segunda-feira, 17 de maio de 2021

Minha experiência com Acotar

Quando comecei no Bookstagram, Acotar era a série do momento. Era difícil rolar os stories sem ver gente falando sobre o quanto amavam os livros e o quanto a escrita de Sarah J. Maas era sensacional. Algumas poucas páginas foram suficientes para me convencer de que Sarah realmente tem uma escrita com um toque de feitiçaria, que prende o leitor e impulsiona na obsessão de descobrir o novo universo que se estende bem à frente em um emaranhado de palavras. Porém, após ler os três livros que, originalmente, compõem a história de Prythian, cheguei à conclusão de que para dizer que gosto da trilogia, preciso fingir que o primeiro livro não existe.

Classifiquei A Corte de Espinhos e Rosas com duas estrelas e meia. Achei boa parte do livro muito morna e a relação de Feyre com Tamlim muito artificial. Considerando que esse primeiro volume gira em torno disso, a leitura poderia ter sido arrastada, não fosse a escrita da Sarah me impulsionando a querer descobrir mais sobre pequenas informações escondidas dentro do drama do casal. Para mim, a vilã foi desperdiçada. Todo o medo que criam em torno dela culmina em uma personagem caricata e pouco crível, que por vezes tem falas que soam bobas. Admito que senti vergonha alheia de algumas frases da tão temida Amarantha.

Preciso, é claro, falar de Rhysand. É muito inacreditável como o personagem que aparece no primeiro livro é completamente oposto ao que surge em Corte de Névoa e Fúria. A sensação que eu tenho é que, de fato, é outro personagem. Enquanto senti nojo do primeiro Rhys e de todos os abusos que ele pratica com Feyre - sob a justificativa de proteger o povo dele e a ela mesma -, o que se mostra no segundo volume é o verdadeiro sonho da maioria das leitoras. O desenvolvimento do personagem é impressionante e por vezes soa perfeito demais, com ideais à prova de erros e com um altruísmo que me fez questionar muito sobre seus reais motivos que, por fim, não tinham uma segunda camada. Fiquei um pouco incomodada com a maneira que se desconstrói a imagem que criamos de Tamlim no primeiro livro. O próprio também parece ser substituído por outro personagem, cheio de uma soberba e um orgulho desagradável que eu honestamente não havia notado antes.

A grande ameaça da sequência deveria ser o Rei de Hybern, porém, só sinto essa ameaça se solidificar no terceiro, uma vez que é o fantasma de Amarantha que segue sendo o grande terror a assombrar os protagonistas. Inclusive, esse pavor que sentem da vilã derrotada e das coisas que ela fez me soou muito mais interessante do que sua performance Sob a Montanha. Feyre mergulha em um processo depressivo que foi muito bem trabalhado pela autora sem precisar dar nomes ao que ela estava passando.

Chegamos a Corte de Asas e Ruína e, finalmente, vislumbramos a guerra de fato. Apesar de haver ação nos livros anteriores, principalmente em Corte de Névoa e Fúria, todos os acontecimentos encaminham a narrativa para este momento. Temos os acréscimos de Elain e Nestha à narrativa após serem jogadas no caldeirão, resultado da traição de Tamlim. A segunda ganha um espaço enorme nos acontecimentos. Elain, entretanto, fica meio apagadinha e o dom que ela demonstra, no início, acaba se perdendo do meio para o final. (Se alguém conseguiu entender a relevância de estabelecer laço de parceria entre ela e Lucien, me explique, porque me pareceu ser só uma maneira de justificar que ele deixasse a corte primaveril.) Muitas criaturas e personagens diversos também vão sendo acrescentados ao longo das 1.778 páginas. Fiquei intrigada sobre Amren, O entalhador de ossos, Bryaxis e, principalemente, A tecelã. Sarah tem, de fato, um talento para a construção mitológica a compor o mundo que cria.

Não vou estender os detalhes sobre a história, acho que cada um precisa ver por si. Pessoalmente, foi uma leitura empolgante, apesar dos pontos que considerei críticos. Achei que a autora dá uma forçada para que as coisas deem certo e não aguento mais ver personagens serem ressuscitados, mas, de modo geral, foi divertido (desde que eu ignore a existência do livro I).


quinta-feira, 15 de abril de 2021

CONTO PARA NÃO ESQUECER, Zezé Pedroza

"...foi direto ao morro, mas ao chegar não tinha nada, tinham acabado com o barraco. Os vizinhos contaram que ele fora incendiado no mesmo dia do tiroteio. O capim estava alto e parecia que ali nunca tivera uma construção."

Conto para não Esquecer
Sinopse: Essas são histórias baseadas em fatos reais cujas protagonistas são sempre mulheres que superam com muita garra e determinação as violências sofridas por toda uma vida, dando volta por cima, apesar de dificuldades e da despreocupação de uma sociedade que claramente escolhe e privilegia o ser humano que deve ser feliz, banalizando as menos favorecidas, principalmente aquelas que, além de pobres, são NEGRAS. Entretanto, e apesar de tudo, por instinto são vencedoras e não abrem mão de seus direitos, denunciando, protegendo seus filhos, geralmente menores e dependentes. A mulher veio ao mundo para povoar a terra e não para ser usada e descartada. Subestimar sua capacidade da mulher é falta de inteligência, pois esse ser que rotulam de sexo frágil é bem mais forte do que aparenta. Portanto, ser mulher é já nascer vencedora e fazer suas escolhas, que só dizem respeito a elas, e isso não faz a menor diferença. Apesar da abordagem, os personagens desses contos são fictícios, criados pela imaginação da autora. Assim, qualquer com a semelhança com casos reais seria mera coincidência. Fazer a diferença é mostrar ao mundo a discriminação, o preconceito as mulheres, sofrem e superam. No caso da autora, é pra lembrar. Por isso, são CONTOS PARA NÃO ESQUECER.

Editora: Proverbo | Páginas: 71 | Ano: 2020 | 1ª Edição | Contos; Biografia

Com autoria de Zezé Pedrosa, Conto Para Não Esquecer reúne contos sobre diversas mulheres e suas histórias de luta dentro da realidade brasileira. As narrativas são de linguagem simples e bastante clara, chegam a gerar um impacto no leitor que é confrontado por situações tensas de forma bastante crua. Os relatos são como sentar e conversar com antigas conhecidas sobre suas histórias de vida e perceber que todas elas têm uma coisa em comum: a trajetória de batalha frente as adversidades que se contrapõe, dia a dia, aos sonhos e objetivos que carregam no peito.

A realidade do vício e do tráfico estão presentes em algumas narrativas, mostrando, de maneira escancarada, todo o sofrimento que as famílias, e principalmente as mães, precisam encarar ao ver os filhos sem envolverem em um caminho tão obscuro e que muitas vezes acaba em uma vida ceifada cedo demais.

