pessoas em quem deveria confiar e que, nesse momento, ela se encontra tão solitária quando Maven. 

"Os olhos dele, os olhos dela, os olhos que eu conhecia e os olhos que nunca teria como conhecer. Parecem os mesmos agora, ardentes como um fogo gelado, ameaçando me consumir."

Ainda que a garota elétrica imagine ter se livrado de Elara, a Rainha continua presente na mente do rei, tendo o manipulado a tal ponto que fica difícil compreender o quanto dos pensamentos de Maven são realmente dele. Percebemos que há muitas nuances em sua personalidade e que a única coisa que resta do menino que Mare conheceu é o amor que ele sente por ela, transformado em obsessão. Toda a profundidade do antagonista é o que torna o livro tão interessante. Eu diria que o rei é o personagem mais complexo e interessante de toda a série e é, de longe, o meu favorito. Victoria consegue construí-lo e trazer a compreensão de suas motivações sem que seus atos sejam justificáveis. 

"Estou sozinha; com medo; sou egoísta. Me sinto esvaziada pela Pedra Silenciosa e pelos meses que passei aqui, no fio da navalha outra vez. Seria tão fácil deixar que as partes quebradas de mim caíssem. Seria tão fácil deixá-lo me montar de novo como bem entender. Talvez, em alguns anos, nem pareça mais uma prisão."

Algo que nunca muda nessa narrativa é que "todo mundo pode trair todo mundo". A segunda metade do livro revela o quanto a Guarda Escarlate se expandiu e se organizou no período em que Mare esteve presa. Alianças inesperadas se formam para lhe devolver a liberdade e a obra começa a desenvolver mais ação e acelerar o ritmo novamente. 

Mais uma vez, os personagens secundários oferecem destaque e são muito bem representados. Alguns capítulos, inclusive, são narrados por Cameron e Evangeline, oferecendo um ponto de vista completamente diferente dos acontecimentos. Esses capítulos foram essenciais para que as operações da Guarda não ficassem completamente ocultas do leitor e também para preparar o terreno para o desfecho que, mais uma vez, me fez querer correr para o próximo volume. 

Victoria não falhou no desenvolvimento da história. Finalmente conseguimos ver uma evolução em Mare e em outros personagens que não haviam sido muito aprofundados anteriormente, como Evangeline e saber mais sobre outros detalhes importantes como o povo de Lakeland, com quem Norta estava em guerra - apesar desse último não ter sido muito aproveitado. As Casas da Corte também aparecem mais e há uma maior exploração dos poderes que as compõe, ainda que eles não sejam lá surpreendentes. Mesmo com as abordagens de sentimentos e um certo desenvolvimento de romance, o foco na revolução não se perde e esse é o grande ponto alto da série de Aveyard, a autora tem um dom para descrever as cenas de ação.

Essa é nossa bandeira, nossa rebelião, nossa promessa. Nós nos levantamos contra o poder de Maven Calore e seu trono perverso.

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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

MENINAS DE TRINTA 2, Roberta de Souza

"A tristeza sempre chega, é normal. Pessoas nos ferem o tempo todo, mesmo sem querer. Mas não curta esse sentimento. Deixe a tristeza chegar, chore, se descabele se for necessário, mas deixe-a ir."


Editora: Proverbo | Páginas: 188 | Ano: 2020 | 1ª Edição | eBook |Crônicas; Comédia; Romance

É fim de tarde de sexta-feira, pós expediente. Ainda dá pra ver um pouco do sol que se despede no horizonte enquanto você se senta em uma mesa da calçada do seu barzinho favorito, com suas melhores amigas, para jogar conversa fora e falar sobre suas desventuras amorosas: essa é a sensação de ler Meninas de Trinta 2.

Bom mesmo é o Lobo Mau?

   Nina está de volta ao lado da doida mais sincerona do mundo literário para confrontar a realidade da infestação de cafas que tomou conta desse Brasil. É claro que a desilusão com seu Eros tem tudo a ver com a sua alta crítica à esses homens, mas conhecer as histórias de outras mulheres que sofreram na mão desses espécimes nos leva de volta para as nossas próprias vivencias e as que nos foram compartilhadas, tornando o livro uma enorme roda de conversa que nos faz querer gritar: TÁ DE SACANAGEM COMIGO?

   E não é só de impressões femininas que se faz a obra não, viu? Temos depoimentos masculinos e especialmente os do tio Graça são de fazer pensar se, de fato, todos os homens tem o seu pezinho no lobo mau, por mais príncipe que pareça. E será que são mesmo os príncipes que fazem a cabeça da mulherada?