Penso muito sobre a relevância de obras como essa e a necessidade de que se reconheça a força e a determinação que a mulher tem e tudo o que ela representa na sociedade. Conto para não esquecer inspira, emociona e entristece. Me lembra dos ideais de sororidade e de como precisamos alcançar as mulheres de realidade menos favorecida que se perdem na solidão e incompreensão de um Brasil que não olha para sua população como um todo. É preciso abraçar. 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

TERRAÇO ACIMA DO CAFÉ, Rebeca Braga

"O mais interessante da ficção, por mais que ela seja uma fuga da realidade, é que ela imita a vida."


Publicação Independente | Páginas: 318 | Ano: 2020 | 1ª Edição | Romance

Da autoria de Rebeca Braga, Terraço Acima do Café apresenta a protagonista Bae Hara que se muda de sua cidade natal na Coreia do Sul para morar na capital Seul, buscando ficar mais próxima do novo local de trabalho e se dedicar ao mestrado. Além disso, Hara sente, secretamente, que precisa ficar um pouco distante da mãe super controladora, ainda que isso a deixe apreensiva. Ao reencontrar um antigo colega de escola, a personagem descobre o poder do companheirismo e precisa aprender a ser mais transparente com seus sentimentos para não acabar perdendo tudo. Em meio a toda uma confusão emocional, Bae Hara terá que aprender a lidar com as exigências de seu chefe, um autor famoso e de caráter duvidoso, que a sobrecarrega um tanto, e ainda se dedicar ao mestrado que sempre achara ser seu sonho. 


Apesar de não conhecer nada da cultura sul coreana (mesmo com a explosão do Kpop), gostei bastante da ambientação do livro. A autora descreve muito bem as cenas e, se você se desprender da visão americanizada, que é tão presente nas produções que consumimos, fica muito mais fácil se conectar com a aura asiática de Terraço Acima do Café. Rebeca também usa de algumas nomenclaturas e até os nomes dos personagens são essenciais nessa construção. 

Além da escrita fluida e confortável, a narrativa se desenrola em um ritmo bastante agradável. Os segredos são revelados em momentos importantes para a narrativa e o desenvolvimento dos plots se dá de maneira natural, sem deixar tudo pro final do livro e sem atropelar os fatos. A questão da dificuldade de Hara em demonstrar seus sentimentos é trabalhada de uma maneira que não te faz querer bater a cabeça dela na parede: ela dá pequenos passos durante toda a sua trajetória e não há uma mudança repentina na sua maneira de agir. Achei esse ponto muito legal porque mostra que suas reservas são verdadeiras, é uma condição que ela construiu ao longo da vida e que não se transforma com uma simples decisão. 


O relacionamento que se desenvolve entre a protagonista e Min-Ho é apaixonante. É aquele tipo de casal que você torce pra dar certo desde o primeiro capítulo. Min-Ho é divertido, é intenso, é tímido e todo um arsenal de outros adjetivos que fazem ele ser tão perfeito para Hara. É muito bonita a maneira como eles desenvolvem uma parceria e se tornam amigos antes de qualquer coisa. Além disso, ele está sempre elogiando a inteligência e a capacidade incrível que Hara tem de construir narrativas, dando força pra ela continuar fazendo o que ama e sendo fofo em 100% das vezes. 


Com personagens bem construídos, inclusive os secundários (ainda que não tenham tanto destaque), Rebeca Braga entrega um livro com o clichê que a gente ama, mas trazendo um toque especial para ele. É aquela história que você não quer parar de ler, que te faz ficar com medo de alguma coisa dar errado e, por isso, é inevitável devorá-lo para saber como termina essa história de amor e literatura. 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

MINHA SOMBRIA VANESSA, Kate Elizabeth Russell

"Muitas das minhas lembranças daquela época são difusas, incompletas. Preciso que ele preencha as lacunas, embora às vezes a menina que ele descreve pareça uma desconhecida."


⚠️ATENÇÃO: a obra contém gatilhos em torno de abuso de menores, estupro e manipulação psicológica. Leitura não recomendada a quem possa se sentir sensível a essas temáticas. 


Editora: Intrínseca | Páginas: 432 | Ano: 2020 | 1ª Edição | Drama


O livro conta a história de Vanessa, uma garota de 15 anos que, um tanto solitária, se vê envolvida pelo seu professor no colégio interno. Temos idas e vindas no tempo que mostram o passado, quando esse envolvimento acontece e o presente, em que Vanessa precisa lidar com as consequências disso e vê outras garotas que passaram pela mesma situação buscarem por justiça. A grande questão é que para a protagonista, não há justiça a ser feita, uma vez que considera todo o ocorrido uma história de amor.
A primeira metade da leitura foi muito difícil pra mim. O "relacionamento" que se desenvolve entre Vanessa e o professor Strane é muito explícito e as manipulações psicológicas que ele faz com ela são muito reais, tanto que o leitor se sente enojado. Apesar da personagem acreditar que o ama e que quer fazer aquilo, o texto de Russell deixa evidente o quanto ela está sendo induzida na relação, manipulada a, inclusive, acreditar que foi ela que começou as investidas ao professor e não o contrário. Strane é odioso. Age como um verdadeiro predador, plantando a ideia de que Vanessa é diferente das outras, de que ela é mais madura que as meninas de sua idade e tem algo de especial. Mostra em suas fantasias sexuais o quanto ele é imundo e criminoso, infantilizando a aluna e se afastando dela conforme vai ficando mais velha, mais mulher, o que evidencia que o seu grande desejo não é por Vanessa e sim por meninas em idade escolar.


É impossível pensar em Minha Sombria Vanessa e não relacionar com os milhares de casos de abuso de menores que acontecem diariamente no Brasil. O mais triste disso tudo, é saber que a maioria dos abusadores não chega à justiça e a única pessoa que sofre com as consequências é a vítima. Não é normal um homem de 20, 30, 40 anos querer um relacionamento com uma menina de 15. Se você está passando por uma situação parecida ou conhece alguém que está, não se silencie, disque 100 e faça uma denúncia.

"É estranho saber que, toda vez que eu me lembrar de mim aos quinze anos, é nisso que vou pensar."


quinta-feira, 18 de março de 2021

O MARTELO DAS FEITICEIRAS, Andrei Fernandes

Editora: Penumbra Livros | Páginas: 556 | Ano: 2019 | 1ª Edição | Fantasia

O Martelo das Feiticeiras é o segundo livro da trilogia Demônios, Bruxas e Vagantes. Sucessor de Kalciferum e de autoria do brasileiro Andrei Fernandes, o livro retoma a narrativa em torno de Rafael, um humano que acaba por se envolver em um universo sobrenatural do qual nunca poderia imaginar a existência e se vê imerso em uma série de problemas desde que o demônio Cal o manipulara a assinar um contrato estabelecendo um vínculo entre eles.

O livro de número 2 nos apresenta um protagonista um tanto alheio aos acontecimentos do primeiro volume. Enquanto tenta levar uma vida normal na direção da empresa que herdara de um pai que nem sabia existir, o personagem passa por um processo de redescoberta do oculto e, no resgate dessas memórias, acaba por, mais uma vez, se ver usado para interesses demoníacos, além de enfrentar seus próprios desafios frente às três misteriosas ordálias que é condenado a encarar após acusações que sofre de uma organização de magistas encarregada de manter o equilíbrio. 

"Ao que parecia, Rafael era naquele momento, para todos os efeitos, um aprendiz de mago"

O início da obra me pegou demais. Lá pelos 30% eu estava extremamente imersa na narrativa de Andrei e empolgada com a evolução da escrita de um volume para o outro. Porém, daí para frente deu uma esfriada, empaquei e só consegui retomar o ritmo por volta da página 400. Talvez seja a presença menos frequente de Cal – que, francamente, rouba a cena no primeiro – ou a falta de conexão com Rafael, algo que foi muito rico em Kalciferum já que o personagem era muito “gente como a gente”, mas o que me desacelerou mesmo na leitura foi a falta de ação. No anterior, concluí a leitura com a cabeça girando de tantas cenas eletrizantes e isso me fez falta na sequência. Pelo meio, me peguei pensando que O Martelo das Feiticeiras teria sido muito mais bem aproveitado se dividido em dois. O autor traz muitas informações interessantes em torno da magia e não posso dizer que tenha sido mal explicado, apenas longo demais.

O desenvolvimento do protagonista, apesar das minhas considerações, foi excelente. Vemos um crescimento nítido no personagem e outras camadas são adicionadas além da imagem de humano arrastado para o sobrenatural. Gostei de como Andrei retratou seus ataques de pânico, mostrando que esses são, muitas vezes, mais assustadores que qualquer demônio. Os personagens secundários são menos desenvolvidos, no entanto. Gostaria de ter visto muito mais da jornada de Isabela e, também, do próprio Cal, que mostrou objetivos muito mais amplos do que deixara transparecer.

"Escolhas fortes são necessárias para conflitos perigosos. O que você espera acontecer? Vai levando em banho maria até se queimar?"

Ainda aguardo um terceiro volume na expectativa de ver a resolução e revelação de alguns plots que ficaram em aberto e que, a meu ver, têm muito potencial para o encerramento da trilogia.

quarta-feira, 3 de março de 2021

Livro Físico vs Livro Digital: Por que escolher um, se posso ter os dois?


Depois de um tempo imersa no universo dos bookstagrams me peguei em uma reflexão que, para falar a verdade, retorna com frequência: por que as pessoas resistem tanto a certos avanços tecnológicos?

Desde os meus primórdios como leitora, percebo uma grande resistência de leitores em relação aos eBooks. No início, era muito compreensível, ler em pequenas telas, com as letras minúsculas e pouco adaptáveis dos PDFs era mesmo desconfortável e, ainda assim, devorei dezenas de livros por meio deles. Livros que eu não teria oportunidade de ler se não houvesse essa opção e, inclusive, livros que transformaram minha vida.

Era de se esperar que - assim como aconteceu com os discos de vinil se transformando em cds, em mp3, em arquivos no celular, em streamings – os livros logo ganhassem seu espaço no mundo digital e, sim, eles ganharam. Pouco a pouco os aplicativos de leitura foram se diversificando e evoluindo, ao ponto de termos dispositivos digitais exclusivos para este fim, tornando a leitura virtual muito mais confortável.

Por que, então, alguns leitores se recusam tanto a adotar e considerar válida a leitura digital?

Concordo que a sensação de ter um livro em mãos, o cheiro, o folhear de páginas é incomparável. No entanto, qualquer meio de ler mais não deveria ser algo para abraçarmos? Afinal, o livro não pode se resumir ao objeto. Aliás, o objeto ‘Livro’ é a parte menos relevante diante de todas as possibilidades que a leitura carrega.

Percebo que existem aquelas pessoas que ainda têm muita dificuldade de ler no celular e sabemos que o dispositivo Kindle e semelhantes não são lá muito acessíveis, porém, também encontro, dentre os resistentes, muitos que rejeitam o eBook pelo simples fato de serem digitais e, para completar, os atacam nas redes sociais como se estes fossem os inimigos do livro quando, verdadeiramente, são aliados.


Você não precisa amar, mas também não precisa fazer disso uma guerra.
Não é uma competição

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

ESSAS MULHERES MARAVILHOSAS E SUAS HISTÓRIAS INSPIRADORAS, Márcia Fernandes Ferreira (org.)


Editora: Proverbo | Páginas: 121 | 2020 | 1ª Edição | Biografias

“A vida não é um morango!”

De uns tempos para cá, tenho me atentado mais para a luta das mulheres em se encaixar na sociedade. Nessa luta, observamos o quanto ainda estamos distantes de alcançar uma igualdade e segurança que não são a nossa realidade. A cada dia um relato diferente de violência, a cada dia um relato de desespero que chega a minar um pouco a esperança de dias melhores.

“Aprendi que nada e nem ninguém pode me parar, a não ser eu mesma, quando não acredito em mim e me anulo ou deixo que outros definam o meu futuro.”

Essas Mulheres Maravilhosas e Suas Histórias Inspiradoras faz exatamente o caminho contrário. A Coletânea renova as esperanças reunindo relatos de mulheres que alcançaram seus objetivos apesar de todos os obstáculos que se interpuseram no caminho. A cada história, a esperança se renova, em narrativas que, mesmo que desconectadas, carregam uma mesma energia: a força e a determinação de vencer e não se deixar subjugar pelas dificuldades.

“Lembro bem das vezes que, após presenciar muitas brigas na noite anterior, eu ia para a escola tremendo, passava no banheiro antes, chorava, lavava o rosto e entrava para a sala de aula.”

É impressionante como em muitas das histórias contadas as dificuldades já se iniciam no berço. Não estamos falando em enfrentar o mundo, apenas, percebemos o quanto as famílias podem ser o primeiro desafio na vida de algumas pessoas. É muito fácil identificar, em diferentes graus, traços de nossas próprias histórias nessas narrativas.

“Por onde começar a reescrever a minha própria história?”

Por fim, a maior lição que carrego do livro é a consciência de que sempre podemos recomeçar e reescrever nossas histórias. Um momento ruim não pode e nem deve ditar toda a nossa trajetória. O caminho é árduo, mas a vida pode ser maravilhosa e, enquanto outras continuarem lutando, nunca estaremos sozinhas.

Nós somos muitas. “Sim, não somos uma só: somos esposas, mães, filhas, professoras, operadoras de caixa, secretárias, advogadas... Nós somos plurais, e muito parecidas.”

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

SALEM, Stephen King

"Deus, dai-me SERENIDADE para aceitar o que não posso mudar, TENACIDADE para mudar o que posso e SORTE para não fazer muita merda."

Recentemente, adentrei no universo de Stephen King através da leitura de Joyland, que se tornou um dos meus livros favoritos de 2020. Para esse ano, minha meta era adicionar mais um livro do autor ao meu repertório literário, mas depois da experiência que foi a leitura de Salem, imagino que muito mais de King chegará às minhas prateleiras em breve.