   Roberta de Souza nos apresenta a uma narrativa discorrida entre altos e baixos de emoções. É fácil se identificar com Nina, mesmo que discordemos de algumas de suas atitudes e pensamentos. E é muito fácil sofrer junto com ela e também se alegrar nos breves momentos em que ela se permite sentir alegria em coisas pequenas e se lembrar que ainda não perdeu a sua juventude.

   Em toda essa jornada, e para aquecer um pouco nosso coração, recebemos vários conselhos de sabedoria, nos mostrando o quanto é importante fortalecer o nosso amor próprio para que nenhum lobão sexy e quente consiga manipular nossos pensamentos e nos fazer acreditar que precisamos nos diminuir para caber em uma relação. Somos autossuficientes, somos incríveis e merecemos mais

Para Adquirir:

   Os livros “Meninas de 30 (A vida – nem tão diferente – de mulheres balzaquianas do Século XXI)” e o “Meninas de 30 2 (Todo homem é um príncipe até a página 20)”, em oferta imperdível de pré-lançamento! E você ainda ganha marcadores e mimos EXCLUSIVOS da autora.

Acesse para pré-venda em: Editora Proverbo

Adquira o eBook e já comece a ler em: Amazon.com

Também disponível pelo KindleUnlimited!!!

Sobre a Autora:

Roberta de Souza é moradora de Maricá, natural de Niterói, cidade que ama de paixão! Roberta é jornalista, assessora de imprensa responsável pela Gaia Comunicação, fotógrafa, escritora e mãe. 

Trabalha no mercado editorial há quase 20 anos como Ghost Write, Copy e avaliadora de obras literárias. 

Publicou o livro "Meninas de 30" (2013), a biografia de espírita "Morgana da Figueira" (2015) e seu livro de poemas, o “Cavador do Infinito” em 2020. Participou e coorganizou diversas antologias “O Perfume da Palavra” sob o selo da Editora Muiraquitã. É criadora do site Balzaqueando. É membro do coletivo de escritores de Maricá chamado “Povo do Livro” E é voluntária do Grupo Itaipuaçu Solidário. 

Você encontra a Roberta no Instagram: @escritora_roberta.de.souza


sexta-feira, 16 de outubro de 2020

10 Perguntas Literárias

 

Oi, pessoal!!! Como estão?

Vim trazer uma proposta diferente de post hoje, já fiz no Instagram, mas é a primeira vez que trago esse formato pra cá. 

Vou responder a Tag Literária que eu vi lá no Blog A Menina da Janela. Bora??

- 10 Perguntas Literárias -


01. Qual a capa mais bonita da sua estante?

Difícil escolher uma só, mas sou particularmente apaixonada na de Em Algum Lugar nas Estrelas.



02. Se pudesse trazer um personagem para a vida real, qual seria?

Aslam, de As Crônicas de Nárnia. Inexplicável o calor no coração que sinto toda vez que ele aparece em meio às histórias.

03. Se pudesse entrevistar um autor, qual seria?

Rick Riordan! Além de ser meu autor favorito, tem um humor excelente e vem se dedicando a trazer representatividade para suas obras.



04. Um livro que não lerás de novo? Por quê?

O Segredo. É aquele tipo de livro que desenha uma meritocracia que não existe na nossa sociedade. Coloca todas as coisas que acontecem na nossa vida como responsabilidade nossa, mesmo aquelas que não temos nenhum controle, com um discurso de que o pensamento atrai. Péssimo livro pra quem tem problemas de ansiedade.

05. Uma história confusa.

Não consigo me lembrar de nenhuma assim de cara, mas talvez possa dizer Stepsister. Há muita história pra contar e às vezes eu ficava perdida entre os plots e quem eram os personagens que iam aparecendo do nada.

06. Um casal.

Leon e Tiffy de Teto para Dois



07. Dois vilões. (Que você gostou ou não)

Maven, da série A Rainha Vermelha, porque ele é bem mais complexo do que demonstra e suas atitudes não são inteiramente suas e Roman, da série Os Imortais. A protagonista me fazia torcer por ele com as decisões péssimas que tomava. 08. Um personagem que matarias.

08. Um personagem que matarias:

Nero, da série As Provações de Apolo. Serzinho desprezível...

09. Se pudesse viver num livro, qual seria?

Harry Potter? Sei lá, adoraria usar magia, mas com a minha sorte, eu ia nascer trouxa.

10. Qual teu maior e menor livro? (Em número de páginas)

Maior: Torre Negra (VII) - 872 páginas

Menor: Sonhos de uma Noite de Verão - 88 páginas


E aí, discordou de alguma resposta? Concordou? 
Me acompanhe no Instagram e receba conteúdo diário: @prateleirasdeaquarela.