Editora: SUMA | Páginas: 464 | 2007 | 1ª Edição | Suspense; terror; sobrenatural

Salem é mais do que a história de personagens centrais. Pode-se dizer que a grande protagonista é a própria cidade de ‘Salem’s Lot, onde conhecemos logo de início o escritor Ben Mears, que acabara de retornar e está buscando exorcizar seus próprios demônios e esse é o grande combustível para a primeira metade da história que acaba por girar em torno da Casa Marsten, um antigo casarão que assombrava as memórias e pesadelos de Ben. Toda essa questão da casa trouxe uma reflexão sobre o medo - e o amadurecimento destes - que dá um tom diferenciado à obra de King e, pessoalmente, eu mesma fui influenciada a questionar meus próprios medos e o que me tira o sono à noite.

“Acho que é relativamente fácil para as pessoas aceitarem coisas na telepatia e na parapsicologia, porque não lhes custa nada. Não lhes tira o sono à noite. Mas a ideia de que um homem pode morrer e deixar o mal como legado é muito mais perturbadora

Os outros personagens centrais também são cativantes. A mocinha que quer ir para a cidade grande e se livrar do controle dos pais, o professor que se mostra muito mais aberto ao sobrenatural do que imaginaria estar um dia e um médico que precisa renunciar à ciência para reconhecer o terror que passa a banhar ‘Salem’s Lot. Não posso esquecer, é claro, de Mark Petrie, um garotinho que brotou na história com uma coragem impressionante e que foi essencial para o desenrolar da luta contra os seres da noite. No entanto, o que mais me fez amar Salem foi a construção da cidade. Sei que esse é um dos motivos para muitas pessoas tirarem pontos na avaliação da obra, mas eu achei genial. O autor nos apresenta aos moradores e aos seus costumes, sua rotina. De maneira sutil, esses nomes vão sendo registrados pelo leitor e, quando algo acontece a alguém, é como ficar sabendo de uma notícia sobre algum conhecido com quem esbarramos por aí diariamente.

Algumas subtramas acabaram por ficar pouco desenvolvidas, porém, isso não me incomodou, uma vez que havia muitas coisas acontecendo e isso não alteraria nada na história afinal de contas. Também não há muito o que falar sobre o vilão. O grande terror de Salem está no pré confronto, quando pequenas situações aterrorizantes começam a acontecer e os personagens não sabem com o que estão lidando. Tudo o que vem depois da revelação do inimigo fica transitando na sensação de que a qualquer momento tudo pode vir abaixo (e era nessas horas que eu gritava para Ben desaparecer daquela cidade).

A escrita de King é muito cativante. Eu já havia citado a minha admiração por seu detalhismo que faz tudo se tornar muito visual sem ser descritivo demais. Após a leitura, descobri que esse é o segundo livro do autor e que ele é inspirado em o Drácula de Bram Stoker, talvez, por isso tantos elementos clássicos e conhecidos popularmente estejam presentes aqui. Descobri-me alguém que gosta de histórias de terror (apesar de não gostar dos filmes do gênero) e Stephen King já está entrando para a minha lista de autores favoritos.

Esteja preparado para ficar angustiado por boa parte das 464 páginas!
 
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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

CASTELO DAS ÁGUAS, Juliana Cherni

"Era triste ouvir que um dinossauro criado em sua mente poderia entendê-la melhor que eu, mas eu aceitava, pois somente estando dentro de sua mente para saber o que ela realmente queria. Como ele foi criado por ela, ele teria as palavras certas. Já eu, nem sempre."


"As gêmeas Claire e Hazel McQueen tinham tudo para ter uma vida normal na linda cidade portuária de Silent Rocks. No entanto, as coisas fugiram um pouco da normalidade para sua família quando os amigos imaginários da infância de Hazel continuaram presentes à medida que ela crescia, levantando suspeitas em relação à sua sanidade mental.
Desgastes familiares, uma confusão em um evento importante, seguido pelo afastamento dos amigos, fez com que a família desse início a uma busca incansável por um diagnóstico.
Contudo, as coisas pioram quando Hazel descobre que a irmã vai embora da cidade para cursar biologia marinha e passa a acreditar piamente estar vivendo um romance com um tritão.
Claire precisa ter certeza de que a irmã ficará bem durante a sua ausência e vai contar com a ajuda de Alex, um amigo de infância que sempre foi apaixonado por Hazel."

Editora: Independente | Páginas: 176 | 2020 | 1ª Edição | Fantasia

Pensei muito antes de trazer a resenha dessa obra para o blog. Me faltavam - e ainda faltam - as palavras para descrever a sensibilidade de Juliana Cherni ao apresentar Claire e Hazel.

A narrativa de Cherni nos apresenta às gêmeas McQueen, inseridas em uma sociedade superficial e com uma mãe que de tudo fazia para se encaixar em meio às mulheres da alta sociedade, deixando as necessidades das filhas em segundo plano e negligenciando, principalmente, Hazel, que mostrava necessitar de uma atenção especial. Desde o início da narrativa , percebemos o quanto Claire é prejudicada nessa relação, uma vez que acaba por se tornar uma substituta para a mãe nos cuidados de Hazel e, dentre todos os acontecimentos constrangedores pelos quais passam, as gêmeas acabam por encarar o lado mais sujo da humanidade: o preconceito.

A obra é carregada de emoções e eu perdi a conta de quantas vezes cheguei às lágrimas. Observar tudo da perspectiva de Claire revela o amor gigantesco que ela sente pela irmã, além de nos conectar com seus sentimentos e perceber que, mesmo tendo que abrir mão de uma vida normal, ela faria tudo de novo e de novo para proteger sua gêmea. E não é que a vida delas não pudesse ser normal, poderiam facilmente conviver nos círculos sociais, cultivando amigos e aproveitando de tudo que Silent Rocks tinha para oferecer. O que as impedia era todo o julgamento que Hazel recebia, sendo tratada, frequentemente, como louca e recebendo diversos tipos de agressão pelo simples fato de ser diferente dos demais.

"Muitas vezes não nos damos conta do tempo que temos pela frente. Não faz ideia de quantas pessoas você irá conhecer e quantas ainda irão te decepcionar. Nunca mendigue atenção daqueles que não valem a pena, pois você sabe seu valor. Aqueles que conseguirem enxergar isso, farão de tudo para ficar ao seu lado."

Apesar de ser um livro de fantasia, esses elementos fantásticos estão, na maior parte do tempo, dentro da cabeça de Hazel. É emocionante e tocante a maneira que ela encontra de se refugiar dos ataques que sofre. Insisto em refletir se a vida das duas poderia ter sido diferente se elas tivessem sido acolhidas por todos como foram por alguns personagens que surgiram pelo meio do caminho. Gostaria que o final tivesse tomado um rumo diferente, no entanto, mas entendo a intenção da autora de abraçar o mundo de fantasia daqueles que são como Hazel. Castelo das Águas é a representação de como uma vida pode ser destruída pelo bullying e pelo preconceito, mas também pode ser definido como uma lição de abnegação, empatia e de verdadeiro amor.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O CONTO DA AIA, Margaret Atwood

“Talvez eu não queira saber de verdade o que está acontecendo. Talvez eu prefira não ter conhecimento. Talvez não possa suportar o conhecimento. A Queda foi uma queda da inocência para o conhecimento.” 

Editora: Rocco | Páginas: 368 | 2017 | 1ª Edição | Distopia

É muito curioso ter tanto a dizer sobre O Conto da Aia e não saber como colocar isso em um post. Há algum tempo venho me engajado em consumir conteúdos que tragam uma reflexão em torno do papel da mulher na sociedade, mas nenhum bateu tão forte quanto essa leitura. O livro acompanha Offred/June, uma mulher que teve sua liberdade tirada de si, assim como todas as mulheres situadas em Gilead. O país passou por transformações devido à baixa natalidade e que tiveram como suporte dogmas religiosos extremistas. Dessa maneira, Offred se torna uma aia, a pessoa cuja única função social é dar à luz a um bebê que será entregue à família do comandante a que serve.

Entre reviravoltas e acontecimentos perturbadores, Atwood faz com que uma realidade completamente absurda se aproxime muito da nossa sociedade atual. Em pequenos diálogos e atos hediondos, percebemos o quanto a mulher ainda é vista por muitos como obrigada a ter filhos, ainda que não queira, porque "esse é o nosso destino biológico". Outros estereótipos, como as Marthas, estão presentes na obra. A mulher que deve cozinhar, a mulher que deve ser esposa, a mulher que deve dar frutos... Até mesmo as mulheres que se encontram em uma posição, mínima, de poder são o espelho da opressão e da silenciação feminina.

Adorei a maneira como a autora construiu essa narrativa. De início tudo parece descritivo demais, mas aos poucos vamos sendo envolvidos e nos adaptamos a ver as coisas pelos olhos de Offred de maneira que parece estarmos, de fato, acompanhando seus pensamentos. Essa foi a minha última leitura de 2020 e achei um ótimo fechamento de ano. Mesmo já tendo assistido a série, a leitura é sempre outra experiência.

Segue a Sinopse Oficial:

"O romance distópico O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras mais importantes da premiada escritora canadense, conhecida por seu ativismo político, ambiental e em prol das causas femininas, O conto da aia foi escrito em 1985 e inspirou a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original), produzida pelo canal de streaming Hulu em 2017. As mulheres de Gilead não têm direitos. Elas são divididas em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado. A Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar, depois que uma catástrofe nuclear tornou estéril um grande número de pessoas. E sem dúvida, ainda que vigiada dia e noite e ceifada em seus direitos mais básicos, o destino de uma aia ainda é melhor que o das não-mulheres, como são chamadas aquelas que não podem ter filhos, as homossexuais, viúvas e feministas, condenadas a trabalhos forçados nas colônias, lugares onde o nível de radiação é mortífero. Com esta história assustadora, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente."

- NOLITE TE BASTARDES CARBORUNDORUM -

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

DE VOLTA PARA CASA, L. A. Casey

"As pessoas tomam as próprias decisões, qualquer que seja a situação. Se fazem alguma coisa, é porque elas decidiram fazer. Não é sua culpa."


Editora: AllBook | Páginas: 278 | 2020 | 1ª Edição | Romance Contemporâneo

De Volta para Casa chegou até mim por meio das cortesias do Skoob e antes disso eu não sabia absolutamente nada sobre o livro. A Capa não nos diz muito sobre a história e a sinopse não revela metade da intensidade que a obra de Casey transborda.

Engana-se quem pensa que De Volta para Casa é um simples romance. Logo no início da narrativa descobrimos que Lane não fala mais com sua família e o único laço que ainda tinha com essa parte de sua vida acabara de se partir com a morte do seu tio Harry. Voltando para sua cidade natal, a protagonista precisa encarar seus antigos fantasmas e, não suficiente o sofrimento pela morte de sua pessoa favorita no mundo, antigas feridas são reabertas no momento em que reencontra Kale Hunt. 

Apesar de parecer ser um romance clichê em que amigos se apaixonam e não podem ficar juntos, a autora vai muito além disso. O formato da narrativa (alternando passado e presente) vai revelando o surgimento dos conflitos no passado, enquanto Lane tenta lidar com eles no presente. Por vezes, durante a leitura eu pensei "caramba, o que mais falta acontecer com essa mulher?" e, apesar de todas as coisas horríveis pelas quais passa, Lane vive seu sofrimento e depois se levanta, segue em frente e encara o próximo obstáculo, porém, não sem ser abalada por eles. É bem evidente o quanto ela está quebrada e sem rumo. Não é difícil ser levado às lágrimas por tanto sofrimento e pelas tentativas de encontrar a felicidade. 

De Volta para Casa trata, entretanto, de temas muito profundos dentro do ambiente familiar. As mágoas da protagonista contrastam com as mágoas dos seus familiares de maneira muito intensa. O leitor consegue, facilmente, compreender os sentimentos dos personagens e entender suas motivações, medos e receios. Dessa maneira, é lindo observar seu crescimento e imaginar um final feliz que parece impossível diante de tantos problemas que se apresentam página após página. 

Uma leitura inesperada que foi, definitiva e literalmente, um presente!
@prateleirasdeaquarela

sábado, 19 de dezembro de 2020

JOYLAND, Stephen King

"Quando se tem vinte e um anos, a vida é um mapa rodoviário. Só quando se chega aos vinte e cinco, mais ou menos, é que se começa a desconfiar que estávamos olhando para o mapa de cabeça para baixo"



Editora: Suma | Páginas: 240 | 2015 | 1ª Edição | Thriller e Suspense

Em 2020 eu me permiti explorar e expandir as minhas leituras, buscando criar uma diversidade maior, trazer clássicos e autores consagrados dos quais eu me envergonhava não ter lido nada ainda. Fazia tempo que eu queria ler uma obra do King. Eu não sou uma grande fã do terror, no entanto, e, após ver vários comentários sobre Joyland, decidi que seria meu ponto de partida.

“Quando se trata do passado, todo mundo escreve ficção.”

O livro acompanha Devin Jones, um jovem universitário que arranja um emprego de verão no parque de diversões Joyland. Devin está passando por um momento complicado em seu relacionamento, o que acaba fazendo com que Joyland seja todo o ponto central da sua vida. Devin fica sabendo, logo antes de começar no trabalho, que há uma história de fantasma rondando o parque: se trata de Linda Grey, uma garota que fora assassinada em uma das atrações e dizem assombrar o trem fantasma desde então. Mas não se engane com esse pano de fundo. Diferente do que eu esperava, as menções ao fantasma são pouquíssimas e não há partes assustadoras, é tudo mais em torno de uma comoção à situação do assassinato e uma empatia de Jones em relação à moça ainda presa ao local de sua morte.

A primeira metade do livro trata muito da vida do protagonista no parque e de seus sentimentos em relação ao seu primeiro amor com quem vem a romper ao longo da narrativa. O personagem é muito cativante e o próprio é o grande fator que faz com que a leitura seja fluida, por mais que não haja grandes acontecimentos pelas primeiras 100 páginas. Não demora para que Dev fique interessado em desvendar mais sobre o caso de Linda Grey e, com a ajuda da amiga Erin Cook, encontre informações que possam levá-lo a desvendar o assassino e o seu paradeiro. Apesar de parecer que Devin é o grande investigador dessa história, a sensação que eu tenho é que ele apenas deixava os acontecimentos se desenrolarem e a ajuda que recebeu foi fundamental para começar a compreender melhor as evidências do assassino. É impossível falar dessa ajuda sem citar Mike, um menino com distrofia muscular que carregava o dom da visão, fundamental na narrativa e por quem é fácil criar um carinho. 

“- Mas havia alguma coisa ali. Eu soube naquele momento e sei agora. O ar estava mais frio. Não o bastante para que minha respiração virasse vapor, mas definitivamente mais frio. Meus braços, pernas e virilha formigaram com arrepios e os cabelos na nuca ficaram em pé.”

Ter uma expectativa diferente do livro não fez a narrativa ser menos interessante. Devin me cativou nas primeiras páginas e me ganhou de vez ao descrever suas performances com as crianças, exibindo uma alegria e um contentamento contagiantes. O autor conseguiu fazer o trabalho pesado no parque parecer, de fato, uma grande aventura e me senti um tanto nostálgica desses momentos em que somos apenas jovens com todo um futuro pela frente. Aliás, a escrita do King me pegou. Já estou em busca de outras obras porque eu fiquei completamente fascinada pela maneira detalhista que o autor escreve sem tornar o livro cansativamente descritivo e se dedicando `à construção de personagens tão completos. 

Aparentemente, dezembro é o mês em que todos os livros lidos se tornam favoritos!

@prateleirasdeaquarela 

 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

DAISY JONES & THE SIX, Taylor Jenkins Reid

PROCURO: Pessoas que me ensinem como superar o fato de que Daisy Jones and The Six não são uma banda real.

Esse ano, conforme começava a adentrar no mundo dos Bookstagrans, observei uma grande euforia em torno das obras de Taylor Jenkins Reid. Não dei muita bola, sempre na tendência a fugir dos livros que se tornam muito populares tão rapidamente. Não esperava, no entanto, que Taylor entraria para a lista dos meus autores favoritos. Após me apaixonar por Evelyn Hugo e iniciar uma busca fracassada de encontrar livros que me fizessem me apaixonar tanto quanto a primeira obra que consumi da escritora, me rendi, finalmente, à Daisy Jones & The Six e, cara... Nem sei muito bem como continuar esse post sem parecer fanática.


Editora: Paralela | Páginas: 409 | 2019 | 1ª Edição | Ficção; Romance

"É isso o que todo mundo quer da arte, não? Ver alguém expor os sentimentos que existem dentro de nós. Arrancar um pedaço do seu coração e mostrar para você. É como ser apresentado a uma nova faceta sua."

O livro narra a trajetória de Daisy Jones e da banda The Six em um formato diferenciado: é como se todo o livro fosse parte de uma grande entrevista em que todos os envolvidos com a banda dão o seu ponto de vista de diversos acontecimentos e assim vão construindo a história. Confesso que em um primeiro momento esse formato me pareceu desgastante e achei que a leitura não ia engrenar. Como eu estava enganada! Ao fim do primeiro capítulo, a narrativa dos personagens já está tão entrosada que é impossível desgrudar das páginas sem saber o que virá a seguir. 

"Em algum momento, é preciso reconhecer que não dá para controlar o que os outros fazem, e que dar um passo e se preparar para amparar a pessoa quando ela cair é o máximo que você pode fazer."

A obra de Taylor apresenta questões bastante profundas em um contexto que poderia parecer apenas diversão e fama. Logo de início, já percebemos o quanto o abuso de drogas e álcool interferem nas carreiras e nas vidas pessoais dos personagens. A autora apresenta a questão do vício de uma maneira bastante crua, principalmente em Billy, mostrando que buscar tratamento e redenção pode ser uma luta diária e que a negação pode ser o combustível para o desastre. 

"Teve um dia que Graham sentou na beirada da parte mais funda. Nessa época ele ainda não sabia nadar. Eu estava de pé do lado dele, e ouvi uma voz na minha cabeça dizer: Não tem nada que me impeça de dar um empurrão nele. E esse pensamento me deixou apavorado. Não porque eu queria empurrá-lo. Eu nunca faria isso, mas… o mais assustador era que a única coisa que separava um momento de tranquilidade da maior tragédia da minha vida era uma simples escolha de não fazer aquilo."


Me impressiono com a capacidade de Jenkins criar personagens tão viscerais, tão reais. Suas personalidades e vidas são muito palpáveis e por vezes é difícil acreditar que não são pessoas que realmente existiram (o que me corta o coração porque tudo que eu queria era correr para o Youtube e ouvir Regret me ou This could get Ugly e essa foi minha única decepção). Talvez o que eu tenha gostado mais tenha sido o modelo de narrativa, uma vez que isso abre uma possibilidade gigantesca de pontos de vista. Por mais que você leia certas coisas e pense "isso é meio absurdo", é muito fácil observar que é apenas a visão pessoal do personagem e não um posicionamento da autora, o que dá liberdade para que surjam características muito humanas, dotando os protagonistas de qualidades, defeitos e sentimentos muito verdadeiros e, muitas vezes, confusos e perturbadores. Como superar esse impacto? 

https://www.instagram.com/prateleirasdeaquarela/



sábado, 12 de dezembro de 2020

KALCIFERUM, Andrei Fernandes


Editora: Penumbra Livros | Páginas: 332 | Ano: 2019 | 2ª Edição | Fantasia

Trombei com Kalciferum enquanto procurava eBooks gratuitos no Kindle e decidi dar uma chance a essa leitura porque adorei essa capa e a sinopse me deixou bastante curiosa sobre a fantasia criada por Andrei Fernandes. 

"No final de sua vida, vai olhar para trás e vai perceber que todos os nós que fez pelos anos o levaram para o único e óbvio caminho."

A obra apresenta Rafael, um jovem que está no fundo do poço, perdeu a mãe recentemente e está vivendo à base de seu seguro desemprego que está prestes a vencer. Desconcertado com essa situação, o personagem conhece sua nova vizinha Ariane com quem simpatiza de cara, mas que ao oferecê-lo uma leitura de tarô revela que a sua vida está prestes a passar por reviravoltas que estarão ligadas diretamente às suas escolhas. Os acontecimentos seguintes levam Rafael a fazer as escolha de trabalhar em uma grande empresa na cidade de São Paulo, onde vive e lá ele conhece Cal, um estagiário um tanto mal educado que posteriormente se revela como um demônio. A situação toda não só revela para Rafael a existência de um mundo sobrenatural oculto, como também o arrasta para dentro dele no momento em que Cal o manipula a assinar um contrato que liga os dois.

Acho um tanto difícil de descrever Kalciferum porque são muitos acontecimentos dentro de uma única narrativa. O livro é muito divertido e carregado de muitas cenas de ação e criaturas sobrenaturais. Rafael passa muita verdade, sua situação financeira representa a situação de muitos brasileiros, no entanto, o autor consegue criar essa ambientação sem tornar tudo triste e arrastado, dando a sensação de que o protagonista está rindo da própria desgraça. Andrei enriquece a história com diversos seres sobrenaturais inimagináveis, repleto de diversos tipos de demônios, bruxas e diferentes mitos, o livro não se torna maçante e é muito fácil devorar suas páginas enquanto Rafael adentra no mundo oculto e enfrenta diversos imprevistos.

A criatividade de Andrei Fernandes é um presente para a Literatura Fantástica brasileira. Fiquei impressionada com o quão distante sua capacidade imaginativa foi para abranger e interligar tantas mitologias em uma única obra. Só gostaria que ele tivesse aprofundado um pouco melhor os personagens secundários, alguns parecem ser representações muito vazias e as emoções são pouco reais, difícil se conectar com seus sentimentos. No mais, uma grande estreia para o autor e uma leitura imersiva bastante interessante e que apresenta um demônio bastante sarcástico e enigmático que rouba a cena mesmo com toda a sua discrição. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

PÓSTUMO, Leandro Zapata

Escrito por Leandro Zapata, Póstumo conta a história de Leonard Ross, um rapaz comum que acaba perdendo sua vida durante um assalto após fazer um acordo com a Morte para salvar sua amada Elena daquele mesmo destino. Por que a Morte faria esse tipo de acordo? Pelos próprios interesses. Após deixar seu corpo, Leonard precisa enfrentar o julgamento e descobrir se será capaz de ultrapassar os portões do paraíso para cumprir sua função no trato firmado. 


“Eu te amo muito. Não sei o que vai acontecer agora, de fato, nem sei se nada disso é real. Mas, se por acaso for, eu te prometo uma coisa: Se houver uma forma de voltar pra você, eu a encontrarei”

As primeiras páginas do livro são bastante movimentadas. Podemos conhecer um pouquinho do protagonista e da sua devoção por Elena. Dessa maneira, é muito compreensível que ele tome a decisão de salvar sua vida quando tem a escolha. Chega a ser agoniante observar um casal apaixonado se desmanchando por uma situação de violência e daí já percebemos que a vida - e a morte - de nenhum deles será a mesma depois da tragédia. É de se esperar que a vida de Elena siga seu caminho sem nenhuma interferência sobrenatural, porém, no enterro de Leonard, ela é surpreendida por um homem sombrio que a presenteia com uma estátua do deus egípcio Anúbis, que a permite ter visões de seu parceiro no pós vida. 

Falando em pós vida, Zapata constrói uma visão de Paraíso bastante curiosa. Leonard encontra um paraíso um pouco mais movimentado do que se poderia esperar e apesar de todas as semelhanças com a Terra, o próprio sente que há diferenças essenciais e a falta que sente de Elena o atormenta. Não bastasse toda a mudança pela qual está passando, há uma guerra em formação, marcada pelo retorno dos Filhos do Abismo que lutam contra os anjos pelo controle celestial. 

O livro é narrado a partir de alguns pontos de vista diferentes, nos dando uma visão ampla dos acontecimentos e os amarrando para uma construção da Guerra e do papel de Leonard nisso. O autor constrói personagens palpáveis, com sentimentos muito reais e em um processo de luto bastante verdadeiro. Fui felizmente surpreendida pela participação de Elena ao longo da narrativa e adorei que o escritor não teve medo de ousar em agregar deuses de diferentes panteões em sua história na construção de uma mitologia diversa e bastante fluida. Algumas pontas ficaram soltas, mas é o esperado, uma vez que se trata do primeiro livro de uma série. Aguardando ansiosamente pela leitura do próximo volume!

“A verdadeira morte é o esquecimento”

- Post em parceria com a Editora Djinn -

sábado, 14 de novembro de 2020

AS PROVAÇÕES DE APOLO: A TORRE DE NERO, Rick Riordan

Vou começar essa postagem dizendo que isso não tem a pretensão de ser uma resenha e que tem muita emoção envolvida sobre esse livro e tudo o que veio antes dele. 


   Para contextualizar, quero deixar bem claro que eu sou uma grande fã de Percy Jackson e que esse universo faz parte da minha vida há pouco mais de 10 anos. Mais do que fazer parte da minha vida, posso dizer que Percy Jackson e os Olimpianos é a razão pela qual eu posso dizer hoje que sou leitora. Antes da saga de Riordan, eu já havia lido vários livros e tinha gostado de conhecer histórias por meio da leitura, mas foi com o Acampamento Meio-sangue que eu me senti, pela primeira vez, transportada para dentro das páginas de um livro.

   Tive esse grande envolvimento pela primeira saga e a segunda também fluiu bem, mas quando cheguei em As Provações de Apolo, a terceira saga, senti que faltava alguma coisa, algo que eu não sabia explicar muito bem, mas que fazia a leitura ser muito menos fluida do que as anteriores... Até que eu entendi que o problema era o próprio Apolo hahaha. Ironicamente, com o avanço dos livros e enquanto Apolo se tornava menos Apolo e mais Lester, fui simpatizando mais com ele e os livros foram se tornando cada vez mais interessantes, explorando a questão dos Imperadores de uma maneira que chega a causar uma reflexão sobre o poder que damos as pessoas com a nossa "adoração". 

   Amei ver um pouco de personagens já conhecidos, mas também foi extremamente sensível todo o plot em torno da Meg e dos abusos psicológicos que sofria. Aliás, Apolo/Lester reflete muito sobre alguns tipos de abuso, principalmente os que ele mesmo cometeu ao longo de sua existência divina, o que eu acho que dá um tom um pouco mais responsável para uma literatura Infanto/Juvenil. Essa é uma das coisas que admiro em Rick, a facilidade em tratar de temas que precisam mesmo ser tratados sem tornar a narrativa carregada por essas tensões. 



     Apesar de ter começado a gostar dos anteriores, preciso dizer que A Torre de Nero é o meu favorito dessa saga. Talvez eu já estivesse repleta de toda uma nostalgia por saber que essa será a última dentro do universo de Percy Jackson, não vou negar, mas a história se desenrola de maneira tão mais fluida e os personagens fazem tão mais sentido agora, que cada página era como estar de volta ao Ladrão de Raios. Quero atentar para o fato dos livros trazerem representatividade em vários níveis e gostaria de ver mais dos personagens com limitações físicas que surgiram nesse volume. Além disso, a leitura é muito divertida, mesmo com toda a tensão em torno de Nero e Píton, e me peguei dando risadas em voz alta por diversas vezes. Rick caprichou nas referências e tratou todas aquelas coisas que nos encantaram antes com tanto carinho que eu consegui mais uma vez sentir aquela magia. 

    Depois desse grande fan service, o livro se encerra em despedida. Conseguimos ver os destinos de vários personagens queridos e foi ali que eu senti que era o adeus. Queria ser imparcial e fazer uma analise fria, porém, é impossível não me deixar levar por uma narrativa que fez parte da minha vida por tanto tempo e que foi concluída na madrugada à base de lanternas, como nos velhos tempos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

VOCÊ SABIA? AS CRÔNICAS DE NÁRNIA



Desde criança eu sou apaixonada pelo universo de Nárnia. Acho que o que me ganhou foi o visual maravilhoso dos filmes e, obviamente, todo o contexto de magia. Um pouco mais velha, adentrei na literatura de C.S Lewis, esse mundo fantástico me acompanhou até a faculdade e agora, no momento em que eu começo a me aventurar na minha própria escrita. Dito isso, imagina a minha surpresa ao descobrir, fuçando no youtube, uma versão de O Leão, A Feiticeira e o Guarda-roupa lançada em 1988?


A versão foi produzida pela BBC e apresenta uma adaptação bastante fiel ao descrito pelo autor no primeiro volume da série de livros. Em formato de série, acompanhamos o descobrimento da terra de Nárnia pelos irmãos Pevensie. 

Apesar de ter me incomodado com algumas questões de caracterização e de que a narrativa ficava um tanto arrastada mostrando momentos de refeições e diálogos dispensáveis que não funcionam muito bem na versão televisionada, preciso considerar que foi uma adaptação realizada para um público completamente diferente do atual e sem a disposição de efeitos audiovisuais que temos hoje em dia (apesar dos castores em tamanho humano serem imperdoáveis haha).

É incrível como eu consegui me sentir nostálgica assistindo ao compilado de episódios, como se estivesse de volta a uma Nárnia que, na realidade, nunca vi. Talvez se deva ao fato de que muitos elementos visuais da adaptação recente estão também presentes na antiga.


Descobri com um pouco de Google que a BBC adaptou  O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Príncipe Caspian, A Viagem do Peregrino da Alvorada e A Cadeira de Prata, chegando a vencer um prêmio Emmy por programa infantil. Você pode conferir o primeiro no Youtube.



Além da de 1988, outras versões foram produzidas em 1967 e 1979, tendo, ainda, a obra sido levada para o rádio e também para o teatro. Mesmo com tantas adaptações diferentes, a série de Lewis nunca conseguiu consolidar uma sequência de seus sete livros. Nos resta esperar que a Netflix consiga, finalmente, nos presentear com a magia completa de Lewis na telinha. 

"Estou do lado de Aslam, mesmo que não haja Aslam. Quero viver como um Narniano, mesmo que Nárnia não exista."

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO, Taylor Jenkins Reid

“Não é conveniente”, Harry continuou, “que num mundo onde os homens ditam as regras a coisa mais desprezada seja a que representa a maior ameaça? Imagine se todas as mulheres solteiras do planeta exigissem alguma coisa em troca de seus corpos. Vocês seriam as donas do mundo. Um exército de pessoas comuns."

Editora: Paralela | Páginas: 360 | Ano: 2019 | 1ª Edição | Ficção; Romance

Não sei se algum dia eu serei verdadeiramente capaz de descrever a experiência de ler Os Sete Maridos de Evelyn Hugo.

"Sei como é a sensação de não querer que seu próprio pai olhe muito para você, muito menos que acabe decidindo que te odeia e resolva te bater, ou que acabe concluindo que te ama um pouquinho mais do que deveria."

Evelyn Hugo é uma mulher latina que sai dos subúrbios de Nova York em busca do estrelato em Hollywood. Sua trajetória é narrada pela própria à jornalista Monique Grant, que se deixa levar pela oportunidade de escrever uma biografia que impulsionaria sua carreira, além da compensação financeira que a obra lhe traria. Sendo assim, desvendamos Evelyn enquanto ela revela todos os detalhes de sua vida para a jornalista, contando fatos que o público nunca imaginaria estarem por trás da fachada de atriz gloriosa que construíra pra si. 

A atriz relembra como se envolveu nos sete matrimônios e todas as implicações por trás de casamentos que talvez não fossem tão reais assim. Além disso, é possível explorar todos os aspectos sujos da fama, ilustrando que por trás de todo o glamour, a Hollywood dos anos  50, 60, 70 era muito mais construída de aparências do que de vidas reais (não que seja muito diferente hoje em dia). Em paralelo, conhecemos um pouco de Monique, que está se divorciando do marido e encontra em seu trabalho o refúgio para sair do navio naufragado que se tornou o seu casamento. 

“A gente pode lamentar algumas coisas sem necessariamente se arrepender delas”

A primeira coisa que eu preciso enaltecer sobre esse livro é que a escrita de Taylor é incrível. Apesar de não ser um suspense, ela consegue nos manter presos na narrativa, ansiosos por saber os próximos acontecimentos da vida de Evelyn. A autora utiliza de recursos como o uso de tempos diferentes na narrativa e trazer partes dos acontecimentos em formato de matérias de colunas de fofoca, o que trouxe um dinamismo agradável para as transições entre a narração de Evelyn e de Monique. 


Ainda que fascinante, a história de Evelyn a desenha como uma mulher obstinada e egoísta, capaz de fazer tudo o que for necessário para alcançar o sucesso que tanto almejava. Ela não tem medo de usar pessoas e até o próprio corpo para atingir os objetivos. Da mesma maneira, ela exibe um cinismo descarado, manipulando a todos em seu benefício, inclusive a própria imprensa. Apesar disso, ela também é apaixonante e esplendida. É impossível não se solidarizar com certos acontecimentos de sua vida e compreender que ela não é uma pessoa ruim de todo,  e sim fruto das circunstâncias. 
 
Jenkins não tem medo de trazer temas pesados para a narrativa e nos deparamos com uma caminhada repleta de abusos de poder, moral e até sexual. Violência doméstica e preconceito de gênero também são temas constantes nas páginas de Evelyn Hugo e a questão do preconceito com a comunidade LGBTQIA+ é abordada por toda a narrativa, dando uma ênfase à bissexualidade, que é, até hoje, alvo de ataques até mesmo dentro da própria comunidade. 

"Não ignore metade do que eu sou só para colocar um rótulo em mim"

A história é muito bem construída e a autora consegue fazer todos os personagens serem interessantes e relevantes. Nenhum está ali sem motivo, mas é difícil que brilhem diante de Evelyn Hugo que, assim como em seus filmes, toma toda a atenção para si no momento em que aparece. Uma personalidade dotada de uma complexidade absurda, tão intensa que é difícil acreditar que se trata apenas de um personagem e não de alguém que de fato existiu. Diante disso, os dramas de Monique perdem significado na leitura. É difícil prestar atenção no que ocorre nos momentos concentrados em sua vida pessoal quando tudo o que queremos é saber os próximos acontecimentos por meio de Evelyn.

Duvido que um dia serei capaz de exaltar essa obra da maneira que ela merece. Taylor Jenkins Reid merece todos os aplausos possíveis pela capacidade de criar um conteúdo tão relevante, que levante tantos pontos importantes de reflexão quanto Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e que mantém o leitor vidrado do início ao fim. Torço para que o título ganhe as telonas porque minha maior decepção é saber que não posso dar um Google agora mesmo e ver a espetacular e polêmica Evelyn em ação. 

"Eles são só maridos. A Evelyn Hugo sou eu."